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Tailândia escolhe Moçambique como porta de entrada em África

Por admin

Moçambique e Tailândia rubricaram, segunda-feira última, uma série de acordos visando reforçar a cooperação bilateral, incluindo a duplicação do volume de negócios para 360 milhões nos

próximos cinco anos.

A cooperação engloba áreas como infra-estruturas, petróleo, gás e outras. Os acordos foram alcançados em Maputo, no quadro da visita da Primeira-ministra tailandesa, Yingluck Shinawatra, a Moçambique.

 Trata-se da primeira visita oficial à África de Yingluch Shinawatra, desde que foi eleita em 2011. Ela escolheu Moçambique como porta de entrada ao continente naquilo que constitui uma indicação clara da importância que aquele país atribui ao relacionamento com o nosso país.

O Presidente da República, Armando Guebuza, disse durante o banquete de Estado oferecido à governante tailandesa e sua delegação que os acordos assinados entre Moçambique e aquele Reino devem ser seguidos de acções concretas para poderem trazer benefícios mútuos à cooperação.

Guebuza acrescentou que os acordos marcam um importante passo, esperando-se resultados vantajosos para todos. “Os acordos deverão ser seguidos de acções concretas, pois estamos convictos de que só a sua implementação efectiva produzirá uma parceria profícua para ambos e resulte numa contribuição fundamental na realização dos objectivos que orientam esta parceria”, disse o Chefe do Estado moçambicano.

Para Guebuza, esta visita testemunha a evolução positiva das relações de amizade e sublinha a vontade de ambos em elevá-las para um nível de cooperação caracterizada por uma parceria para o desenvolvimento.

“Trata-se de um importante passo no contexto que a cooperação sul-sul arquitecta, projecta e promove em diversos domínios para o nosso benefício”, sublinhou Guebuza.

A Tailândia vai investir na construção de um porto de águas profundas na província da Zambézia, que irá dispor de uma ligação ferroviária à província de Tete, conforme garantiu a Primeira-ministra tailandesa, Yingluck Shinawatra no decurso de uma visita oficial de um dia a Moçambique.

“A Tailândia possui uma experiência de sucesso no investimento em infra-estruturas e na construção de corredores de desenvolvimento. Queremos transmitir essa experiência a Moçambique e, neste contexto, vamos investir na construção de um porto em Macuse e uma linha-férrea em Moatize”, indicou a Primeira-ministra tailandesa.

A Tailândia pretende ver duplicado o volume de negócios entre os dois países dos actuais 180 para 360 milhões de dólares nos próximos cinco anos.

A governante tailandesa destacou o que considerou de “forte cometimento” dos dois países com a democracia e reconciliação. “Também temos políticas similares, particularmente na área de desenvolvimento de infra-estruturas e investimentos, por isso os nossos países são parceiros para um crescimento mútuo e prosperidade”, frisou Yingluck Shinawatra.

 Ela defendeu a importância do papel do sector privado para impulsionar a parceria económica entre os dois países, bem como as áreas cobertas pelos acordos então assinados, e acrescentou que a cooperação entre os dois países encoraja laços em algumas questões globais fundamentais que constituem desafios de desenvolvimento, como sejam aspectos ligados a natureza e as mudanças climáticas.

A título elucidativo, Shinawatra referiu que os dois países têm desafios relacionados com a gestão de águas, sendo por isso uma área em que podem cooperar.

FORMAÇÃO E INFRAESTRUTURAS NO CENTRO DA COOPERAÇÃO

Durante a estada da Primeira-ministra tailandesa, Moçambique e Tailândia assinaram vários acordos de cooperação que se fundem em dois pilares, infra-estruturas e formação técnica. Por essa via, aquele país asiático pretende investir na construção do referido porto de águas profundas, na região de Macuzi, província da Zambézia.

O investimento inclui a construção de uma linha-férrea, entre Moatize, na província de Tete a localidade de Macuzi, no distrito de Namacurra, província da Zambézia.

Tailândia participará ainda na área de formação de quadros por meio de concessão de bolsas de estudo a técnicos moçambicanos nas áreas abrangidas pelos acordos, como seja gás, petróleos e infra-estruturas. 

Para além dos acordos acima mencionados, os dois países assinaram outros nas áreas de desenvolvimento de gás e petróleos, turismo, cooperação económica e comercial, isenção de vistos diplomáticos e de serviços, saúde, pescas e transportes e comunicações.

Os acordos de cooperação bilateral foram assinados na última segunda-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, garantiu que nas conversações foram abordadas várias questões, especificamente do domínio económico e comercial, recursos minerais, turismo, pescas, saúde, transportes e comunicações e isenção de vistos, porém focalizadas em dois pilares transversais, infra-estruturas e formação.

Segundo Baloi, estes pontos foram objecto de análise das duas partes, quer em relação à cooperação entre governos quer no que diz respeito a cooperação empresarial. “A Primeira-Ministra tailandesa apresentou ao estadista moçambicano, Armando Guebuza, uma proposta do seu governo de se articular de uma forma mais estruturada com África na criação do Fórum Tailândia/África, para o qual Moçambique foi convidado a participar”, explicou Baloi.

O Vice-primeiro-ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Surapong Tovichakchaikul, destacou a importância do papel do sector privado na materialização do acordo de cooperação económica e comercial.

Segundo ele, os governos podem facilitar, mas em última instância é o sector privado que conduz o crescimento da economia de cada país.

Jaime Cumbana

Fotos de Inácio Pereira

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