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A quinquagésima primeira (51ª) edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM) encerra hoje, em Ricatla, Marracuene, na província de Maputo, com apelos aos expositores presentes para optarem pelo empreendedorismo e inovação como forma de mostrar e vender o que de melhor o país produz.
A 51ª Edição da FACIM
termina hoje e as portas
serão fechadas
enquanto ainda ecoam
no ar as palavras do
Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho
do Rosário, que ontem visitou
o recinto, que disse que
com o que ali estava exposto foi
possível aferir as reais potencialidades
para o aumento de
oportunidades de negócio e de
investimento em Moçambique,
bem como as grandes realizações
que o país tem vindo a
registar na esfera da sua afirmação
como economia competitiva
na região e no mundo.
Ecoa igualmente o desafio
deixado pelo Primeiro-Ministro
no sentido de os operadores do
comércio continuarem a alargar
e a diversificar a linha de produtos
de exportação, estimulando
o nível de transformação
e processamento dos mesmos.
Carlos Agostinho do Rosário
encorajou ao Instituto para
a Promoção de Exportações
(IPEX) a empenhar-se cada vez
mais na busca das melhores
formas de apoio às empresas
nacionais, orientando-as a estimular
capacidades produtivas,
proporcionando as condições
favoráveis e adequadas para
que os seus produtos estejam
além-fronteiras.
“Outrossim, o Governo reitera
o seu compromisso de
continuar a implementar o pacote
de reformas com vista a
propiciar um ambiente de negócios
mais atractivo”, sublinhou
pouco depois da cerimónia
de atribuição dos prémios aos
melhores expositores, cujo primeiro
lugar foi conquistado pela
Alemanha, seguido pela África
do Sul e França, isto na categoria
de melhor país expositor.
No que se refere à categoria
de melhor delegação empresarial,
Carlos do Rosário entregou
os troféus à Itália, que se posicionou
em primeiro lugar, Portugal,
em segundo e Turquia em
terceiro.
Para os expositores nacionais,
o Primeiro-Ministro atribuiu
o prémio de melhor província
expositora à província de
Maputo, seguido de Inhambane
e Manica. Cabo Delgado conquistou
o prémio revelação, Tete
ficou com o galardão de melhor
gestor de stand, Sofala foi a
província mais informativa. As
melhores Pequenas e Médias
Empresas foram a “So Soja” e
Bio-óleos de Miombo.
Também foram atribuídos
prémios às melhores instituições
públicas, stands do pavilhão intitulado
“Descubra Moçambique”,
melhor stand estrangeiro, artesanato
e moda e prémio revelação
geral.
EXPOSITORES SATISFEITOS
Os expositores nacionais e
internacionais consideram que a
Edição da FACIM que hoje termina
correspondeu às expectativas
tanto em termos de parcerias
como de números de visitantes.
Segundo disseram, a disposição
dos pavilhões e a organização no
geral serviu para mostrar que
a feira pode competir em pé de
igualdade com outras internacionais
tanto ao nível do continenteafricano como no resto do mundo.
Nesta edição, domingo constatou,
em Ricatla, que as províncias
levaram para a exposição
diferentes produtos típicos, desta
vez com melhor apresentação
em termos de embalagem, contrariando
os anos passados em
que optavam por embalagens recicladas
e, por vezes inestéticas.
Aliás, os expositores nacionais
fizeram de tudo para atrair
possíveis parceiros e investidores
nacionais e internacionais
dos sectores chave, designadamente
agricultura, indústria deprocessamento, desde cereais,
fruta até madeira, calçados, pescas,
pecuária, avicultura.
Muitos dos expositores levaram
produtos suficientes para
venderem durante a semana e
continuar no certame sem problemas
de stock. O resultado
disso foi que na maior parte dos
stands, logo no dia de abertura,
era possível ver enchentes de
visitantes interessados em adquirir,
sobretudo utensílios para
o uso doméstico, como antenas
para televisão a cabo, roupas,
óleos naturais, bolos e sumos
típicos moçambicanos.
No que se refere aos acessos,
observamos que a Estrada
Nacional Número Um (EN1), que
se encontra em obras na região
do Zimpeto, no quadro da construção
da Estrada Circular, não
era a melhor alternativa. Registavam-
se congestionamentos
nas horas de ponta tanto para ir
a Marracuene como para entrar
para a capital do país.
A situação começou a agravar-
se a partir da quinta-feira,
daí que a saída, para os expositores
e visitantes, era a Estrada
Circular de Maputo que oferece
uma via mais tranquila a partir
da marginal de Maputo.
TESTEMUNHAMOS O
EMPREENDEDORISMO
Para o Presidente da República,
Filipe Nyusi, a FACIM, mais
do que uma mera exposição, é o
termómetro que marca o pulsar
da nossa economia, reflectindo,
a escala nacional, o esforço abnegado
dos moçambicanos rumo
à conquista da sua independência
económica.
“Através dos produtos
expostos, testemunhamos o
empreendedorismo em movimento
na produção agrícola,
pecuária, florestas, pesca,
comércio, indústria, turismo,
exploração mineral, construção,
energia, transportes e
comunicações, finanças e serviços
diversos, que demonstram
que a economia moçambicana
está a tornar-se mais
robusta e diversificada”, disse.
Segundo Filipe Nyusi, o crescimento
que a feira regista, tanto
em termos de países, como
em número de expositores para
além de visitantes, constitui motivo
para empreender e inovar
cada vez mais, como forma de
mostrar e vender o que de melhor
o país produz.
No que se refere ao papel do
governo, o Presidente da República
disse que este vai continuar
a apostar na melhoria do ambiente
de negócios, para alargar
as facilidades e incentivos de
forma que possam empreender,
inovar e materializar ideias
de realização de negócios sem
procedimentos dispendiosos e
morosos.
Na ocasião, Nyusi recomendou
ao sector privada para
apostar ainda mais nas actividades
económicas tradicionais,
como a agricultura, agro-indústria,
pecuária, pescas, com vista
a promover as áreas rurais.
Para além de agregar valor às
matérias-primas produzidas no
país, intervindo ao nível da sua
cadeia, criando novos empregos.
Ainda dirigindo-se aos empresários,
o Chefe de Estado incentivou
o movimento cooperativo e
associativo de base económica, a
ganhar massa crítica, estimular
economias de escala e solucionar
problemas que se mostrem difíceis
de resolver isoladamente.
Apelou também a identificarem
mecanismos financeiros
apropriados para a promoção
da agricultura e pescas, o financiamento
de jovens e mulheres
empreendedores e o apoio multiforme
às Pequenas e Médias
Empresas (PME’s).
“Que priorize a promoção
das exportações para permitir
que tirem vantagens das
oportunidades de mercados
criados pelo sistema comercial
multilateral, diversifique
a base e o destino das exportações,
identificando novos e
melhores mercados e colabore
no esforço de formalização
do sector informal”, aludiu
Nyusi.
“Fizemos vários contactos”
– Acácio Foia, Manica
A província de Manica participou na FACIM
tendo como objectivo atrair investidores para
diferentes áreas, com particular destaque para
a agricultura, por ter terras aráveis e férteis,
atravessadas por rios e climas favoráveis em
quase todas épocas. Os sectores de processamento
de cerais, vegetais, leguminosas, oleaginosas
e carne também são algumas áreas
abertas para investimentos.
Outros sectores são a indústria madeireira,
calçados, no processamento de fruta, pois
existem pequenas empresas que processam
fruta em Manica mas não conseguem corresponder
ao nível de produção e a maior parte
da produção estraga.
Acácio Foia garantiu ao nosso jornal que
durante a semana receberam visitantes que se
mostraram interessados em investir na província.
Alguns queriam estabelecer contacto
com produtores.
“Vamos expandir
para Moçambique”
– Marcelo Hoffmann, NATREB, Brasil
Marcelo Hoffmann, da empresa NATREB,
disse que a organização da FACIM está muito
boa e a recepção foi impecável. A priori tanto
ele como outros expositores provenientes do
Brasil não tinham grandes expectativas, mas a
feira superou e não existem motivos de queixas.
“Viemos em busca de novos mercados.
Já temos um cliente em Moçambique que
trabalha connosco desde o ano passado.
Queremos ampliar os nossos serviços para
cá”, disse.
Segundo Hoffmann, o seu stand tem recebido
diferentes visitantes interessados em
investir a médio e longo prazo na indústria
cerâmica, o que é coadjuvado pelo facto de a
construção civil estar em alta no nosso país.
“Esperamos que as visitas continuem no
mesmo ritmo. Temos visitado algumas
empresas fora da feira para estabelecer
alguns contactos. Se continuar neste ritmo
voltamos ao Brasil com a sensação de
missão cumprida”.
foto de Urgel Matula
Angelina Mahumane
vandamahumane@gmail.com