Para morrer, basta estar vivo. A frase nunca fez tanto sentido como agora. É que apesar da inevitabilidade do fim ser tão antiga como a própria humanidade, não há jeito de a aceitarmos. Quando ela aporta, há sempre milhares de questões sem respostas. Foi mais ou menos assim que me senti quando me foi comunicada a partida para o além de um amigo e colega. Um misto de dor e surpresa... um cocktail de sensações estranhas.
Uma neblina toldou completamente o meu corpo. Sabia que ele não estava bem de saúde, mas falávamos quase todos os dias. Convidara-me, há algum tempo, para trabalhar na edição em livro das crónicas que escrevia regularmente para o semanário “domingo” com o duplamente sugestivo título “Dizer por Dizer”. E foi a meio dessa interessante jornada que o fim chegou como uma bomba. Lembrar-me que semana passada, já em Méti, sua terra natal, me ligara para dizer que havia um amigo disposto a financiar a publicação... a informação tivera o condão de injectar-me mais energias para a tarefa que tinha em mãos.
A morte – sagaz e silenciosa – veio quebrar todas as ilusões! “Dizer por Dizer”, o livro, ficou por fazer... mas, como disse Maximus – “o que fazemos na vida, ecoa para a eternidade” – haverá sempre espaço para revisitarmos a memória e lá o encontraremos; afável, amigo dos seus amigos, companheiro para todas as horas e batalhas, homem de papo agradável e riso fácil. Tinha também uma memória extraordinária... datas, lugares, nomes, acontecimentos históricos ou não brotavam naturalmente para responder às naturais dúvidas de quem trabalha num jornal. Leia mais...