A dependência química é definida como um transtorno mental caracterizado por um grupo de sinais e sintomas decorrentes do uso de drogas. Esses sinais e sintomas podem ser a compulsão pelo uso da droga, sintomas de abstinência (surgem quando pára ou diminui a dose da droga), necessidade de doses crescentes para atingir o mesmo efeito; falta de controlo sobre a quantidade do uso entre outras.
Na presente edição, abordamos a questão da dependência química, neste caso a dependência em relação as drogas na nossa sociedade. Desta feita quisemos olhar para o outro lado da moeda. O lado daqueles que por várias razões lutam para sair do mundo das drogas. Um mundo que hoje para eles não teve outra cor senão a cinzento.
À semelhança de ontem, ainda hoje estas substâncias psicoativas invadem espaços sagrados como escolas primárias e secundárias, onde temos adolescentes e jovens que ainda não têm consciência do perigo do uso das mesmas. Infelizmente é neste espaço que a maior parte dos jovens dependentes químicos que conversaram com odomingo tiveram o seu primeiro contacto com as substâncias. Viviam uma adolescência cheia de sonhos, os pais projectavam neles um futuro colorido até que a droga cruzou o caminho deles.
Entretanto, tudo se estragou quando movidos pela curiosidade, o que é típico da adolescência, experimentaram-nas. Não sabiam que o uso repetitivo provocaria alterações no sistema cerebral. Assim, sem que eles se apercebessem, se instalava a dependência. A estória de vida destes jovens representa a de muitos irmãos nossos que ainda encontram-se mergulhados neste mal.
São várias famílias afectadas pelas drogas. Em algumas, a droga semeou desavenças, noutras, arrancou delas filhas, netos, pais deixando apenas a marca do luto. Mas nem tudo se perdeu. As unidades sanitárias e os centros de apoio e reabilitação procuram trazer uma nova resposta a esta realidade. Para melhor resultado trabalham em coordenação.
Depois do tratamento clínico nas unidades sanitárias, os dependentes em recuperação são encaminhados a grupos de apoio. Em Maputo, os alcoólicos e Narcóticos anónimos são o exemplo de terapia de auto-ajuda para a recuperação. O centro de Reabilitação de pessoas Marginalizadas ( REMAR) também é outra organização de apoio.
A Saúde classifica a toxicodependência como uma doença crónica. Entretanto, na nossa realidade a dependência química ainda é olhada de forma marginal. As famílias ainda não estão esclarecidas sobre o que causa essa dependência. Urge apetrechar as famílias e a sociedade sobre o que é este mal e como lutar contra ele. Urge pensar como estão protegidas as escolas. Afinal de contas é lá onde os adolescentes entram em contacto pela primeira vez com drogas. Outro facto não menos importante está relacionado com os centros de venda destes estupefacientes. Alguns pontos de venda de drogas estão justamente próximo as instituições de ensino.
Se aos estudantes devidamente uniformizados não se hesita em vender álcool, não vai ser a venda de soruma e cocaínas que vão restringir. As estatísticas mostram que a nível nacional a cidade de Maputo é que lidera em número de usuários que recorrem as unidades sanitárias para tratamento.
A droga é o que há de pior no mundo. E é tão má que faz mal ao próprio usuário e aos que o rodeiam. É preciso proporcionar ao jovem mais fontes de entretenimento saudáveis que lhe proporcionem também prazer. Estaríamos a falar de criação de mais campos de prática de desporto nos bairros, por exemplo. É importante fazer perceber aos jovem que para além de álcool e drogas é possível encontrar outras fontes de prazer e despertar a criatividade na nossa juventude.