
Ficámos um longo período sem jogadores a sair para o estrangeiro, sobretudo para a Europa. Como é que Arnaldo Salvado encara a fraca produção de talentos para as chamadas grandes montras do futebol?
Há vários factores a considerar. Em primeiro lugar, a quantidade de agentes desportivos que existe com preocupação de fazer uma prospecção de jogadores em Moçambique. Se quisermos comparar com outros países de África, que colocam mais jogadores em Portugal, por exemplo Angola e Cabo Verde, têm mais pessoas a trabalhar nesta área. Normalmente ocorre os jogadores não terem uma referência de opinião por parte de pessoas cá de Moçambique e acabamos por levar jogadores que não tenham qualidade que devia ser para poder singrar no futebol europeu. Isso de certa forma vai cortando as hipóteses de colocar outros. Sempre fica a dúvida segundo a qual se vieram jogadores sem qualidade os que vierem provavelmente vai dar o mesmo. Isto é um problema que ocorreu em alguns anos. Levava- -se muitos jogadores de qualquer maneira para Portugal que acabavam em clubes secundários e não singravam. É preciso saber escolher com critério.
O factor da integração acaba por ser determinante?
A questão da integração tem sido outro factor. Nós falamos só de Portugal, mas podemos ter outro mercado na Europa como a Holanda ou França, países que têm um estilo similar àquilo que os nossos jogadores jogam. Um futebol técnico, mais bola no pé, futebol mais curto. Países com credenciais a nível mundial nos escalões de formação. Poderíamos a esse nível colocar jogadores, e vemos que foram por exemplo para França e singraram o Mexer e Reinildo que actualmente jogam em grandes equipas. A preocupação de querer colocar rapidamente jovens em grandes equipas do campeonato português não tem dado resultados pela complexidade das transferências. A maioria tem sido jogadores jovens que encontram situações difíceis de conviver com elas. É o afastamento da família, aspectos culturais, alimentação e o clima que são fundamentais na integração do atleta no ritmo de treino e o profissionalismo. Nós aqui não somos profissionais, apesar de gostarmos de nos chamarmos profissionais. O jogador fica uma hora e meia e quando sai do clube estraga o treino que o treinador fez. Lá o jogador encontra, mesmo a nível de iniciados, um profissionalismo extremamente sério. A Europa compreende cada vez mais que esse trabalho tem de ser feito com crianças o quanto mais cedo possível. As escolas começam com cinco e seis anos. Quando chega aos 16/17 anos a criança leva 12 a 13 anos de treinamento numa qualidade elevada, num sistema e modelo de jogo definido internamente. Se um jovem nosso com essa idade vai para a Europa, de dois ou três anos de juvenis, é só ver. Leia mais...
O tempo de preparação é uma condicionante?
Texto de Benjamim Wilson
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