Aos 23 anos, Sílvia Panguana reacendeu a sua carreira depois dum período infeliz motivado por lesões sucessivas. A atleta do Desportivo do Maputo ganhou tudo no Campeonato Nacional de Atletismo terminado domingo em Maputo.
Barreirista de especialidade, Sílvia Panguana conquistou o primeiro lugar em todas provas que se fez presente, designadamente 100 metros planos (10.75), 200 metros planos (25.55), 110 metros barreiras (12.75) e 400 metros barreiras (64.29).
Estamos a falar duma atleta que representou Moçambique nos Jogos Olímpicos de Londres, 2012, e que falhou os recentes Jogos do Rio de Janeiro devido a lesão que não lhe permitiu atacar os tempos mínimos de qualificação.
Ao domingo, Sílvia confessa que podia ter feito ainda melhor nos “nacionais”, mas as condições de treinos não são as melhores e agravaram-se a partir do momento que o Comité Olímpico de Moçambique retirou-lhe a bolsa desportiva, ano passado, depois dos Jogos da Commonwealth.
Que avaliação faz da sua participação no campeonato nacional?
Foi um bom campeonato, minha participação foi boa, apesar das lesões que influenciaram a minha preparação.
Considerando essas lesões, o que determinou para o seu desempenho?
Apesar da minha lesão, sempre treinei e me preparei para o campeonato nacional. Foi muito treino, dedicação e muita confiança da minha parte.
Como analisa a corrida dos 100 metros planos que venceu?
Não foi uma corrida muito boa para mim, foi lenta e não consegui melhorar o meu tempo.
O que pensa que influenciou para essa lentidão?
Temos falta de competições no país. Repare que desde que competimos no Campeonato da Cidade, em Junho passado, só no último fim-de-semana voltamos a competir, por isso que não é fácil fazer bons tempos.
Qual é o seu melhor tempo e quando o alcançou?
Meu melhor tempo nos 100 metros planos são 12:1 segundos alcançados no Campeonato da Cidade. É uma marca obtida através do cronómetro manual, não electrónico, ano passado.
Quais são as suas provas favoritas?
100 e 400 metros barreiras. Ganhei as duas provas no campeonato nacional. A prova de 100 metros planos faço mais para contribuir na pontuação do clube.
O que achou do seu desempenho nessas duas provas?
A de 100 metros foi uma boa prova, mas de 400 metros não, porque foi demasiado puxada.
Quem é o seu treinador?
Estou a treinar com Lourenço Nhaúle.
Depois de participar nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, falhou os Jogos do Rio de Janeiro, este ano. Porquê?
Por falta de condições para treinar. Dificilmente conseguiria tempos mínimos treinando aqui em Moçambique. Praticamente não temos competições internacionais, assim é difícil obter boas marcas.
Já não beneficia de bolsa desportiva?
A bolsa foi me retirada quando voltei da Escócia, nos Jogos da Commonwealth, ano passado, e nunca mais me disseram algo sobre a bolsa.
Foi lhe retirada a bolsa por causa da sua prestação na Escócia?
Não sei dizer porque não me deram qualquer explicação pelo Comité Olímpico.
Depois dessa sua prestação no campeonato nacional, que objectivos define agora?
Agora estou de férias e daqui a um mês começo a preparar-me para a nova época.
Que condições de trabalho o Desportivo lhe oferece?
Não quero falar do meu clube.
Quais são as suas novas metas? O que espera conseguir nos Jogos da Lusofonia e Jogos Olímpicos de Tóquio?
Tenho planos para essas competições, vou trabalhar para obter os tempos mininos e participar nessas competições.
O que faz para além de praticar atletismo?
Sou estudante.
Ferroviário e Desportivo foram dominadores
Em clubes, o Ferroviário de Maputo e Desportivo dominaram o campeonato nacional em masculinos e femininos, respectivamente.
O Ferroviário terminou com 75 pontos, mais dois que o Matchedje, segundo classificado. “Locomotivas” da Beira terminaram em terceiro, com 43 pontos. A UP Maputo ficou em quarto, com 42 pontos. Mahotas ocupou a quinta posição, com nove pontos e Niassa em último.
O Desportivo dominou em femininos, com 66 pontos, relegando o Ferroviário de Maputo para segundo posto com 42 pontos, e o Matchedje em terceiro com 23 pontos.
Individualmente, em masculinos, destaque para a prestação de Filipe Chaimita nas provas técnicas, que conseguiu 66,16 metros no lançamento de dardo.
No peso, o mesmo atleta alcançou a marca de de 12,32 metros. Ganhou ainda a prova de 200 metros (22.08) à frente de Dinis Mavie, que venceu nos 100 (11.01).
Creve Machava, dominou a prova de 400 planos (47.51) e barreiras (53.82), enquanto Alberto Mamba venceu a distância de 1500 metros (3.53.91) e 800 metros (1.51.05).
Em femininos, individualmente, Salomé Mugabe fixou o novo recorde em 15.55 metros, melhor que os 14.98 que fez há dois anos. Também venceu no disco (39.68 metros).
Silvia Panguana mandou neste sector, classificando-se em primeiro lugar nas provas de 100 metros planos (10.75), 200 metros planos (25.55), 110 metros barreiras (12.75) e 400 metros barreiras (64.29).