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INTERDIÇÃO DE FRANGO DO BRASIL: Avicultores garantem que país tem frangos suficientes

Por admin

Os produtores nacionais de frango garantem que Moçambique tem “stock” suficiente deste produto para fazer face ao período de suspensão temporária da importação e comercialização de carne e frango de origem brasileira e os seus derivados que foi imposto pelo Governo moçambicano.

Segundo o secretário executivo de Associação Moçambicana de Avicultores (AMA), Loko Roger, os produtores estão preparados para produzir, distribuir e comercializar o frango nacional, obedecendo a padrões internacionais. Aliás, o sector tem tendência a estabilizar-se, uma vez que o Governo e a AMA estão a trabalhar para que até segundo semestre deste ano o preço da matéria-prima, milho, para a produção de ração baixe.

A esperança de ver os preços de insumos reduzidos assenta na concretização do incremento da produção agrícola pela via da melhoria do sistema de comercialização que foi discutido no I Fórum Nacional de Comercialização Agrícola de 2017, realizado há dias, na sede do distrito de Mocuba, província da Zambézia.   

Com a previsão de redução do preço de insumos, que vai resultar do incremento da produção agrícola, esperamos que baixe, igualmente, o custo da venda de frango.Estamos a trabalhar em conjunto com o Governo para que não haja especulações de preços na comercialização desse tipo de carne, sobretudo nos revendedores.Há disposição de colaborar para garantir que o mercado, a nível de abastecimento e fornecimento de frango, esteja estável”.

Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor disse que quando são colocados todas as incubadoras a funcionar na plenitude é possível suprir a demanda de frango no mercado. Para ilustrar, Loko Roger afirmou quemensalmente são canalizados ao mercado nacional cerca de cinco mil toneladas, das quais 2650 são congelados e o remanescente de frangos são vendidos vivos no mercado informal. Até então, o grosso das empresas, sobretudo as de produção de pintos, trabalhava abaixo das suas capacidades instaladas, o que dificultava algumas mexidas ao nível de preços.

Em relação à competitividade a nível global, o secretário executivo da AMA disse que um dos constrangimentos que o sector enfrenta é o facto de ser uma actividade de grande escala, associado à agricultura para aquisição de insumos, enquanto o nosso país é emergente na área agrícola e os países com quem concorre estão desenvolvidos nesta área.

Por causa disso, em Moçambique o preço de  um saco de 50 quilogramas de ração de tipo A1, usado para alimentar os pintos nos primeiros 21 dias, custa 1185 meticais há cerca de um ano e o pinto de um dia tinha o preço de 22 meticais.

Por sua vez, Mário Couto, da Higest em Moçambique, uma empresa especializada na produção e comercialização de pintos, rações e frangos, assegurou que aquela companhia vai produzir este ano cerca de 4500 toneladas de frango nacional e com a capacidade de distribuí-lo em todo país.

Temos frango em stock para responder à procura no mercado nacional e estamos a reunir financiamento para duplicar a produção, por isso é que o nosso matadouro foi recentemente certificado em termo das técnicas de HCCP, o que significa que há um controlo da qualidade e a rastreabilidade do produto final até ao criador. Estamos a trabalhar para conseguir a certificação de ISO 9001 e do ISO 22000 que permitirá fazer face aos projectos internacionais que estão a ser desenvolvidos em Moçambique”, disse Couto.

Mário Couto disse ainda haver a necessidade de o Governo assegurar o controlo de supostas especulações de subida de preço. “O criador de frango não tem como especular o preço porque o estipulado é de 180 meticais. Entretanto, os revendedores fazem aumentos abismais porque não são controlados”.

O representante de Higest salientou que será possívelbanir a importação de frangos nos próximos cinco anos tendo em conta que há empresas que produzem em grande escala e muitas possuem planos de expansão, como é o caso da Higest que hoje produz 15 toneladas e pretende chegar a 100  por ano.

Por seu turno, a representante do grupo de incubadores, Suzana Luciano, afirmou que as incubadoras instaladas no país têm a capacidade para produzir 60 milhões de pintos por ano. “Nos últimos dez anos duplicamos a capacidade de produção para cerca de 200 por cento. Quando a AMA surgiu produzíamos cerca de 7 mil toneladas e no ano passado passamos a produzir cerca de 52 mil toneladas anuais”. Suzana Luciano garantiu que da parte das incubadoras o investimento está feito. Por isso, conseguem produzir 200 pintos semanais. Mas almejam duplicar para 400 pintos por semana.

BRASILEIROS REAGEM

Entretanto, em relação a este assunto, os brasileiros já reagiram. Num comunicado enviado à nossa Redacção pela Embaixada do Brasil em Maputo, intitulado “Esclarecimentos sobre a produção brasileira de carne”, os brasileiros referem que “apenas em 2016 foram expedidos pelo Brasil cerca de 853.000 partidas de produtos de origem animal destinados ao comércio internacional. Do total, apenas 184 foram consideradas inadequadas pelas autoridades estrangeiras responsáveis por sua importação, em geral, devido a requisitos não sanitários, tais como rotulagem ou documentação incompleta. Esses dados representam exportações de todos os tipos de produtos de origem animal, o que demonstra que 99,98% das exportações foram aprovadas”.

Explicam que “oBrasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne e produtos cárneos, e os parâmetros de excelência dos produtos brasileiros estão entre os melhores do mundo. A carne e os produtos de carne brasileiros de alta qualidade são exportados para mais de 150 países. Por essa razão, o sistema regulatório brasileiro está entre os mais frequentemente e rigorosamente auditados e monitorados em todo o mundo. Atende aos requisitos de mercados altamente exigentes e conta com inspecções periódicas adicionais de monitoramento e auditoria interna e externa com base na avaliação de riscos”.

E que“com relação à carne brasileira importada por Moçambique, o embaixador do Brasil, Rodrigo Baena Soares, solicitou encontro com o Ministro da Indústria e Comércio de Moçambique, Ernesto Max Tonela, para prestar os esclarecimentos cabíveis”.

Texto de Idnórcio Muchanga

aly.muchanga@gmail.com

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