O Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Nelson Ocuane, revelou há dias que “o projecto âncora de Moçambique é a unidade de Gás Natural Liquefeito (LNG), cujas obras estão em curso no distrito de Palma, província de Cabo Delgado, mas, a curto prazo, o país pretende ter uma planta de Gás Para Líquido (Gas Too Liquid ou GTL) que permite produzir combustível líquido e derivados, e incentivar a produção de fertilizantes”.
Ocuane fez este pronunciamento numa mesa redonda realizada à margem da27ª Conferência Internacional sobre Gás na Coreia, GASTECH 2014, que abordou os projectos de gás no continente africano, com particular destaque para Moçambique, Tanzânia e Nigéria, representadas pelas respectivas empresas de exploração de gás natural.
Na sua intervenção na mesa redonda, Nélson Ocuane fez um breve historial das descobertas de gás no país, desde o ano 2010 e que totalizam, neste momento, 150 Trilhões de Pés Cúbicos (TCF) de reservas recuperáveis e um potencial de 200 TCF na Bacia do Rovuma, no Norte do país.
A quantidade de gás descoberta, segundo afirmou, levou o Governo moçambicano a produzir e aprovar um Plano Director de Gás que define os princípios que devem orientar as decisões a serem tomadas para a utilização de gás em benefício primeiro dos moçambicanos.
“Queremos priorizar a utilização doméstica do gás, incentivando a produção de GTL com vista a reduzir a dependência de Moçambique na importação de combustíveis e derivados” disse o PCA da ENH para depois acrescentar que “a produção de fertilizantes que deverá potenciar o sector agrícola nacional elevando a produtividade de alimentos por hectare e os projectos de geração de energia estão também no rol das prioridades no processo de monetização”.
Conforme revelou, Moçambique já se posiciona como potencial contribuinte no suprimento das necessidades energéticas nos países vizinhos e já está na avaliar a possibilidade de construir um pipeline a partir da província de cabo Delgado para a zona Sul do país, com cerca de 2.400 km e ramificações para os países vizinhos, transportando o gás da Bacia do Rovuma. O processo de monetização do gás da bacia do Rovuma vai ainda incluir a construção de indústrias petroquímicas que deverão acrescentar valor ao gás nacional.
Para Nélson Ocuane estes projectos revelam-se importantes para o desenvolvimento do país sem descurar, no entanto, o projecto âncora para o país. “O projecto de LNG é de capital intensivo e nós, como companhia nacional, vamos fazer o equilíbrio entre as necessidades dos operadores e do governo”.
A mesa redonda sobre África, realizou-se numa altura em que os países africanos como Moçambique, tornaram-se referência nos últimos anos com as descobertas de avultadas quantidades de gás. Aliás, durante a Conferência Internacional sobre o Gás, foi ponto assente a necessidade crescente de combustíveis que os países asiáticos tem estado a ter para fazer face as necessidades de energia e Africa, e em particular Moçambique, é visto como alternativa a suprir estas necessidades através da implementação do projecto de LNG que vai permitir, numa primeira fase a produção de cerca de 10 milhões de toneladas de LNG para diversos mercados incluindo o asiático.
A participação nesta conferência, segundo o PCA da ENH, foi crucial pois permitiu Moçambique posicionar-se junto aos grandes produtores e exportadores de LNG bem como adquirir experiências para melhor definição dos modelos de implementação dos projectos no país.
“Ouvir a experiência do Qatar, Oman, Autrália e Argélia, por exemplo, aumentou o nosso leque de reflexão sobre os melhores mecanismos de implementação dos projectos no nosso país”, disse.
A GASTECH é uma conferência e exposição internacional sobre gás que se realiza de 18 em 18 meses. Este ano realizou-se a 27ª edição e os debates foram sobre a necessidade crescente de energia na Asia tendo estado representados cerca dedois mil delegados de todo o mundo.
Jorge Rungo