A frequência de naufrágios no país está cada vez mais preocupante, não só pelo número de mortes, mas, sobretudo, pelas causas que, regra geral, estão na origem dos desastres: erro humano ou deficiências mecânicas nas embarcações ou, mais grave ainda, negligência da tripulação e/ou dos armadores.
O motivo para tamanha apreensão está exactamente nos números, se não vejamos: em Maio de 2017 três pessoas morreram e outras quinze foram dadas como desaparecidas em consequência de um naufrágio causado por superlotação, em Quelimane; em Agosto do mesmo ano, no distrito de Búzi, Sofala, seis cidadãos perderam a vida quando viajavam numa pequena embarcação; a 6 de Maio de 2018 outras cinco pessoas morreram em Cabo Delgado, quando a embarcação, transportando 62 passageiros contra 20 que correspondem à sua real capacidade, naufragou.
Aliás, dados oficiais mais recentes referem que de 2016 a esta parte foi reportado em Moçambique um total de 360 naufrágios que resultaram na morte de pelo menos 120 pessoas e quase uma centena de desaparecidos.
Segundo a mesma informação, quase todos os desastres envolvem embarcações de transporte de passageiros operados pelo sector privado, o que faz desconfiar que algo pode estar a correr mal em relação às condições mecânicas dos barcos, inobservância dos mais ínfimos pormenores de segurança, corrida desenfreada ao lucro e o nível de preparação dos marinheiros.