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Austin ignorado, Kissinger recebido – a relevância do indivíduo nas relações internacionais

Por Jornal domingo

POR EDSON MUIRAZEQUE *

EDSON.MUIRAZEQUE@GMAIL.COM

Henry Kissinger, antigo secretário de Estado (ministro dos Negócios Estrangeiros) dos EUA, foi recebido, semana passada, pelo Presidente da China, Xi Jinping, num evento “caloroso” em que este último classificou o primeiro como um “velho amigo”. A visita de Kissinger ocorre numa altura em que as relações entre as duas maiores economias do mundo estão praticamente no “fundo do poço”, particularmente na área militar. No mês passado, Washington queria que o seu ministro da Defesa, Lloyd Austin, se reunisse com o seu homólogo chinês, Li Shangfu, mas Pequim não aceitou o convite. O facto de as autoridades chinesas estarem a evitar reunir-se com autoridades norte-americanas mas, entretanto, aceitar reunir-se com um cidadão privado daquele país rival é indicativo de que, efectivamente, o indivíduo é, de facto, um actor relevante nas relações internacionais.

Em Relações Internacionais tem havido um aceso debate, especialmente entre o realismo e o liberalismo (também designado pluralismo), sobre os actores e os assuntos relevantes nas relações internacionais. O realismo, que é por muitos considerado como sendo dominante no estudo de relações internacionais, é uma teoria “obcecada” pelo Estado e pelos assuntos militares e políticos que afectam a segurança nacional ou internacional. De acordo com esta teoria, o Estado é o principal e mais importante actor no mundo anárquico onde não existe um governo central legítimo. Os actores não estatais, quer sejam organizações internacionais, corporações multinacionais, grupos terroristas e outros actores transnacionais e organizações não-governamentais têm uma importância marginal. O indivíduo, em particular, tem muito menos importância fora do seu papel como representante governamental. Portanto, o estudo das relações internacionais é o estudo das relações entre os Estados, particularmente as grandes potências à medida que moldam a política mundial e envolvem-se em guerras, intervenções armadas, acções económicas e outras. Leia mais…

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