Cuba é um país da America Central cujo renome internacional está intricicamente ligado à vida e obra de figuras como Ché Guevara e Fidel Castro, ou El Comandante. Também tem fama pelos avanços na medicina e na indústria farmacêutica.
A cultura vibrante, onde a música e a dança granjeia simpatias nos quatros cantos do mundo. Quase tudo o que se move por lá, atrai o olhar de turistas. Naquele país, o turismo é o motor da economia e Moçambique pode aprender muito dos cubanos.
Aliás, Moçambique, no que ao turismo diz respeito, vale recordar que Bazaruto foi recentemente eleito como o sexto destino do mundo pelo jornal norte-americano New York Times. O Kwitchi Lodje, no Niassa, foi escolhido como o melhor de lodge de África. Mas, falemos de Cuba.
Com uma população de aproximadamente onze milhões de habitantes, a capital, Havana, alberga quase quatro milhões de habitantes que não cruzam os braços. Como sói dizer, a crise traz criatividade. O país do El Comandante, Fidel Castro, hoje dirigido pelo seu irmão Raul Castro, tem se reiventado para superar as dificuldades que abalam os cubanos.
O turismo tem constituído uma fonte preponderante para a economia local. Diariamente, milhares de turistas, idos de todo o mundo, entram no país para apreciar as imensas maravilhas ali existentes. Gastam pela alimentação e lembranças que de lá levam. Há hotéis de luxo em quase toda a cidade.
As estatísticas apontam para a criação de mais de trezentos mil postos de emprego directos por causa do turismo e outros tantos milhares de empregos indirectos. Contudo, há um dinamismo crescente de construção de novos hotéis, o que certamente criará mais postos de emprego.
Quase tudo o que se mexe em Cuba vira referência internacional, mesmo sabendo-se que o país atravessa um momento de embargo promovido pelo seu arquirival vizinho, os Estados Unidos da América (EUA).
Por exemplo, os charutos cubanos são mundialmente conhecidos e reconhecidos. Chamam-lhes “cigar’s” e tem muitas marcas e derivações, desde o Cohiba (esplendido, Siglo, robusto, maduro, behike…), Partagas, Romeu e Julieta, Ramon, Monte Cristo, entre outras, Cuba é uma referência no que toca à produção e comercialização deste tão procurado produto. Charutos. Uns consideram-nos o petróleo de Cuba.
Durante muitos anos, este país teve como fonte de receita o açúcar, produzido e comercializado dentro e fora do país. Mas o embargo comercial fez com que esta indústria se desfizesse como um sonho interrompido. Destruíram-se as fábricas e os potenciais compradores começaram a olhar para outros mercados.
CARROS AMERICANOS
Reza a história que em 1959 a Revolução chegou a Cuba. Mas foi no ano de 1962 que o país proclamou o seu lado socialista. Isto fez com que americanos, que vivem do outro lado do mar, e não muito longe dali, abandonassem o país por divergência política acentuada.
Ao sair, os norte-americanos levaram tudo o que puderam, mas deixaram naquele arquipélago muitos carros, infra-estruturas intactas e outras formas de ser e estar da sociedade, como o passeio de cavalo que virou cultura.
Para trás ficou o povo cubano abraçado a um embargo comercial. Mas, como quem não tem cão caça com gato, Cuba não teve alternativa, senão usar aqueles carros cuidadosamente desde os anos sessenta até os dias de hoje. Na lógica local, não se pode deixar cair e partir um copo, sabendo que não existe outro.
Com esse pensamento, os cubanos transformaram aquelas viaturas em atractivo para os turistas. Tão velhos de idade, mas novos pelo requintado trato, nem parece que se está perante antiguidades. Eles andam mesmo assim, apesar de, por vezes, soltarem-se umas e outras peças e parafusos. São um regalo que encanta novos e velhos quando trafegam pelas ruas levando turistas e nativos do Centro de Havana para Havana-Velha e, vice-versa.
Ainda na componente dos transportes, sabe a caricato ver e saber que naquele país existem dois tipos de táxi. O primeiro tipo é referente aos carros velhos, os tais americanos que datam da década sessenta e que já se mostram cansados.
As marcas destes carros são Buick, Mercedes, Jeep, Chevrolet, até Roll Royce. Tudo antigo. Um dos Buick’s que apanhamos para fazer o Tour pela Havana-Velha é de 1956. Fomos conduzidos pelo humilde e simpático motorista, Raul. Não o Castro, claramente.
Estes carros, taxis antigos, são de baixo custo e geralmente quem os usa são cubanos, salvo em situações em que os turistas, encantados pelo estilo americano e pujança dos carros, prefiram passear neles.
O segundo tipo, é de táxis mais recentes, pintados de amarelo e as marcas vão do Audi, Toyota, Peugeut ao VW. Estes ficam estacionados no aeroporto e em frente dos hotéis, prontos para servir o turista. São considerados táxis oficiais.
Um estrangeiro usa o táxi amarelo para percorrer dois quilómetros e paga muito mais do que o nacional que faz a mesma distância com o carro mais antigo.
Outro dado que salta à vista é que para além da pura atracção que são aquelas viaturas antigas, aquele povo cultiva o raro hábito de passear de cavalo, o que é fascinante porque é possível contemplar a cidade e ver as humildes e arquitectónicas construções seculares que caracterizam a urbe e, quiçá, o país.
Também quando se está a passear de cavalo, há uma permissão obrigatória à vista de contemplar a beleza das mutchatchitas (raparigas) que fazem questão de se vestir de calções e blusas de manga cava, típicos de verão, e espalham inocentemente o seu charme.
Ao final do dia, dá a impressão de que tudo o que diz respeito a Cuba sabe a turismo. Os carros, charutos, run, mojito, cavalos e a simpatia da própria população parecem moldados para gerar receita e atrair cada vez mais turistas.
MOEDAS DIFERENTES
PARA LOCAIS E FORASTEIROS
Turismo se faz com dinheiro no bolso e, na hora de pagar as diferentes despesas, Cuba se revela surpreendente. Tem duas moedas bem distintas. É! Os turistas pagam uma taxa diferente daquela que é exigida aos nacionais.
Senão vejamos: o governo local criou uma moeda denominada Peso Cubano Convertível (CUC), que é mais valiosa e, por isso, reservada a quem vem de fora. A moeda mais antiga, conhecida por Peso Cubano, que também está em uso, é usada pela população. Para que não haja dúvidas, a taxa de câmbio é de 1 CUC para 24 Pesos Cubanos e não há conversa.
Chegados a Havana, os turistas são instruidos a trocar o seu dinheiro (dólares e euros, por CUC) para poder circular à vontade e fazer as suas despesas. Com o CUC nas algibeiras, um turista compra uma garrafa de meio litro de água mineral por um CUC (equivalente a 0,87 dólares) ou vinte e quatro pesos, ou se preferimos, cerca de 50 meticais.
Por causa disso, o cidadão cubano evita comprar água mineral por ser visivelmente cara. Os que tem posses, tal como cá, fazem essa despesa sem reticências. Aliás, pelo regime de organização que impera no país, os estrangeiros devem se identificar um pouco por toda a parte.
ARMAS E CHÉ GUEVARA
O turismo em Cuba fervilha por toda a parte e a prova disso é que é possível se afastar da cidade de Havana para ir escalar uma montanha em cujo cume se encontra a Fortaleza. Logo à chegada, há uma cancela com militares. Estes controlam e cobram pelas entradas dos turistas.
Cada indivíduo paga pelo ingresso um CUC e os motoristas dos táxi não pagam. É como se entrássemos num acampamento turístico. A primeira contemplação é dos Mig 21, dos tempos da antiga União das Repúblicas Socialistas Societéicas (URSS) e diverso armamento bélico.
Estão expostos também nesse lugar, aviões usados durante a guerra e carros blindados. O turista pode se deixar fotografar nestes meios e equipamentos militares. Não é proibido, pois é como se fosse um museu ao ar livre.
Na mesma área é possível visitar o Museu Che Guevara que é a casa a partir da qual Este heróis comandou as operações durante a guerra. Estando localizada no cume e perto do mar, permitia ao argentino-cubano, controlar as forças inimigas, o que foi preponderante para vencer muitas batalhas. Ali conta-se a história heróica do povo cubano como se a revolução tivesse terminado ontem.
A pintura do museu, amarelo e com as escritas do nome à vermelho, destacam de longe aquela casa. Também se pode tirar fotografias à vontade. Está também perto do Museu, uma estátua de Cristo Redentor.
Criada pela artista cubana, Jilma Madera, a estátua foi esculpida na Itália, em mármore branco e foram necessárias 600 (seiscentas) toneladas de mármore. No final, a estátuta ficou com o peso de 320 (trezentos e vinte ) toneladas. Tem vinte metros de altura e está embutida há mais de 20 (vinte) metros do nível do mar. esta estátua foi inaugurada em 1958.
Fora do turismo, Cuba tem receitas provenientes do uso do capital humano. Quando médicos e professores cubanos vão para o estrangeiro emprestar a sua experiência, o governo recebe dinheiro por isso. Presentemente está em construção um prédio em Havana, onde estudantes estrangeiros poderão residir mediante o pagamento de uma renda. Mais uma fonte de rendimento. Contudo, que se diga a verdade: o tirismo em Cuba é caro.
Texto de Frederico Jamisse
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