O acordo mediado pela Rússia, que durante o conflito se manteve próximo mas neutra dada a sua qualidade de provedor de solução, deixou a Arménia humilhada ao prever que (i) até o dia 15 de Novembro, a Arménia deve devolver ao Azerbaijão a região de Kalbajar, (ii) até o dia 20 de Novembro, a Arménia deve entregar ao Azerbaijão à região de Agdam e uma parte da região azeri de Qazakh que antes controlava e (iii) até o dia 1 de Dezembro, a Arménia deve entregar ao Azerbaijão a região de Lachin, mantendo apenas um corredor. O corredor de Lachin, de cinco quilómetros de largura, permitirá a ligação entre Nagorno-Karabakh e a Arménia. Com esta perda, parcial, de espaço, a população arménia que vivia nos lugares a serem entregues está em debandada, e na Arménia já há notícias de manifestações contra o Acordo.
Do ponto de vista político, o Primeiro- -ministro arménio, Nikol Pashinyan, admitiu a derrota ao afirmar que este é um acordo indescritivelmente doloroso para si e para o seu povo. Por seu turno, o Presidente do Azerbaijão, Ilhan Aliyev, declarou em televisão a rendição da Arménia. Por isso, este acordo acontece entre um derrotado, Arménia, e um vencedor, o Azerbaijão, apesar de a vitória ser apenas para algumas regiões de Nagorno-Karabakh. Contudo, Nagorno- -Karabakh continua a ser espaço dos dois estados, Azerbaijão e Arménia, porque o acordo não entrega toda a região de Nagorno-Karabakh a um único estado. Este facto prenuncia a continuação do conflito, porque o Azerbaijão, embriagado por esta vitória, vai, sem dúvida, no futuro, retomar a reclamação dos outros territórios desta região que desta vez não conseguiu conquistar. A longo prazo, dada a assimetria de poder entre a Arménia e o Azerbaijão, toda a região de Nagorno-Karabakh pode vir a pertencer ao Azerbaijão.
Por Paulo Mateus Wache*
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