Quase dois anos depois da realização dos X Jogos Africanos Maputo 2011, algumas infra-estruturas construídas ou reabilitadas para acolher o evento continuam problemáticas.
Por um lado, persistem situações de difícil acesso aos recintos por parte das federações desportivas, e, por outro, decorrem ainda obras de concertação detectadas após o evento.
Todavia, há sinais de que o dossier Jogos Africanos poderá ser encerrado brevemente, sobretudo porque o recinto mais reclamado – pavilhão do Maxaquene – está quase novo e pronto para receber jogos.
Porque persistem situações nebulosas envolta das infra-estruturas em causa, o Ministério da Juventude e Desporto e o extinto Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA) discutiram o assunto com jornalistas.
AQUI (TAMBÉM)
FALTA DIÁLOGO
Diálogo, diálogo e mais diálogo. É o refrão que se ouve de muitos cantos do país nos últimos dias. Não admira, pois, que tenha sido a palavra mais evocada por José Dimitri, porta-voz do MJD, e Penalva César, director do extinto COJA.
Ambos concordam que as infra-estruturas construídas ou reabilitadas por ocasião dos Jogos Africanos estão sempre disponíveis para as federações, conforme o acordado.
No entanto, tal como a maioria dos moçambicanos, aquela dupla ouve constantemente que o acesso aos recintos por parte dos dirigentes federativos é difícil.
Quer Dimitri, quer César, defendem que a situação persiste “porque falta diálogo entre os clubes e federações”.
“Diálogo salutar”, como diz Dimitri, para Penalva César secundá-lo afirmando que “parece não haver diálogo franco entre aqueles que dirigem as modalidades e os dirigentes dos clubes”.
Penalva César vai mais longe afirmando que o pavilhão do Maxaquene está a ser transformado em bode expiatório para justificar eventuais fracassos desportivos.
– O pavilhão do Maxaquene não pode ser usado como bode expiatório para justificar eventuais fracassos desportivos. As infra-estruturas estão aí e prontas para serem utilizadas pelas federações, atirou.
A LONGA ESPERA PELO
PAVILHÃO DO MAXAQUENE
O pavilhão do Maxaquene está encerrado desde Janeiro de 2012, portanto, só serviu três meses depois dos Jogos Africanos. De lá para cá, são obras e mais obras, mais prazos e mais prazos.
Todavia, tudo aponta para que finalmente o pavilhão seja reaberto nos próximos dias, com um visual digno e em condições de acolher todas modalidades de salão, à excepção do hóquei em patins devido às especificidades daquela disciplina.
Em Janeiro de 2012, depois de chuvas intensas, o pavilhão ficou alagado porque o sistema de dreno montado não era eficaz, com o agravante do recinto estar fixado numa zona baixa das barreiras.
A partir daí, o COJA accionou o empreiteiro, Teixeira Duarte, para intervir no sentido de jamais permitir a entrada da água através dos portões.
Seguiram-se negociações contratuais, com temperos jurídicos de ambas partes, que culminaram com o compromisso de realização de obras de vulto.
De resto, hoje, pelo menos a olho nu, o cenário do pavilhão é esplêndido. Foram montadas rampas e reforçado o sistema de drenagem, para além de tampões para travar as águas.
É por isso que Penalva César transpira confiança a ponto de afirmar que “só um dilúvio jamais visto poderá permitir a entrada de águas no pavilhão do Maxaquene”.
Agora, falta apenas a montagem de tabelas para a reabertura da “catedral” do basquetebol, o que pode acontecer a qualquer momento.
Instado a pronunciar-se sobre o longo período de reabilitação, Penalva César escolheu as palavras “duro e penoso” para qualificar o processo de negociações com a Teixeira Duarte.
– Foi um processo duro, para não dizer penoso, que nos permitiu apresentar o pavilhão do Maxaquene no estado actual. O recinto já está operacional.
Fundamentou que “no caso do Maxaquene demos todo tempo necessário ao empreiteiro para que os problemas sejam resolvidos definitivamente”.
– A Teixeira Duarte solicitou prorrogação do prazo. Fomos pacientes para garantir a qualidade,rematou.
MARCLEUSA AVISOU QUEDA
DA BANCADA DO COSTA SOL
O Costa do Sol queixou-se junto do extinto COJA da qualidade das intervenções efectuadas nos balneários do campo de futebol e na Arena de voleibol de praia.
O clube alega que os balneários continuam a meter água sempre que chove, enquanto a areia colocado na arena não é apropriada para o voleibol.
Aquando da visita do ministro da Juventude e Desporto, Fernando Sumbana Jr, o empreiteiro, Marcleusa Construções, comprometeu-se a intervir nos balneários, mas até agora nada aconteceu.
Aliás, teve lugar uma reunião, este mês, envolvendo o empreiteiro e o clube, com finalidade de resolver os problemas definitivamente.
O encontro serviu para agendar uma nova reunião, essa com presença dos fiscais, havendo previsões de que os erros serão corrigidos.
Relativamente a bancada derrocada, sabe-se que o empreiteiro, Marcleusa Construções, avisou ao COJA das fissuras da infra-estrutura, indicando que a qualquer momento a bancada podia ruir.
Penalva César confirma a correspondência trocada com a Marcleusa Construções, “mas não tínhamos dinheiro para intervir”.
– No Costa do Sol não houve uma intervenção estrutural. A Marcleusa não construiu bancadas. Indicou-nos que podíamos ter problemas nas bancadas. Contudo, não estava previsto no contrato, por conseguinte, não havia dinheiro.
O dirigente detalhou que o próprio Costa do Sol sabe que o problema da bancada resulta duma calamidade natural. “Nas cheias de 2000 o campo ficou totalmente engolido. O Costa do Sol desenterrou o campo”, recorda.
Ajuntou que a intervenção não foi profunda porque o campo do Costa do Sol serviu somente para treinos das selecções e não para competições.
Sobre a arena de voleibol, Penalva não encontra razões de alarme e até sugere aos “canarinhos” para saberem do Conselho Municipal se podem buscar areia da praia do Costa do Sol e montar no campo. O que ele próprio duvida por causa da erosão.
– Pensamos que a areia montada na arena obedece aos critérios internacionais porque foi aprovada pela Confederação Africana de Voleibol e as provas decorreram sem sobressaltos.
Na reunião decorrida recentemente, foram arrolados onze pontos, devendo agora buscar-se o contrato para examinar se os mesmos são passíveis de intervenção da Marcleusa Construções ou não.
DESPORTIVO ABRIU
PARA O “BASKET SHOW”
Pode parecer estranho, mas o pavilhão do Desportivo, encerrado por longo período alegando-se estar em obras, abriu num ápice para acolher a fase final do torneio inter-escolar “Basket Show”.
Tudo indica que, na verdade, o pavilhão esteve encerrado ao basquetebol e outras modalidades por “falta de diálogo” entre os actores desportivos.
O encerramento daquele palco forçou adiamentos sucessivos do início da época de basquetebol, até à altura que os recintos da Apolitécnica e Ferroviário de Maputo abriram portas.
Penalva César informou que o problema do pavilhão era somente eléctrico e já está resolvido, não se percebendo por que razões esteve encerrado ao basquetebol e outras modalidades.
“O Memorando de Entendimento celebrado entre os clubes e o Estado deve ser cumprido na base de diálogo e programas concretos”, defendeu José Dimitri.
PISCINAS OLÍMPICAS IMPRODUTIVAS
As duas piscinas olímpicas construídas no Zimpeto não estão a servir devidamente a natação, apesar da principal estar agora operacional.
No Zimpeto, a questão centra-se com a gestão das piscinas, numa altura que clubes, federação e associação de Maputo reclamam responsabilidade da infra-estrutura.
A piscina de aquecimento tem problemas derivados de entrada constante de poeiras, equacionando-se uma intervenção.
– Estão em estudo duas possibilidades, nomeadamente pavimentação ou arrelvamento do redor da piscina. Há também o problema de limpeza, e em Moçambique não existe o material (barrigudas),disse Penalva César.
O dirigente defende que a piscina tem de ser gerida por um órgão que entende de natação. “Não se pode pôr lá um Penalva que não percebe do assunto”.
Custódio Mugabe