-João Chissano, técnico dos “alvi-negros”
João Chissano já está a moldar o Desportivo à sua imagem e semelhança e constata défice de qualidade nos jogadores, combinado com a falta de agressividade e competitividade. São debilidades sanáveis e, conforme fez questão de sublinhar em entrevista ao domingo, a equipa está a ser reforçada e vai conseguir o objectivo de manter-se no Moçambola.
Substituiu UzarasMohomed na véspera do desafio com o Chingale de Tete, a contar para o Moçambola, tendo perdido por dois a zero. Seguiram-se outros dois desaires na Taça da Liga BNI frente a ENH de Vilankulo (0-1) e Liga Desportiva de Maputo (1-3).
Os resultados tardam alterar-se, mas João Chissano transpira confiança, até porque estas primeiras semanas foram úteis para identificar as dificuldades principais da equipa.
– O principal é mudar a mentalidade dos jogadores,colocá-la um pouco mais ao nível competitivo porque quem quer estar no Moçambola deve ter uma mentalidade, um carácter um pouco mais forte. Temos que ser mais homens do que somos, para além de que sentimos que a equipa cede fisicamente nos momentos cruciais e volta a recuperar, mas tempo depois volta a ceder e normalmente já não consegue atingir os ímpetos competitivos que queremos.
Com um plantel limitado, o técnico está esperançado em contratar novos jogadores neste mês de Junho e manifesta satisfação com as indicações que tem recebido da direcção.
– Estamos bastante satisfeitos com as indicações que temos, vamos reforçar a equipa em todas posições, na baliza, defesa, meio-campo e no ataque, com cerca de seis jogadores. Esperamos que venham para aqui imprimir uma nova dinâmica competitiva aos colegas nos treinos para que essa dinâmica apareça também no próprio jogo, porque a forma como estamos a treinar e como vamos continuar a treinar é a maneira que queremos que os jogadores espelhem dentro do campo nos jogos.
João Chissano argumenta que o treino deve reflectir-se nos jogos a vários níveis, como seja a intensidade, concentração, rapidez, agilidade e outras componentes que fazem parte da dimensão táctica que está a implementar.
TAÇA DA LIGA BNI
ESTÁ A AJUDAR
Relativamente à qualidade dos atletas, o técnico refere que influi bastante no que a equipa produziu até agora. “Quando pretendemos fazer o nosso jogo e muitas vezes não conseguimos fazer três a quatro passes quando estamossob pressão é mau. E às vezes isso acontece sempressão. A questão de qualidade técnica vem ao de cima”.
Perguntamo-lhe como uma equipa fisicamente debilitada pode conquistar resultados imediatos, tendo respondido nos seguintes termos:
– A Taça da Liga BNI está a ajudar-nos bastante porque como equipa técnica estamos a conhecer melhor os jogadores e jogando domingo-quarta-domingo é o melhor treino físico que podemos ter. É a melhor forma de identificarmos fragilidades, porque se alguém repete o mesmo erro no domingo e na quarta-feira seguinte significa que está com problemas e é necessário estar dentro da nossa forma de jogar. Estes jogos estão a ser muito benéficos porque tiramos muitas ilações e temos adversários fortes que põem a nuas nossas fragilidades e tínhamos em quase todos os aspectos. Já estamos a melhorar em termos de carácter e agressividade que a equipa deve ter em campo, não podemos virar a cara à luta, temos que lutar até ao fim.
Depois do afastamento de UzarasMohomed, a nação “alvi-negra” dividiu-se em opiniões com uma parte a defender que o problema não residia no treinador mas nas condições em falta para a equipa, com realce para salários e prémios.
Transportamos essa teoria ao treinador para avaliar se a sua nova missão não era de alto risco, tendo respondido que adora desafios porque obrigam-lhe a trabalhar mais do que o normal.
– As grandes aventuras são as mais excitantes e obrigam-nos a redobrar a nossa forma de estar. Estar no Desportivo e na posição em que está, não nos deixa dormir. Agora que estamos no Desportivo não podemos dormir mais, não podemos descansar, devemos trabalhar acima de 100 porcento, de facto é uma aventura, mas estamos a experimentar outra forma de estar.
Recorda que quando iniciou a carreira de treinador principal no Têxtil de Púnguèdisseram que era uma aventura, renovou o contrato disseram que que era uma aventura maior porque a primeira época calhou, quando conseguiu o quinto lugar, e a verdade é que na segunda época chegou à final da Taça de Moçambique quando o objectivo era exclusivamente a manutenção.
“Portanto, estas aventuras obrigam as pessoas a trabalhar mais e trabalhando mais a pessoa cresce. Eu quero crescer como pessoa e como profissional por isso aceitei este desafio e acredito que vamos conseguir manter o Desportivo na rota do Moçambola no próximo ano”.
Dário Khan pediu voltar
Dário Khan pediu a equipa técnica dirigida por João Chissano a sua reintegração no plantel depois de abandonar o clube por motivos particulares.
O treinador mostrou-se disponível para acolher o atleta depois de informar-se devidamente do que aconteceu. “O DárioKhan quando parou de treinar eu não estava no clube, tenho que perceber isso junto a direcção do clube. O jogador manifestou interesse de se juntar a nós, as coisas que aconteceram na minha ausência não posso assumi-las”.
O nosso jornal apurou que alguns jogadores a reforçar o Desportivo já estão a treinar-se com a equipa. Da Liga Desportiva de Maputo podem seguir para os “alvi-negros” o guarda-redes Joaquim e o defesa Edson.
Custódio Mugabe
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