Falta de dinheiro para passagens aéreas de Maputo para Beira perante a inviabilidade de deslocação terrestre devido a prevalecente tensão político-militar em Sofala e Inhambane, sobretudo no troco Save-Muxugué, foi o factor que determinou a alteração do figurino do Campeonato Nacional de Boxe de 2013 que se vai realizar em dois grupos, um na Beira, nos dias 22 e 23 de Fevereiro, envolvendo as províncias do Centro e Norte, o outro em Xai-Xai para a região Sul, em Março.
Esta foi a saída encontrada pela Federação Moçambicana de Boxe (FMBixe) para não decidir por cancelamento da prova que depois de sucessivos adiamento estava agendada para a Cidade da Beira de 22 a 26 do corrente mês. É mais uma prova de que o boxe moçambicano tem conhecido momentos conturbados, quer ao nível organizacional, quer competitivo, o que retarda a sua massificação pelo território nacional.
O campeonato nacional de 2012 só se realizou em 2013 na cidade da Matola, em condições deploráveis, tendo marcado o início do mandato de Benjamim Uamusse (Big-Ben), substituto de Luís Caldeira na presidência da Federação Moçambicana de Boxe (FMBoxe).
A sucessão de adiamentos do “ Nacional “ de boxe começou no reinado de Caldeira, depois de 2011 ter organizado com sucesso a prova na cidade de Nampula. Houve promessa de levar o campeonato para a cidade de Quelimane, com marcação de datas e tudo para a sua realização. Depois surgiram as dificuldades. Foi sendo adiado até nunca se realizar na capital da Zambézia, outrora tida de “Pequeno Brasil”.
Big-Ben tentou dar continuidade ao traçado pelo seu antecessor mas o “Nacional” de 2012 viria a acontecer na cidade da Matola, nas condições já citadas.
O sonho de realização do “Nacional” em Quelimane prevaleceu. Houve tentativas para sua efectivação em 2013, mas pela frente apareceram os mesmos obstáculos, com destaque para a incapacidade financeira para fazer chegar àquele ponto do país os pugilistas das províncias de Inhambane, Gaza, Cidade de Maputo, Sofala, Nampula e Manica.
No primeiro trimestre do segundo semestre do ano passado começou-se a desenhar a possibilidade de realização do “Nacional” de 2013 na cidade da Beira. Mas reinava a dúvida do financiamento da prova, já que o Estado, através do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), se queixava de falta de dinheiro para atribuição de dinheiro às federações nacionais no âmbito dos contratos programas assinados. Dívida ainda não paga.
Em Dezembro passado, Big-Ben recebe do Instituto Nacional do Desporto (INADE) uma luz verde no fundo do túnel que o possibilitaria realizar as provas programadas de boxe.
Às pressas, o dirigente voou para a cidade da Beira divulgar junto das entidades governamentais e municipais da realização, ainda em 2013, do Campeonato Nacional naquela urbe. O fim do ano não esperou e 2013 teve que acabar sem que tivesse havido o “Nacional”.
Já em 2014, Big-Ben anuncia por escrito que “depois de sucessivos adiamentos”, o Campeonato Nacional de Boxe definitivamente teria lugar na Beira nos de 22 a 26 de Janeiro. Convidou a quem quis convidar.
Surge a primeira contrariedade, ninguém se dispunha a viajar até a cidade via terrestre com medo dos ataques dos homens armados da Renamo, sobretudo no troço Save – Muxuguè, onde mais se faz sentir a tensão político-militar. A segunda contrariedade, que a FMBoxe já havia descartado, foi a não alocação de dinheiro por parte do FPD.
“Não conseguimos dinheiro para fazer deslocar os atletas de Maputo, Gaza e Inhambane para Beira por via aérea, dado que por via terrestre se considerou inviável devido a prevalecente tensão político – militar em algumas zonas das províncias de Sofala e Inhambane. Tudo indica que em Fevereiro teremos o Campeonato Nacional de boxe na Beira. Até que isso aconteça, vamos desenhando outras formas de competitividade, menos onerosas”, anuncia agora Big-Ben.
Manuel Meque