
Da constatação de que se trata de grupo terrorista e do conhecimento que se tem de grupos de mesma índole como o al-shabab, o ansar dine e o boko haram, por exemplo, pode-se chegar aos objectivos por associação. Desta feita, o principal objectivo deste tipo de grupos é a conquista do poder político simbólico e material.
Por poder político simbólico refere-se a conquista da simpatia das populações onde estes grupos actuam. Um processo que pode acontecer de duas principais formas, a saber: intimidação e a construção de narrativas. Por um lado, a intimidação da população visa a conquista da simpatia através do “fear factor” (factor medo) que a longo prazo se transforma em síndroma do estocolmo - estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor.
Por outro lado, a construção de narrativas visa a conquista das mentes e dos corações da população contra o Governo. As narrativas visam o recrutamento de novos membros para o grupo terrorista por via da radicalização (um processo que pode ser influenciado por factores individuais, locais, regionais e internacionais). Um aspecto importante nas narrativas é que elas ganham cada vez mais importância e força quanto mais recontadas, por essa via, as narrativas se tornam verdades incontestáveis aos olhos dos contadores. E esses contadores podem ser qualquer pessoa que ouviu, portanto todos os cidadãos podem ser contadores de narrativas e, nesse sentido, todos os cidadãos são, potencialmente, agentes radicalizadores. Portanto, o poder simbólico é a inserção dos movimentos insurgentes dentro das comunidades ou por força (provocando medo) ou por disseminação de narrativas/ideologias, neste caso religiosas e não religiosas. Leia mais...
Por Paulo Mateus Wache*
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