O Presidente da República, Armando Guebuza, considera que a aposta do Governo na expansão do ensino superior está a produzir resultados animadores na medida em que o país conta com cada vez mais instituições desse nível “a instalarem-se onde estão os potenciais desafios concretos para os quais são chamados a ajudar a resolver”.
“Esta expansão do ensino superior tem também resultado no crescimento das nossas taxas de participação. A cifra de participação era de 1,17 por mil habitantes, em 2004. Em 2012, ela subiu para 5,22 por mil habitantes. Trata-se de um crescimento muito encorajador rumo à média de 6,5 (por mil habitantes) estabelecida para a África Austral”, destacou o Presidente Guebuza.
Guebuza falava sexta-feira última, em Unango, provincia de Niassa, durante a primeira cerimónia de graduação na Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade do Lúrio (UNILURIO), onde foram graduados 37 estudantes formados em engenharia florestal (19) e desenvolvimento rural (18).
O Chefe do Estado realçou na ocasião que Moçambique conta actualmente com um total de 45 instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, as quais são frequentadas por cerca de 124 mil estudantes, quando até 2004 existiam apenas 17 instituições deste nível de ensino com pouco mais de 22 mil estudantes.
Em termos de graduações, há registos de que em 2004 haviam sido graduados cerca de três mil estudantes, tendo esta cifra subido em 2012 para mais de 11 mil graduados.
Paralelamente à expansão do ensino superior, de acordo com o PR, o Executivo tem estado a dar a devida atenção à qualidade e crescente relevância do ensino e para o efeito “o Governo está empenhado na promoção da formação ao nível de pós-graduação e tem de forma competitiva assegurado recursos pecuniários às instituições do ensino superior públicas e privadas”.
A propósito dos recursos, Guebuza disse que os mesmos têm em vista produzir melhorias em infra-estruturas laboratoriais e criar outros elementos fundamentais para assegurar a formação com crescentes níveis de qualidade e relevância nas áreas tecnológicas, das engenharias e das ciências biomédicas.
Para Guebuza, a construção, expansão e reabilitação de infra-estruturas de ensino superior públicas integra-se nesta grelha de promoção da qualidade de ensino. Ainda no âmbito dos instrumentos que visam elevar a qualidade do ensino, criamos o Sistema Nacional de Avaliação, Acreditação e Garantia de Qualidade do Ensino Superior e o seu instrumento implementador, o Conselho Nacional da Avaliação de Qualidade.
“Cientes de que só podemos assegurar um desenvolvimento sustentável, se este estiver baseado na ciência e no conhecimento registamos com agrado que as nossas instituições de ensino superior têm estado a dedicar-se à investigação fundamental e aplicada e orientada para a resolução de problemas que assolam o nosso maravilhoso povo. Importa neste contexto que nos desafiemos a assegurar que os nossos resultados de investigação sejam patenteados no país e nos registos globalmente para deste modo distinguirmos o nome de Moçambique no roteiro das economias baseadas no conhecimento” , disse Guebuza.
Aliás, o Chefe do Estado considera que o conhecimento é um recurso muito importante e impulsionador do necessário salto qualitativo na luta contra a pobreza e pela promoção do desenvolvimento.
PASSO PARA A CONSTRUÇÃO
DA CIDADELA DE UNANGO
A pacata população do posto Administrativo de Unango, distrito de Sanga, testemunhou, há dias, dois momentos de grande importância para a vida futura daquele ponto mais a norte do país, nomeadamente, a inauguração das instalações onde está implantado o Campus da Faculdade de Ciências Agrárias da UNILURIO e a realização da primeira cerimónia de graduação de estudantes (37) desta mesma faculdade, que funciona há precisamente um ano em Unango, embora os cursos tenham iniciado em 2009.
A propósito da inauguração do Campus da FCA, o Presidente da República, Armando Guebuza, regozijou-se com o facto e atribuiu-o um significado histórico, pois representa “um importante passo na realização do sonho de transformar Unango numa cidadela, tal como sonhou o primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Moisés Machel”.
“Hoje, aqui, nasce não apenas uma futura cidade, mas também e sobretudo se inicia a construção de uma cidade de futuro que está a ser impulsionada, em particular, pelos programas de extensão da UniLúrio”, disse Guebuza, arrancando aplausos da diversificada audiência que testemunhou aqueles dois eventos em Unango.
“A graduação dos primeiros técnicos superiores nas áreas de engenharia florestal e de desenvolvimento rural vem conferir uma nova dimensão e cadência na construção dessa cidade sonhada por Samora Machel. Na verdade, engenharia florestal e desenvolvimento rural são duas áreas de capital importância para o desenvolvimento de Moçambique”, sublinhou Guebuza.
No entanto, o Professor Doutor Jorge Ferrão, Magnifico Reitor da Universidade Lúrio, enalteceu a proactividade do primeiro grupo de 230 estudantes que tiveram a atitude corajosa de aceitar viver em Unango, no distrito de Sanga, onde está implantado o Campus da FCA da UNILÚRIO enfrentando, por conseguinte, um sem número de adversidades típicas do meio rural.
Ferrão apontou três motivações que nortearam a decisão da UNILÚRIO instalar o Campus da FCA em Unango, tendo destacado o facto de aquele ponto do país dispor de terra e água em abundância para a prática agro-pecuária, o engendrar de modelos de desenvolvimento social e agrícola e, por último, devido à assumpção do desafio de fazer do Niassa uma província com capital humano que a torne atractiva e competitiva para que, por conseguinte, entre na rota do desenvolvimento da região e do mundo.
“Um ano de estadia nesta região começa a reconfigurar a filosofia da Unilúrio nesta zona. Através do plano de infra-estruturas, foi aberta a oportunidade para mais de 120 jovens operários terem o seu primeiro emprego e salário. Em média, foram transferidos cerca de 10 milhões de meticais só em salários. Mais importante que salário tem sido a oportunidade de aprenderem uma nova profissão e alterarem, substancialmente, os seus modelos de vida”, disse Jorge Ferrão.
O Reitor da Unilúrio debruçou-se ainda em torno do Programa de Extensão Universitária “Um estudante, uma família” e das jornadas Agrárias Interactivas realizadas pela FCA, iniciativa esta que envolve todos os anos cerca de 40 a 50 agregados familiares do Niassa, particularmente do distrito de Sanga, que recebem um estudante daquela universidade num período máximo de quatro semanas sendo duas na altura da preparação da sementeira e as restantes duas na altura da colheita.
“Esta experiência tem sido das mais ricas que a nossa Universidade alguma vez conseguiu estabelecer. Analogamente, para os camponeses, foi a forma de reforçar a sua cidadania, transformando-os em cidadãos de classe diferenciada, com novas formas de luta contra a pobreza e conferi-los hábitos e poderes distintos. Pois, não se é pobre quando a família forma universitários, disse Jorge Ferrão.
Por seu turno, Sofia Muniz Martins disse, em representação dos estudantes graduados, que os quatro anos de curso foram de grandes desafios e sacrifícios que felizmente foram superados, bem ou mal, devido à determinação que cada um dos estudantes tinha para atingir esta etapa da vida.