Os grupos de Poupança e Crédito Rotativo (PCR) de Nametil, sede do distrito de Mogovolas, província de Nampula, estão a servir de modelo para a introdução da plataforma
electrónica da mCel, conhecida por mKesh, com a qual se pretende conferir uma maior segurança e comodidade às sessões de aforro de empréstimo que estas agremiações realizam. A iniciativa resulta do facto de a PCR estar a conquistar um número crescente de adeptos no meio rural, onde a presença da banca formal é nula.
Trata-se de uma inovação que o Fundo de Apoio à Reabilitação Económica (FARE) pretende ver introduzida e implementada a breve trecho, no quadro daquilo a que apelidam de estratégia de retirada das organizações não-governamentais que assistem às agremiações de Poupança e de Crédito Rotativo.
Para a materialização deste objectivo, gestores da carteira móvel da mCel, especialistas do FARE e representantes da organização Ophavela, que formou mais de 670 grupos em Nampula, assistiram recentemente a várias sessões de poupança e crédito realizadas no distrito de Mogovolas com a finalidade de testarem a plataforma e recolher elementos para a adaptação daquele sistema operativo às situações concretas deste tipo de “xitique”.
“No quadro desta estratégia de retirada, pretendemos criar condições para que os grupos continuem a funcionar e tenham ligação com instituições financeiras formais com a intermediação do mKesh”, disse Sónia Zeferino, perita do FARE para assuntos ligados aos grupos de PCR.
Dados em nosso poder indicam que em Nampula existem mais de quatro mil grupos que congregam acima de oitenta mil membros, cujos rendimentos mensais cresceram e começam a justificar a sua integração nos bancos, dado que até ao momento as somas são depositadas em maletas de madeira que são guardadas nas cabanas dos próprios membros.
“Não sabemos quanto dinheiro circula neste sistema, mas se os pudéssemos levar para um sistema formal saberíamos. O que nos preocupa agora é que muitos grupos começam a ter limitações de poupança porque as maletas que usam são pequenas e numa sessão de poupança conseguem reunir mais de 250 mil meticais, pelo que urge minimizarmos os riscos de desaparecimento das maletas”, disse Aníbal Oliveira, director operativo da Ophavela.
Porém, a ligação destas agremiações com os bancos revela-se difícil na medida em que se trata de grupos informais cujos membros não possuem documentos e muitos não se sentem confortáveis com as exigências feitas pelos bancos, sobretudo no domínio da complexidade de documentos e das assinaturas.
Aníbal entende que a criação deste tipo de grupo, para além de ajudar a cobrir a lacuna de serviços financeiros no meio rural, permite que as comunidades aprendam a gerir o seu dinheiro ao mesmo tempo que oferece um cunho de sociabilidade bastante forte.
“Por exemplo, se um dos membros do grupo está a atravessar um momento difícil, por morte ou doença, os restantes companheiros contribuem com valores extra para apoiar ao companheiro necessitado. Alguns grupos estão a fazer isto há mais de cinco anos”, disse Aníbal.
Porque o movimento de PCR está a gerar mudanças efectivas entre os seus praticantes, a Ophavela introduziu recentemente um programa de gestão de negócios por via do qual os interessados aprendem técnicas de elaboração de pequenos planos de negócio onde identificam com clareza onde e como investir, como gerir stocks, excedentes, lucros e atracção de clientes.