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Fizemos o melhor que podíamos

Por Idnórcio Muchanga

– afirma Augusta Maíta, directora geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC)

Em entrevista ao nosso jornal, a directora-geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Augusta Maíta, desvenda os contornos da preparação da chegada do ciclone Idai, de como esta calamidade foi gerida pelos diferentes actores e acena para os caminhos que podem ser adoptados para lidar com casos semelhantes no futuro. Eis a radiografia do Idai nas palavras de Augusta Maíta.    

Houve aviso prévio? Quem fez, onde, quando e como? 

O aviso prévio é natural. As pessoas agora colocam essa questão por causa da dimensão da tragédia. Por mais que tivéssemos feito um alerta com três meses ou mais de antecedência não estaríamos suficientemente preparados para um evento daquela envergadura.

Porquê?

Porque começámos com chuvas fortes no princípio de Março e já vínhamos de um conjunto de sistemas que se estavam a formar no Canal de Moçambique e que, entretanto, iam-se dissipando. As chuvas fustigaram a província da Zambézia e Tete, e foram agravadas por aquela situação de cheias no rio Rovúbuè. Tudo isso era o prenúncio de chuvas que depois evoluíram até se chegar ao Idai.

Mas eu perguntava sobre o aviso prévio…

Aí estamos a falar de um mecanismo que está enraizado no INGC há muito tempo. A primeira indicação que tivemos foi do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) que alertou que teríamos chuvas fortes desde o dia três. Com esses dados, o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE) informou à população para tomar medidas de precaução e estar atenta aos avisos das entidades competentes. Para além disso, a Direcção Nacional de Recursos Hídricos (DNRH) também deu informações adicionais para cada evento específico que foi anunciado.

Como é que a informação foi partilhada?

Quando o CENOE é activado ele emite comunicados que descem imediatamente para as delegações provinciais e distritais, e estas fazem descer até os Comités Locais de Gestão de Calamidades (CLGC) das áreas de risco. Os CLGC são o nosso ponto mais crítico de comunicação com a comunidade.

Portanto, todos foram avisados…

Foram. Os comités são compostos por 18 pessoas identificadas e eleitas localmente. Estas recebem uma capacitação dada pelo INGC que culmina com a entrega de um kit de trabalho contendo um megafone, bandeirolas que indicam o nível de severidade, apitos, macas, botas, colectes de identificação, entre outros. Cada membro tem uma função específica. Há quem cuida da logística, comunicação, resgate e por aí em diante.

Confiam apenas nestes 18 elementos?

Paralelamente, temos as rádios comunitárias. Quando o CENOE emite um comunicado este é desagregado por via destes meios de comunicação local. O Gabinete de Informação (GABINFO) também articula com estas rádios e com o Instituto de Comunicação Social (ICS) que repassa a informação. E tudo isto é feito nas línguas locais, sublinhe-se. Foi desta forma que começámos a preparação olhando para o ciclone Idai.

Estamos a falar do ciclone e não da chuva que causou cheias?

A chuva fazia parte. Repare que tivemos várias fases e, à medida que a situação evoluía, fomos tomando as medidas apropriadas. Quando o ciclone foi dado como certo, intensificámos as nossas medidas de prevenção.

Como quais?

 

Texto de Jorge Rungo, na cidade da Beira

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