Até há pouco, assumir a venda e o consumo de produtos afrodisíacos era tabu. Tudo era feito à sorrelfa. Entretanto, nos dias que correm, o assunto é discutido na rua e até mesmo em ambientes familiares. O comércio é feito à luz do dia, ao ar livre e com filas de homens e mulheres numa frenética demanda. As autoridades sanitárias começam a acelerar pesquisas porque receiam que haja complicações sexuais colectivas e irreversíveis.
A procura por afrodisíacos foi tão grande na recente edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM) que parte da sociedade ficou com a impressão de que, desta vez, o certame foi organizado para promover a venda e consumo daqueles produtos, quando, na verdade, o evento sempre teve objectivos próprios e distantes desse assunto.
Pelo que constatamos, a demanda por remédios para despertar e até mesmo aguçar a libido sexual começou a se evidenciar naquela feira há pelo menos quatro edições quando, de forma tímida, alguns expositores chamavam à atenção dos visitantes para as substâncias que traziam da região centro do país, mais concretamente das províncias de Manica e Sofala.
Naquela altura, os produtos eram ofertados a visitantes seleccionados e que aparentassem ser capazes de consumir e divulgar. E, como era de esperar, em poucos anos, a procura está num nível tão alto que asfixia a oferta e obriga aos vendedores a reporem o stock em regime de urgência como, aliás, se assistiu na FACIM deste ano.
A Associação Comunitária de Pesquisa de Plantas Medicinais (ACOPLAMO), por exemplo, só ela, tinha naquela feira um total de mil (1000) embalagens de um afrodisíaco conhecido pelo sugestivo nome de “Gonazololo” que foram vendidos em apenas quatro dias.
Importa aqui referir que o nome científico deste produto é Hugonia Orientalis, e que a denominação popular resulta da fusão das palavras “Gona”, que significa “dormir”, e “zololo”, “em pé”, na língua Sena” (falada em Manica e Sofala) uma vez que se acredita que quem consome o tal “Gonazololo” passa a noite com a libido em alta.
Conforme nos confidenciou Carlos Correia, presidente daquela colectividade, o volume de vendas, em um dos dias da FACIM, foi de mais de 25 mil meticais, quando cada embalagem custava 150 meticais. “A procura é tanta que até a nós nos surpreende, pese embora tenhamos assistido a alguma agitação na feira realizada no ano passado”, disse.
Também foi impressionante observar que a demanda não era apenas do segmento masculino. “Muitas mulheres, de todas as idades, também adquirem estes e outros produtos para ir oferecer aos namorados, amantes e esposos”, relatou Correia.
Naquela espaço também havia estimulantes sexuais para mulheres (como a chamada “Quentinha das damas”, pomadas, chás, xaropes diversos, como pomadas de piripiri para o tratamento de reumatismos, pomada de uma planta conhecida por Arnica, para contusões, inchaços e inflamações, plantas antibióticas, anti-inflamatórias, anti-fungicidas, remédios para estrias, varizes, feridas, manchas e para eczemas. “Entretanto, o “Gonozololo” é o mais procurado”, sublinhou.
Texto de Jorge Rungo