O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, de visita à província de Manica procedeu sexta-feira última em Chimoio, à inauguração da Estrada Nacional – 260 (EN260), conhecida por Estrada Chimoio-Espungabera, com uma extensão de 230 quilómetros.
Esta é uma infra-estrutura vital para o relançamento da produção agropecuária desta parcela do país. O custo da obra é de 6,45 mil milhões de meticais, financiados pelo Governo com a comparticipação da cooperação portuguesa.
A infra-estrutura ora inaugurada pelo Chefe do Estado reveste-se de vital importância para o desenvolvimento socioeconómico da província de Manica por um lado e das vizinhas províncias de Tete e Sofala, por outro, que já beneficiam das potencialidades agrícolas dos distritos de Mossurize e Sussundenga.
Entre várias potencialidades daqueles distritos, destaca-se as culturas do algodão, milho, hortícolas, batata-doce e mandioca, bem como a criação do gado bovino, cujos números atingem os 49 mil efectivos.
Antes da reabilitação da estrada, viajar naquele troço era um bico de obras sendo que se levava entre sete a oito horas a percorrê-lo, com o risco de contrair doenças respiratórias devido à inalação de poeiras. Agora se percorre o troço em menos de três hora de tempo.
A empreitada iniciou em Setembro de 2011 e foi terminada este mês. As obras da sua reabilitação consistirm na pavimentação de toda extensão, construção de duas novas pontes sobre os rios Munhinga e Chizizira e alargamento de outras.
As obras compreenderam a requalificação da zona fronteiriça com a República do Zimbabwe e drenagem da via, bem como a sinalização e trabalhos adicionais para oferecer maior comodidade e segurança aos usuários da via.
A ponte sobre o rio Munhinga que beneficiou duma intervenção mais profunda tem seis metros de cumprimento e Chizizira possui três metros. Para além desta obra, o empreiteiro, neste caso, a Mota-Engil asfaltou igualmente um total de dez quilómetros de ruas na vila sede do distrito de Sussundenga.
Este trabalho envolveu igualmente a zona do aeroporto de Chimoio onde a rua também se encontrava bastante degradada.
POPULACÃO ESFREGA AS MÃOS DE FELECIDADE
Quem está feliz com aquela infra-estrutura é a população que de alguns dias a esta parte passou a gastar pouco tempo nas suas viagens e vê as trocas comerciais relançadas, no que diz respeito à comercialização do milho e outros cereais, mesmo com o vizinho Zimbabwe, através da zona fronteiriça de Mossurize.
Aliás, as hortícolas produzidas nos distritos de Sussundenga e Mossurize já são comercializados na capital provincial em Chimoio, onde os diferentes supermercados se abastecem a partir daqueles distritos.
A nossa Reportagem visitou alguns supermercados onde se comercializam os produtos frescos e viu in loco o quanto a asfaltagem do troço Chimoio- Espungabera veio dar um ímpeto na produção e comercialização de hortícolas.
Mas não é só a agricultura que saiu a ganhar com a construção da estrada, uma vez que os produtores agro-pecuários também passaram a ver a produção do gado bovino assim como caprino a aumentar com a entrada em funcionamento da Moz-Bife, um matadouro localizado ao longo da EN 260, a cerca de seis quilómetros da capital provincial.
Trata-se de uma unidade de abate e processamento de gado com tecnologia de ponta que também foi inaugurado pelo Chefe do Estado, que, no local, referiu que estavam criadas as condições para a redução das importações dos derivados do gado bovino e caprino. A Moz-Bife tem uma farma com um efectivo de sete mil bovinos.
Aquela unidade tem capacidade para abater por dia duzentas cabeças de gado bovino e seiscentas de caprino, uma autêntica “revolução” para os apreciadores dos seus derivados tais como t-bone, vorse, chouriço, entre outros que são comercializados nas províncias de Manica, Tete, Nampula e Sofala.
O outro pormenor é que com a entrada em funcionamento daquela unidade de processamento de carne, os próprios produtores de gado vêem-se aliviados, uma vez que a sua produção tem mercado garantido.
NYUSI REIAFIRMA APOSTA
NO COMBATE À POBREZA
Depois de proceder às inaugurações e plantio de árvores, o Chefe do Estado dirigiu um comício popular na cidade de Chimoio, onde entre outros, apelou à população para concentrar as suas atenções na produção de riqueza para vencer a pobreza e não seguir discursos divisionistas.
“Sou Presidente de todos os moçambicanos, incluindo aqueles que votaram em outros candidatos. As realizações do Governo são para beneficiar a todos independentemente da sua filiação partidária ou origem. Portanto, todos aqueles que têm boas ideias são bem-vindos, para juntos desenvolvermos Moçambique”, sublinhou o Chefe do Estado.
Na ocasião, explicou que nos pais existe um único exército e que para as pessoas se filiarem há procedimentos que devem ser observados. “Conforme dissemos no dia da tomada de posse, o nosso compromisso é com a paz e reiteramos que tudo faremos para a sua preservação. Nenhum partido deve ter homens armados. As pessoas para integrar as forças armadas se inscrevem e depois são seleccionadas, pelo que não há razões para outro exército”.
O Presidente da República falou igualmente do Programa Quinquenal 2015- 2019 destacando os seus cinco pilares, nomeadamente, paz, unidade nacional e defesa da soberania, desenvolvimento do capital humano e social, promoção da produtividade e emprego, desenvolvimento de infra-estruturas sociais e gestão sustentável dos recursos naturais.
No segundo dia de trabalho a esta província, o Chefe do Estado escalou o distrito de Machaze onde para além de orientar um comício popular e reunião com as mulheres procedeu à inauguração da escola profissional local.
Para hoje, Filipe Nyusi tem agendado em Sussundenga um comício depois de inaugurar uma residência oficial ao que se seguirá uma visita à empresa Mac In Moz. Amanhã encerra a sua actividade nesta província em Guro, onde vai visitar os campos de produção agrícola de Bunga. Na terça-feira entra em Tete através do distrito de Changara.
O governo deve apoiar os agricultores
– Bruno da Costa, contabilista
Em Chimoio, o repórter do domingo interpelou alguns cidadãos para falarem sobre a presença do Chefe do Estado naquela parcela do país. Eis os seus depoimentos.
Bruno da Costa, 58 anos de idade e residente na cidade de Chimoio diz que a construção da estrada Chimoio-Espungabera é bem-vinda, na medida em que vai desenvolver a economia da província. Entretanto, apela ao Governo para trabalhar no sentido de apoiar os agricultores que, de algum tempo a esta parte, viram a sua actividade ameaçada por falta de financiamento bancário.
“Como é sabido, a agricultura é a base do desenvolvimento da nossa economia e a nossa província possui largas potencialialidades nas culturas de milho, amendoim, gergelim, girassol, entre outras, pelo que pedimos ao Governo para apoiar mais este sector de modo a que o combate à pobreza seja efectivo”, disse Bruno da Costa.
Sobre o que achava dos seis meses de governação de Filipe Nyusi, o nosso entrevistado disse que era prematuro fazer a avaliação. “Ainda é cedo para me pronunciar nesses termos, mas acho que avaliar pelas realizações, o seu desempenho é positivo, apesar de, em vários sectores, ainda estar a arrumar e a conhecer a casa”.
No concernente à questão de preservação da paz e comentando os impasses no diálogo do “centro de conferências”, o nosso interlocutor afirmou que a Renamo deve entregar a lista dos seus homens armados para serem integrados nos vários sectores da sociedade. “O inimigo dos moçambicanos foi o colonialismo português que foi vencido, pelo que não faz sentido que hoje nos matemos entre nós, pelo que o líder da Renamo tem que entregar a lista dos seus homens”.
Apertar a fiscalização das obras do Estado
– Faquir Bay, académico
O académico Faquir Bay entende que o Governo deve investir mais na fiscalização das obras da construção de infra-estruturas sociais para que não se drene os parcos recursos financeiros para outros fins.
Segundo afirmou, não faz sentido que uma obra do Estado dure pouco tempo devido à má qualidade. “Há problemas sérios na qualidade das nossas estradas o que concorre para a sua degradação precoce. A outra questão é a necessidade de se apertar o cerco contra os cidadãos ilegais que vem delapidar os nossos recursos naturais”.
Relativamente à questão da preservação da paz, aquele académico afirmou que a abertura do Chefe do Estado ao diálogo com a oposição é bastante importante na medida em que se circunscreve na inclusão. “Não basta o calar das armas, a paz tem que ser defendida com actos concretos. Isto é, as partes convergirem para o bem-estar dos moçambicanos”.
“Dirigente com acções concretas”
– Pereira Rumeque, professor
Por seu turno, Pereira Rumeque, professor de careira afirmou que a governação do Presidente Filipe Nyusi é positiva porque em pouco tempo já se vislumbram obras que vão ao encontro das pessoas que lhe confiaram o voto.
“Ele concentra-se na visão real dos assuntos e fala com conhecimento de causa ao não prometer o impossível para ganhar popularidade. Portanto, estamos perante um dirigente orientado para acções concretas para o desenvolvimento integrado do país”,disse Rumeque, acrescentando que a conclusão das obras da estrada Chimoio-Espungabera é um exemplo inequívoco da continuidade das obras do mandato anterior.
Domingos Nhaúle