Caiu em desgraça, na semana passada e por meio de golpe de Estado, mais um líder outrora “promessa” revolucionária ruma à “indesejada” democracia – o presidente Alpha Conde da Guiné Conacri. De democrata ovacionado e conduzido ao poder em eleições livres, justas e transparentes, Conde esqueceu-se das regras que o elegeram e ensaiou um terceiro mandato, ora proibido pela lei mãe que o fez ascender ao poder no seu país. Cometendo o mesmo pecado de alguns outros líderes africanos que caíram em desgraça, mas não aprendendo ou esquecendo-se dos exemplos do desfecho daqueles, Conde acreditou, ou talvez foi levado a acreditar, que uma presidência vitalícia sua seria tolerada pela maioria no país, ou pelo menos por aqueles que têm os meios suficientes para o remover do poder. Qual seu espanto, e talvez também do mundo inteiro, quando os seus mais próximos, neste caso uma força militar de elite por ele criada, orquestraram um golpe de Estado que o vai fazer perfilar como mais um líder que não foi capaz de ler os cenários para o seu pretenso terceiro mandato. O golpe de Estado na Guiné Conacri evidencia uma “amnésia política induzida” que parece que tem estado a tomar algumas lideranças em África.
Por “amnésia política induzida” neste artigo entenda-se a tendência de algumas lideranças não aprenderem, ou esquecerem-se, das lições do passado na sua tentativa de perpetuarem-se no poder. Os que sofrem de “amnésia política induzida” podem ser enquadrados em dois grupos: o dos líderes que procuram se perpetuar no poder por longas décadas sem permitir a alternância governativa, assumindo-se como líderes vitalícios; e o dos que ascendem ao poder por via democrática eleitoral, comprometem-se em fazer prevalecer as regras do jogo democrático, mas, quando chega a sua vez de abandonar o poder, procuram encontrar formas de permanecer. Leia mais…
Por Edson Muirazeque *