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Ai de ti, Taiwan; ai de vós, “aliados”!

Por Idnórcio Muchanga

A China apresentou, semana passada, o seu white paper (livro branco) sobre a política de defesa nacional e duas mensagens evidenciam-se nesta política oficial: primeiro, a China opõe-se a qualquer “aventura” independentista de Taiwan e (re) avisa que, caso seja necessário, vai recorrer à força para unificar a ilha ao continente mesmo que isso implique confrontação com aliados externos de Taipei; segundo, que os EUA e seus aliados na região da Ásia-Pacífico preparem-se para uma China mais modernizada no sector de defesa e preparada para lutar para a preservação dos seus interesses nacionais na região. O white paper surge, por um lado, como uma ameaça às de forças independentistas domésticas (ai de ti, Taiwan) e, por outro, como uma resposta aos actores regionais ou internacionais que “querem ver” a China “desestabilizada” (ai de vós, “aliados”).

Os avisos de Pequim surgem numa altura em que, a nível doméstico, há um crescendo do movimento separatista em Taiwan, mas também em outras partes do território chinês como sejam o Tibete e o Turquestão Oriental. O assunto de Taiwan vem da guerra civil chinesa que colocou em lados opostos os comunistas, do Partido Comunista da China, e os nacionalistas do Kuomintang, que tem sido traduzido para Partido Nacionalista da China. A ênfase sobre a guerra civil tem sido colocada sobre o período de 1945 a 1949, mas a confusão iniciou em 1927, quando a aliança entre os nacionalistas e comunistas se quebrou. De 1927 a 1945 a guerra foi travada de forma intermitente. O conflito levou à vitória dos comunistas, que tomaram controlo sobre o território continental e estabeleceram a República Popular da China, e obrigou os nacionalistas, defensores da República da China, a retrocederem à Ilha de Taiwan e algumas outras. Ambos os governos reivindicavam legitimidade sobre a governação de todo o território da China, incluindo as ilhas, mas eventualmente a maior parte dos Estados no mundo, mas também as Nações Unidas, passaram a reconhecer o governo do continente como o oficial e, portanto, a considerar Taiwan como parte do território chinês.

A questão da independência do Tibete é, na verdade, um assunto mais promovido de fora do território do que de dentro dele. Aliás, o 14.º Dalai Lama, embora nas décadas de 1970 e de 1980 tenha defendido a independência, a partir de um discurso em Strasbourg, em 1988, passou a advogar uma maior autonomia da Região Autónoma do Tibete dentro da China. Outra grande exigência do líder espiritual do povo tibetano é a necessidade de extensão da autonomia tibetana sobre outras áreas do território chinês onde a população tibetana é maioritária. Portanto, os esforços rumo ao separatismo são liderados a partir de fora do território, principalmente diásporas concentradas na vizinha Índia e nos EUA, mas também por celebridades indianas, norte-americanas e europeias favoráveis ao budismo e à causa tibetana.

Por Edson Muirazeque *

edson.muirazeque@gmail.com

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