
O académico defende que sob ponto vista científico a língua não é um objecto para aprendizado e, portanto, não pode ser a condição “sine qua non” para o acesso à educação. “Nós temos o sistema cognitivo preparado para aprender. Infelizmente, em Moçambique, estamos a condicionar a língua para o acesso, pelo menos, do ensino de condução automóvel. Ora, a condução é uma aprendizagem social, logo é feita através da observação, experiência e repetição”, sublinha ele que diz que as aprendizagens sociais devem ser imediatamente acompanhadas de várias línguas.
Em conversa com o domingo, Chissico, igualmente empresário e proprietário da Escola de Condução Pontifícia Académica, conta que a necessidade de fazer a pesquisa surgiu-lhe após ter constatado que há uma demanda enorme de escolas de condução por parte de cidadãos que não sabem ler nem escrever fluentemente a língua portuguesa que, no entanto, usam devidamente as línguas bantu.
Ora, após esta constatação decidiu, em 2013, fazer um trabalho de campo nos distritos de Chókwè e Massinga, nas províncias de Gaza e Inhambane, respectivamente. A escolha não foi ao acaso: “não dispunha de muitos fundos e já se sabe que estes dois distritos têm um imenso fluxo de automóveis, além da fama de haver condutores não encartados”, explica.
Em Chókwè, conversou com 1800 condutores e cerca de 80 por cento deste número, segundo diz, não tinham carta de condução. A razão: “alegaram ser-lhes difícil ir à escola de condução devido à falta do domínio da língua portuguesa”. Leia mais...