TEXTO DE ALMIRO SANTOS, EM PARIS
A imagem de um jovem moçambicano, de 18 anos, inconsolável e lavado em lágrimas no Stade de France em Paris, comoveu o mundo, e apesar de apenas ter posto em evidência um momento de infelicidade, dos muitos que o desporto proporciona, emocionou até os juízes que decidiram ontem pela desclassificação de Steven Sabino na prova dos 100 metros, uma das mais apetecíveis dos Jogos Olímpicos.
Foi um momento único de emoção naquele estádio situado em Saint Dennis, norte de Paris, com adversários, voluntários e até jornalistas estrangeiros a acercarem-se do infortunado velocista moçambicano para o confortar, e editando as mais nobres imagens que o desporto pode transmitir.
O sonho do velocista moçambicano terminava assim sem sequer ter começado, desfeito pelos implacáveis juízes da prova, aos quais Sabino ainda implorou para que lhe dessem uma segunda oportunidade mas, debalde, até porque as regras da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), apenas permitem que os atletas tenham direito a uma partida falsa em provas como as de decatlo, que combina 10 disciplinas do atletismo, uma regra que vigora desde 2010.
Destroçado e inconsolável, Sabino pediu desculpas aos pais e ao povo moçambicano pela partida falsa, mas ficou a sensação clara de que poderia ter vencido a sua série, até pelo facto de, posicionado na grelha de partida entre o corredor de Eswatine, Sibusiso Matsenjwa, e Davonte Howell, das Ilhas Caimão, partia com o histórico de 10.35, a sua melhor marca.
A série de Steven Sabino terminou precisamente com a qualificação dos atletas que o ladeavam na grelha de partida, Davonte Howel, com 10.31, e Sibusiso Matsenjwa, com o qual o moçambicano radicado na África do Sul já correu em vários intercâmbios regionais, em segundo com o seu 10.39, bem ao alcance dos 10.35 do infortunado velocista moçambicano. Leia mais…