A continuidade significa defender a soberania nacional, independência, desenvolvimento sustentável, paz e diálogo sem recurso à força das armas para resolver os problemas do país, defendeu Filipe Jacinto Nyusi, candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 15 de Outubro próximo.
Filipe Nyusi, que falava num comício popular em Moma, ponto de entrada da província de Nampula, desafiou a população a não ter medo da mudança e a confiar no seu projecto de desenvolvimento sustentável e novo ciclo de coesão nacional.
Para Filipe Nyusi as pessoas devem ter na sua mente que é possível elevar cada vez mais o nome de Moçambique, razão pela qual devem se abster de quaisquer tentativas de manipulação e desordem, uma vez que isso pode emperrar os avanços que o país está a conhecer.
Observou que o seu projecto de continuidade visa preservar a unidade nacional no actual contexto sociopolítico, em que ja não se fala de vários movimentos libertadores tal como foi no tempo de Eduardo Mondlane que uniu os três movimentos de libertação numa única frente, a Frelimo.
Ainda no que diz respeito à continuidade, Filipe Nyusi explicou que significava manter a soberania nacional e a independência tal como o fez Samora Moises Machel, bem como incentivar a cultura de paz, para seguir as peugadas de Joaquim Chissano.
Para o candidato da Frelimo continuidade significa, ainda, dar seguimento à construção de infra-estruturas sociais tal como tem feito o actual Chefe do Estado, Armando Emilio Guebuza, que conseguiu elevar o país em termos de redes sanitária e escolar, abastecimento de água potável, energia eléctrica entre outros aspectos.
Aqueles que ainda não acreditam no nosso projecto estão atrasados porque vamos desenvolver o país no novo contexto, imprimindo uma nova dinâmica em que a consulta aos populares será a nossa principal tarefa para definir as prioridades”, disse Nyusi.
Na ocasião, o candidato da Frelimo falou do seu plano de governação, caso ganhe as eleições de 15 de Outubro próximo, destacando entre outros aspectos, a mecanização do sector agrícola, bem como o rejuvenescimento da indústria transformadora um pouco por todo o país.
“Quando falamos da continuidade estamos a dizer que iremos seguir os ideais dos anteriores timoneiros do país, que fizeram Moçambique existir como uma nação. Isto é, se Machel, Chissano e Guebuza construiram respectivamente, o primeiro, segundo e terceiro andares, nós iremos erguer o quarto andar. Portanto, não vamos destruir os anteriores alicerces”,disse Filipe Nyusi.
Acrescentou que não vai descansar enquanto os moçambicanos não verem melhoradas as suas condições de vida, tendo repisado na necessidade de não se romper a unidade nacional,“pois, temos que estar unidos para vencer os obstáculos do desenvolvimento, sobretudo, a pobreza”.
Nesse contexto, Filipe Nyusi exortou os membros, militantes e simpatizantes da Frelimo e população em geral a não quebrarem os valores que os identificam, destacando para além da unidade nacional a consolidação da independência nacional.
“Não vou quebrar a independência nacional e muito menos pegar em armas para resolver os problemas do país. Vamos privilegiar o diálogo para mudar o rumo dos acontecimentos. Quando nos referimos ao diálogo, estamos a falar de nos entender o mais rápido possível e sem queimarmos tempo, uma vez que o povo está cansado de sofrer, quer a paz para circular à vontade em todo território nacional”,disse Nyusi apelando ao fim da tensão política.
MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA
No concernente a vários planos da sua governação, o candidato da Frelimo elegeu o sector agrícola como sendo a chave para acabar com os problemas de alimentação, uma vez que com a sua mecanização a maioria dos camponeses terão excedentes agrícolas
Ainda no âmbito da mecanização da agricultura, Filipe Nyusi explicou que vai trabalhar no sentido de reintroduzir, em todo o território nacional, fábricas para o processamento dos produtos agrícolas.
“A mensagem que trago é de esperança, quer dizer, não podemos pensar pequeno. Temos que fazer machambas grandes para aumentar a produção e produtividade agrícola, de modo a ter excedente de produção para vendermos para fora do país e obtermos dinheiro para construir mais estradas, hospitais e escolas”,disse Filipe Nyusi.
ELEIÇÕES SEM GUERRA
Nas reuniões que manteve com os populares, uma das preocupações apresentadas tinha a ver com a tensão política que se vive na região central do país. A esse respeito, o candidato da Frelimo mostrou-se optimista quanto ao fim das hostilidades antes da data das eleições.
“Não quero eleições em guerra. A guerra não vai resolver nada. A fórmula de resolução de conflitos e o dialogo”,disse Filipe Nyusi, sublinhando que uma vez na Presidência da República tudo irá fazer para que os moçambicanos vivam em paz e harmonia social.
E porque os militantes da Frelimo mostram-se confiantes na vitória do partido e seu candidato, a emoção foi tão forte que ninguém resistiu a acompanhar o candidato durante o momento que deu gosto ao pé, dançando algumas músicas dos artistas locais.
Para Filipe Nyusi os aplausos da população significam um carinho pela sua candidatura e firmeza na sua escolha como candidato certo no momento apropriado. “Mas, muito mais do que isso, tratou-se de endurecimento político das pessoas e certeza de que só a Frelimo e seu candidato podem responder às suas aspirações”.
Em Nampula, o candidato fazia-se acompanhar de Filipe Paunde, Manuel Tomé, Eduardo Nihia, Rosário Mualeia, entre outros quadros que durante as suas intervenções vincaram as qualidades de Nyusi, sobretudo o facto de ser um homem humilde e inteligente.
Intervindo na apresentação do candidato, Paunde enalteceu as qualidades de Filipe Nyusi, tendo frisado que se trata de um homem humilde, filho de camponeses que já demonstrou excelentes qualidades nos cargos assumidos anteriormente, tendo avançado como exemplo a nova imagem que apresentam as Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Por seu turno, Manuel Tomé tratou de galvanizar a multidão presente nos comícios por onde passou Filipe Nyusi, entoando a célebre canção da sua autoria… “Frelimo avança não há recua…”, tendo os populares respondido massivamente, através de aplausos.
Mas um dos momentos não menos importante foi a rendição em pleno comício no Municipio de Angoche, de seis elementos do Movimento Democrático de Moçambique, que decidiram se juntar à Frelimo por considerar um partido coeso e com um projecto ambicioso de governação.
Nesta província o candidato escalou sucessivamente, os distritos de Moma, Angoche, Mongicual, Mossuril, Ilha de Moçambique, Namialo, Nacala Porto, Meconta, Namapa e na próxima semana inicia uma visita de cinco dias a Manica, tendo como o ponto de entrada a cidade de Chimoio
ZAMBÉZIA DÁ
VOTO DE CONFIANÇA
Antes de rumar para Nampula, o candidato da Frelimo trabalhou na província da Zambézia onde escalou sucessivamente, a cidade de Quelimane e os distritos de Milange, Gurúe, Mocuba, Maganja da Costa e Nicoadala. Nesta província recebeu garantias de que os zambezianos se identificavam com o seu projecto de governação.
Nestes distritos, o candidato reafirmou a necessidade de as pessoas terem confiança na mudança que pretende introduzir no sistema de governação do país, porquanto ela não vai destruir as conquistas alcançadas pelos seus antecessores, nomeadamente, Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza.
“São mudanças que visam imprimir uma maior dinâmica no desenvolvimento do país. Queremos continuar a construir mais escolas e postos de saúde, mais estradas e pontes, água e electricidade, sobretudo para as zonas do interior, e a paz e o desenvolvimento”, reiterou o candidato da Frelimo.
Na sua deslocação à Zambézia, Nyusi fez-se acompanhar do membro da Comissão Política, Carvalho Muária, figura a quem coube a tarefa de o apresentar publicamente. Mas chamou, igualmente, o antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Leonardo Simão, que em tempos de trabalho nesta província actuou como director provincial da Saúde e Luisa Massamba, viúva do membro do Conselho de Estado, o general Bonifácio Gruveta Massamba.
Bonifácio Gruveta foi quem recebeu Filipe Nyusi no Centro de Treinamento Politico Militar de Nachingweia, foi o seu primeiro comandante de campo e muito mais tarde se transformou em discente deste quando prosseguia na Beira os seus estudos.
Basta do diálogo que só queima tempo
O candidato da Frelimo disse no final da visita que efectuou à Zambézia que já era tempo de se pôr fim ao diálogo de passatempo no Centro de Conferências Joaquim Chissano, uma vez o povo moçambicano estar cansado de promessas falsas e precisar de circulação livre em todo o território nacional.
Com efeito, “a questão do diálogo ocupou 50 por cento do tempo nos comícios que tive com a população por causa da prioridade que dou a este assunto. Portanto, farei tudo para que o país volte a viver sem medo. O mais importante neste processo é saber perder hoje para ganhar amanhã, e assim sendo o próprio povo sairá mais feliz”, disse Filipe Nyusi sublinhando que o Governo tem sabido levar a bom-porto o assunto, através as cedências que tem feito.
Entretanto, acrescentou que neste processo todas as partes têm que saber fazer cedências. “Quem sabe negociar tem na sua mente a obrigatoriedade de saber ceder porque não se pode exigir por exemplo que alguém tenha riqueza com recurso à guerra. Temos que sentar à mesma mesa e negociarmos até chegar ao entendimento para salvaguarda do bem-estar dos moçambicanos”.
Domingos Nhaule