O percurso da guerra mostra atitudes de muita confiança por parte do Governo Federal e, quiçá, de confrontação por parte do Governo Regional. Por exemplo, o Governo Federal deu um ultimato ao Governo Regional e este respondeu que o povo de Tigray estava disposto a morrer em defesa da sua terra. Diante da atitude desafiadora do Governo Regional, o Governo Federal anunciou, no dia 26 de Novembro de 2020, a fase final da guerra e a marcha para Mekele, capital de Tigray. Importa realçar que o Governo Federal rejeitou, no mesmo dia (26), a mediação dos mandatários da União Africana, os antigos presidentes da Libéria, Ellen Sirleaf, de Moçambique, Joaquim Chissno, e da África do Sul, Kgalema Mutlanthe, indigitados pelo presidente da União Africana, Ciryl Ramaphosa.
Abiy Ahmed está claro que a solução deste conflito deve ser militar, não há espaço para o diálogo. O argumento para a aposta nesta solução é o de que se este levantamento não for debelado à força outras regiões poderão ter o mesmo comportamento de desobediência em relação ao Governo Central, o que seria o fim do Estado etíope enquanto uma federação étnica. O argumento de Abiy Ahmed pressupõe uma vitória militar a breve trecho e a reposição da legalidade com menores danos, principalmente em termos humanos. Por isso, recomendou às forças federais para não atacarem a população e à Frente de Libertação do Povo Tigray para não se misturar com a população. Contudo, estes apelos podem não ser eficazes, porque em ambiente de guerra civil é muito difícil distinguir os apoiantes da guerra e a população por proteger. Em abono da verdade, a população será a maior vítima desta guerra. Leia mais...
Por Paulo Mateus Wache*
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