Num final de tarde de Verão, mas ainda com o sol assaz violento, cheguei 30 minutos antes da hora marcada para a conversa com Mário Coluna, que acabaria por ser a última das nossas vidas. Depois daquele dia, nunca mais consegui ouvir as histórias intermináveis que transportava na sua enorme mala de memórias. Em 2014, Coluna viria a perder a vida.
A frescura da baía de Maputo arrefecia o dia e embalava a nossa doce cavaqueira de doces memórias de Mário Coluna, nascido em Magude, norte da província de Maputo.
– Foi consagrado como “Monstro Sagrado”, mas sabe-se que os portugueses já o trataram por “Tractor”. Como foi que se deu essa evolução?
– Fui tratado por “Tractor” por influência do categorizado jornalista e relator Artur Agostinho. Dizem que pela forma como eu abordava o jogo, no Benfica ou na selecção portuguesa, um tempo depois passaram a tratar por “Monstro Sagrado”.
– Como é que classifica o Coluna jogador?
– Um jogador lento e pragmático. Mas essa lentidão era compensada pela forma inigualável como transportava a bola, fazendo chegar aos lugares certos, em hora certa.
– Antes de ir para Portugal, fazia um jogo de manhã e ainda tinha estofo para fazer outro no período de tarde. Onde conseguiam estofo para aguentar fazer dois jogos em 24 horas? Leia mais…
Texto de Joca Estêvão
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