O processo de recenseamento eleitoral está a ganhar novo ímpeto, com afluência cada vez maior aos postos de registo, a duas semanas do fim do prazo estabelecido pelas autoridades. Segundo
Felisberto Naife, Director-Geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), só nas primeiras quatro semanas foram recenseados pouco mais de um milhão de cidadãos nas 43 autarquias, o correspondente a 30 por cento do universo estimado em mais de três milhões de eleitores.
O incremento do número de eleitores, segundo o director-geral do STAE deve-se, por um lado, ao domínio na operação do equipamento e, por outro, ao aprovisionamento de “stoks” sempre que se justificar.
Sublinhou que também concorre para o aumento do número de eleitores, o reforço do equipamento nos postos que registam maior afluência de eleitores, o que faz com que a média diária tenha passado dos anteriores 70 para 100 eleitores.
“Depois dos problemas registados no início do processo, nos últimos dias há um crescimento assinalável de cidadãos que estão a dirigir-se aos postos, o que nos satisfaz”,explicou Felisberto Naife, para quem esta decisão reduziu significativamente o tempo de espera de quinze para cinco a sete minutos na mesa.
Em relação às dez novas autarquias, Felisberto Nafife afirmou que o processo arrancou sem sobressaltos e que a previsão aponta para pouco mais de 103 mil 391 eleitores a registar até ao dia 23 de Julho próximo.
Ainda sobre o arranque do processo nos novos municípios, o nosso entrevistado disse que foram constituídas 63 brigadas, que só no primeiro dia registaram, cada uma delas, entre 70 e 80 eleitores.
“Acreditamos que nos próximos dias, quer nas antigas autarquias, assim como nas novas, a média diária poderá duplicar, uma vez que à medida que o tempo vai passando os brigadistas vão se familiarizando com o equipamento”, disse Naife.
REDUZ TEMPO DE ESPERA NA FILA
Numa ronda efectuada pela nossa Reportagem nas cidades de Maputo e Matola foi notório o aumento do fluxo de eleitores aos postos de recenseamento a fim de se registar, assim como a redução do tempo de espera.
Por exemplo, no posto que funciona na Escola Primária Completa 16 de Junho, cidade de Maputo, os eleitores mostraram-se satisfeitos com a celeridade do processo, pois, para se registar, gastavam entre cinco e sete minutos.
Ângela Simão é uma cidadã residente no bairro central “C” que disse à nossa Reportagem que preferiu ir àquele posto à saída do seu local de trabalho e chegado lá conseguiu registar-se em menos de 7 minutos.
Entretanto, ressalvou que muitos dos seus vizinhos ainda não haviam se registado porque quando chegam à “16 de Junho” são encaminhados para o posto que funciona no edifício do Ministério das Obras Públicas, por alegadamente ser o que está próximo das suas residências.
Questionado sobre o assunto, Sérgio Bila, supervisor naquele posto, explicou que tal se deve ao facto de a maioria dos cidadãos desconhecerem a transferência do posto que funcionava na Escola das Artes Visuais, em frente ao Ministério das Obras Públicas.
Acrescentou que se trata de eleitores residentes no bairro da Marinha, nas proximidades do quartel da Marinha de Guerra. “Estes eleitores outrora registavam-se nas Artes Visuais, pelo que quando chegam aqui os encaminhamos para as Obras Públicas, que é o local mais próximo das suas residências.”
Nota curiosa naquele posto foi para o facto de termos visto número considerável de jovens, na sua maioria entre os 18 e 20 anos, a pretenderem registar-se mediante a apresentação da Certidão de Nascimento e/ou Cédula Pessoal.
Em alguns casos, tais jovens faziam-se acompanhar dos seus progenitores, os quais, em conversa com a nossa Reportagem, afirmaram que os filhos residiam em Maputo há cerca de seis meses, idos de Massinga, onde há dificuldades para a aquisição do Bilhete de Identidade.
FRUSTRADA PARALISAÇÃO NA MACHAVA-SEDE
Alguns brigadistas afectos ao Posto Administrativo da Machava- Sede, no município da Matola, viram, há dias, gorada a sua tentativa de boicotar o decurso normal do processo, alegadamente 
para exigir o aumento dos subsídios. Refira-se que os supervisores têm direito a pouco mais de 3.600 meticais, enquanto os restantes membros 3.500 meticais.
Os brigadistas consideram que o valor de subsídio é irrisório não chegando para suportar as suas despesas de transporte dos seus bairros para os postos onde foram colocados.
Segundo o director do STAE na cidade da Matola, João Ernesto Mucavele, tratou-se de cerca de 25 brigadistas que, nas primeiras horas da última sexta-feira, paralisaram o processo em reivindicação do subsídio do transporte.
Para se colmatar o problema, segundo explicou, foram mobilizados técnicos do STAE da cidade, enquanto se sensibilizava os recenseadores a regressarem aos seus postos, pois quando do início do processo havia se acordado os respectivos termos contratuais em que eles aceitaram as cláusulas.
Sobre o decurso do processo, referiu que até 20 de Junho haviam sido registados pouco mais de cem mil e 674 eleitores nas 78 brigadas instaladas, do universo estimado em 483 mil e 709 eleitores.
Entretanto, numa ronda efectuada a alguns postos desta cidade, foi notória a afluência dos eleitores tal como foi o caso do que funciona na Escola Primária do Tunduro. Dilson Chuluma, supervisor deste posto, referiu que até ao dia 20 de Junho haviam sido registados mais de mil eleitores com uma média diária de 80 a 90 cidadãos.
Por sua vez, Sara Fernando, afecta na Escola Primária Completa de Ngungunhane, referiu que o processo havia conhecido um incremento do número de eleitores ultrapassados os problemas com as impressoras.
Segundo afirmou, naquele posto a média diária é de 103 eleitores, na sua maioria jovens de ambos os sexos, que denotam algum conhecimento do processo o que facilita o trabalho.
MÉDIA DIÁRIA É DE 90 ELEITORES
As brigadas que funcionam no Município de Maputo têm registado nos últimos dias aumento de cidadãos que procuram se recensear. Em consequência disso o número dos eleitores passou para uma média de 70 para 90 eleitores.
António Cumbe, supervisor do posto que funciona na Escola Primária Unidade 11, Distrito Municipal KaHlamankulo, referiu que ultrapassados os problemas iniciais, o processo regista melhorias com uma média de 80 a 90 eleitores diários.
Sublinhou que desde o início do processo foram registados mais de dois mil potenciais eleitores, na sua maioria mulheres e jovens do sexo feminino com idades compreendidas entre os 18 e 25 anos.
Neste posto também deparámos com jovens que iam se registando mediante a apresentação de Cédula Pessoal ou duas testemunhas ali registadas e a esse propósito Humberto Zucula, um dos supervisores, afirmou que casos do género eram frequentes e que as pessoas alegavam perda do Bilhete de Identidade.
Sobre o fluxo dos eleitores, Zucula referiu que a média era de 60 diários, número considerável tendo em conta que nas imediações existem mais dois postos, nomeadamente, os de IMAP e a Escola Primária de Minkadjuine.
No entanto, ressalvou que parte significativa de cidadãos têm sido rejeitados por se dirigirem àquele posto num estado de embriaguez.
Aliás, a nossa equipa de Reportagem acompanhou uma das situações em que um cidadão nem conseguia fornecer dados sobre a localização real da sua residência.
