Os dirigentes da província de Tete, em particular, têm em frente um desafio gigantesco de criarem continuamente um ambiente de negócios e condições que propiciem a atracção de mais
investimento nacional e estrangeiro de forma a diversificar a economia local e sobretudo evitar que o crescimento económico naquela parcela do país assente apenas na industria extractiva.
O repto foi lançado pelo Presidente da República, Armando Guebuza, no término da sua visita de trabalho àquela província do centro do país e na véspera de inaugurar formalmente a empresa mineradora JINDAL, no posto Administrativo de Marara, distrito de Changara (ver caixa).
Falando a jornalistas no rescaldo da visita de cinco dias que efectuou a Tete e que o levou a escalar sucessivamente os distritos de Mutarara, Tsangano, Macanga, Changara e a cidade capital, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva, o Presidente Guebuza voltou a colocar acento tónico na necessidade de Tete apostar na diversificação da sua estrutura produtiva e da economia local no geral.
A título de exemplo, o PR referiu que antes da descoberta do carvão que está sendo explorado por diferentes companhias mineradoras (de capitais brasileiro, australiano, indiano, etc ) “a economia desta província já dava sinais fortes de crescimento”.
“O carvão é claramente um elemento importante, mas não é por si só o que provoca o crescimento económico da província de Tete. Ele aumenta o ritmo de crescimento. Nos distritos mais a norte da província de Tete, particularmente, em Macanga e Tsangano, vimos que a população coloca como problemas de fundo a comercialização agrícola, o que significa que há uma grande aposta da população na agricultura”, disse o Presidente.
Para Guebuza, isto revela também que a população tem consciência de que não há desenvolvimento que dependa apenas de um determinado produto, daí que vezes sem conta, durante as suas intervenções em comícios, alguns populares manifestaram-se um tanto quanto revoltados com o facto de as empresas fomentadores de culturas de rendimento, com maior pendor para o tabaco, “recusarem-se a providenciar fertilizantes para a recuperação de alguns solos para o cultivo de culturas alimentares, limitando-se apenas ao fornecimento de insumos para o fomento da cultura do tabaco”.
Conforme referiu o Chefe do Estado, o Governo vai continuar a trabalhar para que aqueles investidores que tenham projectos implantados no meio rural e onde haja possibilidade de produção de culturas alimentares não desviem a população dessa actividade, embora estejam livres de introduzir, em comum acordo com as comunidades locais, novas culturas, tais como as de rendimento.
Mas a ideia de que a economia da província de Tete não depende única e exclusivamente do “carvão” ficou comprovada em Changara, onde, por causa da natureza e do clima desta região em particular, desenvolve-se mais facilmente a actividade pecuária e, no campo agrícola, com alguma insistência, o cultivo da cultura de algodão, ainda que os resultados até aqui não sejam de todo satisfatórios, nem para os camponeses e nem mesmo para as empresas fomentadoras.
Aliás, no comício com parte da população de Changara, Guebuza afirmou que o Governo está a trabalhar no sentido de aprovar a proposta submetida ao Conselho de Ministros no sentido de se criar um Parque Nacional naquele ponto da província de Tete, uma vez que o mesmo detém um potencial invejável para o desenvolvimento do turismo cinegético.
“Tete é hoje conhecido como a terra do carvão. Mas em breve poderá ser conhecida também como a terra do Turismo, através das potencialidades que tem para o turismo cinegético. Esta zona tem muitos animais que até provocam estragos nas comunidades, pois destroem machambas, casas, etc. O desafio nosso é ver como exploramos esses recursos todos que o distrito apresenta para o benefício da população”, reiterou Guebuza, diante de jornalistas que cobriram a sua visita a Tete.
Num outro momento, o Presidente avaliou positivamente a visita a Tete a qual , segundo referiu, permitiu a visualização da realidade actual da província nos vários domínios e sobretudo interagiu com a vibrante população que deu “valiosos conselhos sobre como podemos acelerar a luta contra a pobreza e como defender as conquistas alcançadas por todos nós tais como a unidade nacional , a independência e a paz”.
José Sixpence
Fotos de Inácio Pereira