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Pretendemos algo mais ambicioso

Por admin

O Presidente da União Desportiva do Songo, Luís Canhemba, afirma que chegou a hora deste clube realizar o sonho dos residentes da vila de Songo e dos distritos localizados em redor, que pedem com sofreguidão, que a equipa ganhe o “Moçambola”. Em discurso directo, ele fala dos planos desenhados pela sua direcção e aponta alguns constrangimentos que afectam o futebol nacional.

Que planos e metas têm a nova direcção da União Desportiva do Songo?

Definimos cinco principais pilares que vão nortear a acção da nova direcção do clube

Que pilares são esses?

Em primeiro lugar é a competitividade

Em que consiste?

Estamos no “Moçambola” desde 2010 e já lutamos pela permanência, pela afirmação e agora pretendemos algo mais ambicioso que é a disputa pelo título. Achamos que o povo de Songo e das áreas adjacentes já merece e até temos sofrido alguma pressão nesse sentido.

Como acha que vão chegar a essa meta?

Este ano temos um plantel jovem e jogadores experientes que já foram campeões e alguns que já estiveram na selecção nacional. Aliás, a nossa espinha dorsal é o plantel do ano passado. Lembra-se que terminamos no quinto lugar, com o mesmo número de pontos do clube que estava em quarto.

Só por isso?

Parece pouco, mas também estamos cientes das dificuldades associadas a essa nossa pretensão. Sabemos que acarreta custos porque o clube precisa ter e manter jogadores com experiência e capacidade. E também temos a necessidade de investir seriamente na nossa longevidade e sustentabilidade.

A questão que coloquei tinha a ver com questões práticas…

Sim. Já começamos a fazer o nosso trabalho.

Em que aspectos concretos?

Na equipa propriamente dita temos um atleta sul-africano e dois malawianos também da selecção daqueles países, que são de uma grande valia para a equipa e para o alcance dos resultados que temos conseguido até aqui.

Que mais?

Temos definido um segundo pilar que é o investimento na formação. Aliás, esta componente se conjuga com o investimento na alta competição.

Trocando em miúdos?

Interessa-nos ter uma área de formação muito forte. Queremos criar uma academia aqui na vila do Songo que tenha a capacidade de acolher cerca de 600 crianças dos 10 aos 14 anos e que esta seja uma referência regional, falo da África Austral. Já estamos à busca de parceiros, mas as ideias estão desenhadas.

Por exemplo?

Definimos que as crianças a serem integradas deverão ser oriundas do distrito de Cahora Bassa. Com este projecto pensamos que ofereceremos alguma longevidade ao clube e poderemos passar a alimentar outros clubes nacionais e estrangeiros.

É um plano ambicioso. Que características terá esse espaço?

Julgamos que deverá ter um mínimo de seis campos de iniciação, pelo menos 20 treinadores de formação, centro de estágios e uma escola que não deverá ser apenas de futebol, mas pedagógica com a inclusão de outros cursos.

Isso é um mundo. Já tem ideia dos custos?

Estamos a desenhar o plano de custos e assim que estiver terminado, partilharemos consigo.

PARCEIROS PRECISAM-SE

O vosso campo continua despido de bancadas e de outras infraestruturas. Quando serão erguidas?

Esse é o nosso terceiro pilar, o de infraestruturas.

Pode elaborar à volta dele?

Neste momento temos dois campos. Um de alta competição e outro de formação. Entretanto, precisamos de bancadas e, ao nível da direcção do clube já se definiu que se deve fazer o levantamento das necessidades de investimento.

Há metas?

Sim. Este plano deve estar concluído em breve para se dar início à elaboração do projecto e o plano de custos que deve estar concluído até ao final do ano. Já temos os topógrafos a trabalhar no terreno e até ao próximo ano deveremos assistir ao início da construção das bancadas.

Qual será a capacidade?

Pensamos que será de dois mil lugares.

Mas, já devem ter uma ideia de custos?

Temos alguns drafts que nos indicam que deveremos investir, só na componente das bancadas, cerca de 30 milhões de meticais.

De onde virá esse dinheiro?

Precisamos de concluir os trabalhos de gabinete, de detalhe, para iniciarmos a campanha de angariação de fundos junto dos nossos parceiros locais e outros que se simpatizam com o nosso projecto.

Parceiros? A União Desportiva do Songo não é uma equipa da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB)?

Foi exactamente por causa dessa percepção que recentemente mudamos o nome da equipa. A HCB é apenas um patrocinador que também apoia outros clubes, como o Chingale de Tete e a própria selecção nacional. É o único que temos até aqui. Não estamos integrados na HCB. Aliás, estamos abertos a outros patrocinadores. É bom que isso fique bem claro.

Está mais do que entendido. Mas, o que ganhariam os tais eventuais parceiros que vos dessem 30 milhões de meticais para este projecto?

É natural que os vamos mostrar que se financiarem esta nossa iniciativa terão uma maior visibilidade porque, felizmente temos o campo sempre cheio, por um lado, e por outro, jogamos em todo o país. Eles ganharão e muito. É preciso não esquecer que hoje integramos a lista das cinco melhores equipas do Moçambola e isso dá visibilidade a qualquer um que se junte a nós.

A terem que depender de convencer parceiros, dá a impressão de que está a faltar um elemento em todo este projecto. A sustentabilidade?

Esse é o quarto pilar que definimos.

É?

Claro que é. Nós temos uma história que começa em 1982 como clube recreativo. Hoje somos um clube de alta competição e queremos dar um passo em frente passando a ser sustentáveis.

A minha questão é mesmo essa. Como?

Estamos a pensar, na verdade é um sonho, que a médio prazo devemos criar um centro de estágio com características de um hotel, com alojamento para atletas, dois campos de futebol, áreas de lazer, entre outras facilidades.

Onde?

Poderá ser no distrito de Angónia, aqui na província de Tete. As selecções, clubes e outros interessados poderiam ir até lá para fazer estágios pré-competitivos e julgamos que isso nos pode dar alguma renda para além das receitas de bilheteira e dos patrocinadores.

Esgotemos os pilares. Tem mais algum?

Sim. Temos o quinto e último que é a internacionalização do clube. Estamos a fazer parcerias com clubes dos países da região, nomeadamente sul-africanos, zimbabueanos, malawianos, zambianos, angolanos para podermos ter uma melhor formação dos nossos treinadores, intercâmbio entre atletas e aprender deles a criar condições para ter um clube sustentável.

QUALIDADE ÁRBITROS PREOCUPA

O futebol é muito marcado por críticas à arbitragem. Como é que encara essa componente?

A nossa percepção é de que a arbitragem é fraca. Se disséssemos o contrário estaríamos a mentir. Pensamos que deve ser o elo mais fraco da cadeia do nosso futebol. Quem de direito deve estudar isto. A verdade desportiva está falseada. Viciada.

O que acha que está por detrás dessa debilidade?

Deve ser por causa da formação. Como é que estes árbitros são formados? Muitos deles chumbaram nos testes feitos no começo do ano, mas hoje estão a apitar tranquilamente.

Também se fala muito da corrupção

Não há dúvidas. Muitos dos principais agentes desportivos queixam-se disso. É preciso que se investigue. A Liga Moçambicana de Futebol trouxe a componente combate à corrupção. Penso que isso é de louvar. Vamos ser se temos os resultados.

Jorge Rungo
jrungo@snoticias.co.mz

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