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Um golpe ao pessimismo

Por admin

O Ministério da Indústria e Comércio (MIC), através do Instituto para a Promoção de Exportações (IPEX) realiza a partir de amanhã mais uma edição da Feira Internacional de Maputo, também conhecida como Feira Agro-Pecuária, Comercial e Industrial de Maputo (FACIM).

Este evento, que tem um cariz empresarial, mas também lúdico e cultural, foi “inventado” em meados da década de 60 com a finalidade de sublinhar a vitalidade económica do nosso país e este objectivo se mantém imaculado até aos dias de hoje.

A primeira edição contou com a participação de empresas ligadas ao ramo financeiro, ocupou uns 50 metros quadrados e teve a participação de empresas sul-africanas e do Instituto do Café de Angola. Em 1967, o projecto ganhou uma dimensão tal que o número de empresas nacionais passou de quase uma centena para mais de 300 empresas e se incorporou a exposição e leilão de gado, o certame foi visitado por 90 mil pessoas e a Itália expôs pela primeira vez.

Dali em diante, a FACIM ganhou forma, musculatura e uma forte projecção internacional que se manteve inabalável mesmo quando ocorreu a transição do poder, com o advento da Independência. Por exemplo, no ano de 1974, logo depois do derrube do regime colonial fascista, a 25 de Abril, em Portugal, a feira foi realizada.

Em 1975, no auge da euforia da independência, a feira teve lugar. Nesta altura, muitos empresários portugueses saíram do país. Mas mesmo assim, houve feira. Repare-se que nesse ano até participaram países até então excluídos, nomeadamente, Argélia, Tanzânia, Gana, Jugoslávia, Zâmbia, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Nigéria, Roménia e Paquistão. Naquele ano, 140 mil pessoas visitaram a exposição, era o período da popularização do certame.

Os melhores anos da FACIM foram 1977 e 1978. Por exemplo, em 1977, os organizadores da feira decidiram celebrar contractos de transacções comerciais com todos os expositores estrangeiros e empresas participantes. O sucesso dessa edição foi tal que nos dois últimos dias (Sábado e Domingo) foram contabilizados 80 mil visitantes.

Em 1978, deu-se o maior salto. Em sete dias, a feira acolheu 403 mil pessoas. Ali, estavam perfilados 866 expositores distribuídos por 120 pavilhões nacionais e 40 estrangeiros, dos quais 25 países e 15 empresas individuais.

Depois veio o famoso e inesquecível 1983, ano em que a seca, fome e guerra fizeram das suas no tecido social e económico moçcambicano. Apesar de todas essas contrariedades, a feira aconteceu com o mesmo estatuto e dimensão. Foram celebrados contractos de negócios orientados para as exportações de produtos acabados e importação de maquinaria.

Como se pode observar, a FACIM sempre cumpriu com o seu objectivo de servir de palco privilegiado para a realização de negócios, troca de experiências e de contactos entre empresários e também consumidores, inclusive no período de 1986 e 87, quando o governo introduziu o Programa de Reabilitação Económica (PRE).

A 52ª edição da FACIM, que amanhã inicia, e vai até ao próximo Domingo, dia 4, é mais uma prova de que a economia nacional, com todas as adversidades com que se depara, ainda pulsa. O que falta é um afinar da pontaria rumo a objectivos concretos que são de interesse de todos nós.

Referimo-nos ao incremento da produção nacional, ao investimento no domínio agrícola, no agro-processamento, atracção de investidores com se possam firmar parcerias de longo termo e capazes de gerar renda, valor acrescentado e ampliar o leque de bens exportáveis e por ai em diante.

A edição deste ano tem um programa completamente diferente do habitual. Por exemplo, abertura do evento, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, vai acontecer a meio do certame. Na Quinta-feira. Este é o modelo a que fomos dados a assistir na Feira Agrária do Zimbabwe, onde a cerimónia de abertura aconteceu lá para o final da edição e o governo zimbabweano abriu as portas ao estadista moçambicano para dirigir à cerimónia inaugural.

Outra inovação é a realização de visitas dos ministros que lidam com matérias económicas. Todas as manhãs, cada um deles deverá percorrer os pavilhões e manter contactos com os expositores nacionais e estrangeiros e, por esta via, perceber o pulsar do ambiente de negócios pela voz dos próprios agentes económicos.

Aliás, esta medida encontra suporte nas queixas apresentadas pela liderança da Confederação das Associações Económicas (CTA) ao Chefe de Estado, aquando da última Conferência Anual do Sector Privado (CASP), segundo as quais, parte dos ministros não se dispunham a dialogar com os empresários para a superação das barreiras com que se deparam no quotidiano.

Com toda a conjuntura adversa, a FACIM vai acontecer e contará com cerca de 700 empresas estrangeiras e três mil e 200 empresas nacionais, que vão participar a título individual, 33 países e representantes de sectores económicos de todas as províncias do país.

Não se tratará, com certeza, de um mero exercício de reunir empresários, expor umas castanhas e amendoins. Ao que nos foi dado a perceber, os empresários nacionais estão conscientes de que é nos momentos difíceis que se revelam os melhores. Isso acontece também com os negócios. Este é o momento em que se prova que se pode dar um forte golpe ao pessimismo.

 

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