O Presidente da República, Filipe Nyusi, dedicou o dia de ontem para inaugurar duas fábricas e uma estância turística localizadas nos distritos de Nacala-a-Velha e Nacala-Porto, na província de Nampula, no quadro do cumprimento das promessas eleitorais materializadas por via do Plano Quinquenal do Governo.
No cumprimento da sua agenda de trabalho, o Chefe de Estado estreou a fábrica Martifer Amal que produz estruturas metálicas, trabalhos de serralharia em aço e alumínio, equipamentos industriais, depósitos, silos, tubagem e elaboração de projectos de engenharia industrial para grandes empresas e possui aptidão para produzir estruturas para estádios de futebol, aeroportos, refinarias petrolíferas e pontes metálicas.
Conforme apurámos no local, esta empresa vinha funcionando desde Novembro de 2015 e contou com cerca de 320 trabalhadores, mas recentemente viu-se na contingência de reduzir a mão-de-obra para 109 devido ao abrandamento da actividade económica que resulta da prevalecente crise económica.
Apesar desta fraqueza nacional e da crise económica que ainda afecta a economia moçambicana, Delfim Almeida, director fabril, afirma que “temos tudo preparado para duplicar a produção, passando de uma área de 10 mil metros quadrados para 20 mil metros quadrados e acreditamos que esse investimento será realizado porque temos fé na retoma da economia”.
Trata-se de uma empresa com capacidade para produzir 13 mil toneladas anuais de estruturas metálicas e é propriedade de um consórcio participado pela Martifer, Amal e Visabeira que investiram 13 milhões de dólares neste empreendimento.
Segundo Delfim Almeida, a escolha de Nacala para a construção deste empreendimento resultou do facto de se pretender fazer um aproveitamento da proximidade com o Porto de Nacala, que é de águas profundas e que permite a entrada e saída de navios de grande calado e por se tratar de uma Zona Económica Especial (ZEE) onde se prevêem avultados investimentos associados ao negócio de carvão.
Por outro lado, Almeida refere que de Nacala é possível escoar, com facilidade, a produção para a província de Cabo Delgado para a construção de infra-estruturas de petróleo e gás, com destaque para oleodutos, pontes metálicas, centros comerciais, entre outros.
Referiu ainda que a matéria-prima usada nesta unidade fabril, nomeadamente o aço, é importada da África do Sul, facto que, para Almeida, é de lamentar uma vez que Moçambique tem carvão mineral e ferro no seu subsolo, mas exporta em bruto e depois importa estruturas de aço por não ter investimentos em empresas siderúrgicas.
Ademais, afirmou que um dos dilemas com que a empresa se depara em Nacala é a frequente oscilação da corrente eléctrica que, em parte, afecta o funcionamento das máquinas que são electrónicas. “Lamentamos, mas não podemos deixar de dizer que hoje a situação está bem melhor que há algum tempo”.
Para além de Moçambique, a Martifer Amal está presente em Portugal, Roménia, Argélia, Brasil e Angola.
De igual modo, o Presidente da República inaugurou uma unidade fabril pertencente ao Grupo Export Trading (ETG), localizada na cidade de Nacala-Porto, que processa cereais, feijão bóer e gergelim, havendo sérias perspectivas de se alargar o âmbito produtivo para a castanha de caju, conforme revelou o director-geral desta unidade, Guilherme Machado.
Ao princípio da tarde, o Presidente Nyusi procedeu à inauguração do Nacala Plaza Business Design Hotel, igualmente localizado na cidade de Nacala, que conta agora com 41 quartos e, ainda este ano, poderá ter mais 79 (passando para 120 quartos), num investimento estimado em 470 milhões de meticais e a classificação de quatro estrelas.
O grupo que investe nesta unidade hoteleira está envolvido em outros ramos de actividades, com destaque para a agro-indústria, onde actua no processamento de algodão, produção de óleos, bagaço e sabão, totalizando 1200 trabalhadores efectivos.Aos investidores destas iniciativas, o Chefe de Estado dirigiu palavras de encorajamento, pois, segundo as suas palavras, demonstraram que acreditam e têm confiança no futuro do país. “Este é o testemunho do cumprimento das nossas promessas no que tange à facilitação do investimento em Moçambique”, disse.
No caso particular da empresa ETG, o Chefe de Estado mencionou que se trata de um alargamento do leque de investimentos desta firma que tem interesses na província de Sofala, Cabo Delgado e Nampula. “Este tipo de investimento só acontece quando se acredita no país e se vê que o ambiente político e económico é favorável”.
Em cada um dos empreendimentos fez questão de se dirigir aos trabalhadores a quem apelou para que acarinhem os respectivos projectos, pois estes vão ajudar a gerar renda e a resolver o problema de desemprego que ainda assola milhares de jovens.
No que diz respeito à responsabilidade do Governo, o Presidente Nyusi enfatizou que este vai continuar a eliminar as barreiras que impedem a entrada de novos investimentos.
Ainda no prosseguimento da sua visita de trabalho a Nacala, o Chefe de Estado foi ver in loco o efeito da erosão que ocorre no bairro Triângulo, um dos mais afectados da cidade de Nacala e, na sua interacção com a população local, apelou-a a manter-se atenta à evolução da situação e à colaboração permanente com as autoridades municipais que deverão criar condições para a transferência daqueles que se encontram em situação de risco para evitar mortes.