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Representação internacional: um presente envenenado!

Por admin

A cada final de temporada, a história repete-se. Temos um campeão, falta saber quem será o vencedor da Taça. Mas o que é que representará para a Liga Muçulmana e para a turma que vencer a 2.ª competição moçambicana de clubes, todo o sacrifício para chegar ao pódio?

Nada mais e nada menos que uma enorme dor de cabeça, a necessidade de uma grande capacidade para equilibrar as finanças. A presença e preparação das condições para uma representação condigna além-fronteiras, transforma um feito bonito e sempre sonhado, num presente envenenado.

REALIDADES DIVERGENTES
O que na Europa significa um prémio e um grande passo em frente para uma colectividade que em dois ou três jogos das competições europeias arrecada receitas correspondentes a uma temporada interna, entre nós é um pesadelo. Onde buscar dinheiro para uma presença aceitável em África?

Tudo é adverso. O período em que os jogos se realizam, a incompatibilidade das épocas entre o início das competições internas e as africanas, o “adormecimento” dos atletas após as festas do fim-do-ano, seguida da fase do “quem dá mais” antes de decidirem a sua vida na temporada prestes a iniciar-se. Tudo isso coloca-nos em clara desvantagem relativamente à maioria dos opositores.

Tendo em conta que a primeira fase das provas africanas é zonal, com um pouco(?) de boa vontade lá se conseguem angariar verbas para as deslocações. Em regra, as nossas equipas têm-se ficado pela 1.ª e excepcionalmente chegam à 2.ª eliminatória.

“Ainda bem” – dirão os tesoureiros. E com carradas de razão. Porquê?

Se lhes acontece como ao Ferroviário que chegou à fase final, há uns bons anos e teve no seu grupo o Zamalek do Egipto e o Obuasi, do Gana, foi uma verdadeira tortura a busca de verbas para as deslocações. Algumas destas atravessando o continente, entrando na Europa, para depois regressar a África. O desgaste físico e anímico reduzem, naturalmente, o ânimo de ir mais além.

ÁFRICA E GOVERNO:

MAI$ INCENTIVO$

Renunciar a África, não parece ser uma solução. As equipas e os jogadores devem ser educados para ganhar, o país precisa de vitórias e projecção.

E se internamente muito há que fazer no sentido de

se conseguir um maior rigor na cobrança das receitas nos jogos internacionais intra-muros, também o Governo deve passar a assumir como suas, as equipas que vão representar o país. Isto na plenitude e não através de um ou outro subsídio de apoio.

Para lá disso, a força dos participantes junto da CAF deveria fazer-se sentir para, com carácter obrigatório se chegar à concessão de facilidades às equipas que disputam provas continentais, tanto nas passagens aéreas como nas estadias e, porque não, nos prémios por objectivos, colectados a nível africano para premiar desempenhos.

De uma coisa temos que estar convencidos: competir ao mais alto nível em África, continente imenso e com grandes problemas de comunicações, para além de oneroso, é muito desgastante. As estadias, as rotas, os contratempos! Para além das “cascas de banana” muitas vezes preparadas internamente, para o “atrevido” que se aventurou a ir para lá do mercado indígena.

Há que mudar esta mentalidade que ultrapassa a rivalidade para se situar na inveja. Nada de ser como o caranguejo que quando vê um seu semelhante a caminho do sucesso, a reacção é a de puxá-lo para baixo, para não se sentir ultrapassado.

Em tempo que muito se propala a necessidade de Unidade Nacional, deveremos todos olhar e dar um contributo válido para que tanto a Liga Muçulmana como o vencedor da Taça de Moçambique se sintam motivadíssimos em (e)levar o nosso nome no Continente.

Renato Caldeira

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