Início » É hora de estimular a produção agrícola

É hora de estimular a produção agrícola

Por admin

A agricultura é a base do nosso desenvolvimento”, disse Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique independente. Esta frase tem ecoado até aos dias de hoje, inspirando produtores que se abstraem dos percalços e dão à terra o seu suor e lágrimas.

Mas, do que vale produzir e depois assistir à colheita a deteriorar-se nos celeiros e armazéns por falta de meios para escoar? Ou entregá-la ao desbarato ao mais manhoso dos intermediários, porque nas cercanias não existem condições mínimas de processamento? Ou ainda desistir de trabalhar a terra porque não compensa e dedicar-se àquilo que parece mais fácil que é importar.

É contra tudo isto que o Chefe de Estado, Filipe Nyusi se levanta e diz: “Basta!”. Não o diz em palavras, mas em actos que vão conduzir o país à mudança de postura em relação à produção agrícola e a toda a sua cadeia, porque, e como se sabe, Moçambique tem terra fértil de sobra, jovens pujantes com conhecimentos científicos capazes de inverter o presente quadro, clima e ambiente estável.

O I Fórum Nacional de Comercialização Agrícola (FNCA) realizado na sexta-feira, no distrito de Mocuba, em Quelimane, e que contou com a direcção do Presidente da República, é a prova inequívoca de que o mais alto magistrado da nação está empenhado em busca de soluções para os problemas de que enferma este sector.

Aliás, disse-o no cair do pano daquele evento, que o país dispõe, sim, de recursos naturais abundantes, sobretudo, de gás natural, mas alertou que o gás, sozinho, não resolverá os problemas prevalecentes de pobreza rural e urbana. Aliás, até comparou o gás a uma camisa ou calça nova e bonita que alguém veste de estômago vazio. Há que produzir alimentos!

Mas, mais do que ter comida, o país deve saber dar-lhe destino quando esta estiver disponíveis e em excesso. Há que saber onde e como guardá-la para o amanhã, para os dias de adversidades. Há que estar disposto a processá-los, os produtos da terra, para lhes agregar valor, embalar convenientemente e exportar. Porquê não?

A recente decisão de reestruturar o Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) vem na esteira de tudo isto. Advém para acolher os resultados dos estímulos que tem estado a ser dados ao sector agrário – que já dá sinais de produzir melhor e em menos tempo -, fruto da mecanização que se vê pelos mais diversos campos e da reposição de infra-estruturas de retenção de água e rega.

Se num passado recente a comercialização agrícola era negligenciada, hoje faz todo o sentido o seu resgate pela mão do Governo, uma vez que as regras de mercado por si só nem sempre resolvem os problemas. Há que intervir para evitar desordens no processo e para estimular o sector privado a ir mais longe neste domínio.

O ICM deverá regular o funcionamento da comercialização através dos mapas e estudos feitos nos últimos anos que mostram onde se produz, o que se produz, quanto se come e quanto sobra; quem está a vender e a comprar e, onde esta cadeia tiver obstáculos, será esta a entidade compradora de último recurso. Por outras palavras, o ICM vai funcionar como o moderador do mercado, deixando-o fluir e onde este engasgar deverá dar a sua mão.

Já se sabe que em breve esta entidade irá assinar protocolos de trabalho com os mais diversos intervenientes da cadeia de produção e comercialização, com ênfase para as empresas que fomentam culturas de rendimento para que estas, através dos seus extensionistas, ofereçam aos camponeses o seu saber para a produção de cereais, hortícolas e legumes. A ideia, ao que nos parece, é fidelizar as empresas aos camponeses e vice-versa.

Com a estrutura cada vez mais apurada, buscam-se soluções para tornar funcionais os silos e as fábricas de processamento de cereais que foram implantados em diferentes pontos do país, como são os casos dos silos localizados em Gorongosa, em Sofala, ou as fábricas construídas em Namacurra, na Zambézia, e em Angónia, no Norte de Tete.

Consta que em breve serão lançados concursos públicos para que o sector privado, em sede de parceria público-privada possa dar vida a estas infra-estruturas que, em alguns casos apresentam deficiências estruturais de construção e até mesmo de qualidade dos equipamentos neles embutidos. Vale saber que o fornecedor está disposto a corrigir os erros e entregar ao Estado moçambicano patrimónios que podem ser usados em benefício da economia.

No final da cadeia, do lado do mercado, este jornal congratula a ideia de serem criados entrepostos de produtos frescos que deverão funcionar em diferentes pontos dos meios urbanos como mercados abastecedores, à semelhança do Mercado do Zimpeto. A ideia é poupar o esforço de quem deve colocar os produtos junto ao consumidor e, por essa via, corrigir as disparidades de preços que hoje se assistem.

domingoé por medidas como estas. Bate-se por um país onde ter uma refeição não seja um constrangimento, onde não há desperdícios num distrito ou cidade, quando no ponto vizinho se passa fome. Somos um jornal que defende o interesse nacional em todos os domínios e sempre nos colocaremos do lado de quem produz, de quem tem a responsabilidade de manufacturar, de escoar e de colocar no mercado bens de consumo a preços justos e com qualidade.

Você pode também gostar de:

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana