Inclinada para área do léxico, Irene Mendes, professora de carreira, publicou dois trabalhos de elevada importância especialmente no movimento académico que trabalha na criação de dicionário e gramática do Português Moçambicano. Declara, portanto, que “eu já fiz a minha parte”, depois de trazer “O Léxico no Português de Moçambique: Aspectos neológicos e terminológicos” (2000) e “Da Neologia ao Dicionário: O caso do Português de Moçambique” (2010).
Mas, a autora navega igualmente nas lides literárias. E em “Os meus apontamentos I” e “Os meus apontamentos II”, este lançado ainda este ano, revela a outra versão da sua relação com as palavras, com as letras.
As obras trazem vivências duma dada realidade social. São estórias coligidas e organizadas em forma de crónicas. Nelas, a autora revela o seu encanto por narrativas que reflectem a cultura, crenças e valores de indivíduos localizados no espaço e tempo.
As produções destacam-se pelo carácter transversal, onde se confirma a forte ligação entre língua e cultura, a interdependência entre sociedade, língua e cultura.
Conforme é referenciado em estudos linguísticos, estes elementos complementam-se, sendo, portanto, verdade que a sociedade não se constitui sem linguagem, que a língua está associada a um contexto sociocultural.
E ao percorrermos “Os meus apontamentos I” sentimo-nos da significação por nós produzida. Elas deixam-nos também a par dos detalhes que estiveram por detrás da produção do referido trabalho (Apontamentos), que – como ficamos a saber – envolvem, por um lado, um compromisso afectivo relacionado ao seu núcleo familiar e, por outro, o compromisso que ela assume como membro da sociedade. Leia mais…