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Matchedje está saudável apesar de dever salários

Por admin

As constantes notícias de greves por parte dos atletas das diversas modalidades no Matchedje de Maputo fazem com que o público consumidor das mesmas fique com a ideia de que aquele clube, que na década oitenta não lhe faltava quase nada, está a atravessar um momento de total desgraça.

O director desportivo da colectividade, André Mahunguane, desdramatiza a situação e diz que o atraso no pagamento de salários e subsídios aos atletas é coisa passageira.

“Não há crise”, defendeu Mahunguane, para quem o referido atraso deve-se ao tardio cumprimento do compromisso dos patrocinadores, no âmbito da parceria que têm com o clube.

domingoconstatou haver um generalizado descontentamento no seio dos que trabalham no Matchedje, dentre atletas, técnicos e funcionários, devido aos constantes atrasos no pagamento de salários ou subsídios, uma situação que contraria o cenário prometido pela actual direcção, composta por militares no activo.

O lado militar e o desportivo não estão em harmonia. O clube está mais vestido de fardamento militar do que de fatos de treinos, o que enfraquece aquele emblema.

INSURREIREIÇÃO DOS PUGILISTAS

Só em situação muito caótica os militares se amotinam. Foi mesmo isso que aconteceu com os jovem militares (devidamente formados) que representam Matchedje de Maputo na modalidade boxe, de que são verdadeiros campeões nacionais e representantes de Moçambique em diversos eventos. Juntaram defronte da sede do clube a exigir pagamento de salários de quatro meses que são devidos.

Desconfiando que ninguém dava importância da sua insurreição, os pugilistas chamaram pela nossa reportagem para relatarem o seu sofrimento de não estarem a auferir os seus ordenados desde Agosto passado.

Os amotinados juravam que não iam abandonar as instalações do clube sem que fossem pagos algo, nem que fosse apenas o salário de um mês. Diziam que estavam cansados de ouvir “ tenham calma, vão receber”. Pensavam (ou ainda pensam) que o problema não era do Ministério da Defesa, nem do Estado Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, mas da própria direcção do clube que, provavelmente, estaria a desviar os seus salários para fins obscuros.

“Estamos desde o mês de Agosto sem receber. Temos que ir aos treinos e aos combates esfomeados, porque alguém entende que não merecemos o que é nosso. Estamos cansados. Temos a certeza de que o dinheiro dos nossos salários está sendo desviado aqui dentro do clube”, disseram-nos logo que chegamos ao clube, onde nos aguardavam.

Depois de auscultar os atletas, procuramos por alguém da direcção que nos pudesse dizer algo sobre a revolta dos pugilistas. Nos interessava falar com o próprio presidente daquela colectividade, que se encontrava no local, no seu gabinete, mas fomos indicados o director desportivo, que afavelmente nos recebeu.

Estamos aqui para saber se é verdade que o clube não paga salários aos pugilistas desde o mês de Agosto. Que diz?

– “Temos conhecimento da situação. O Matchedje teve problema de salários. Não foi possível pagar ao mesmo tempo a todos. Os nossos patrocinadores conseguiram dinheiro para salários de três meses dos jogadores da equipa principal de futebol. Ficamos por pagar os meses de Novembro e Dezembro”, respondeu André Mahunguane.

Ficamos a saber que na verdade aos pugilistas eram devidos salários. Mas não eram os únicos nessa situação, conforme explica a nossa fonte.

“Estão sendo feitos esforços para o pagamento de salários, aliás subsídios, em atraso dos atletas das modalidades de andebol, boxe, atletismo e do futebol júnior. Eu pessoalmente reuni com os atletas hoje (sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013) e lhes transmiti a preocupação da direcção do clube para com resolução do problema e esperamos que na próxima semana haja dinheiro, conforme o prometido pelos nossos patrocinadores”, disse, acreditando que até terça-feira, 17 de Dezembro, alguns seriam pagos. 

Do nosso lado surgiram algumas dúvidas: Afinal, o Matchedje não é do Ministério da Defesa Nacional? Porque fica dependente de patrocinadores se recebe dinheiro do Estado, via Ministério da Defesa? Quem são, então, esses patrocinadores?

“Os patrocinadores são o Ministério da Defesa, o Estado Maior das FADM, Escola de Sargentos e outros Ramos, mais a Petromoc. Os resultados da equipa principal de futebol fizeram afastar outros patrocinadores e aqueles que se aproximavam ao clube”, explicou o coronel Mahunguane. Quando questionado se o clube estava ou não a viver crise financeira, o director desportivo respondeu com um categórico “não”.

“ Não se pode dizer que o Matchedje se debate com crise financeira, nem que vai estar em crise. É uma situação passageira e de curto prazo. Quem quiser vir jogar aqui que venha sem receio, porque no campeonato da cidade pagaremos o mesmo que estávamos a pagar no Moçambola. É com essa base e confiança que estamos a contratar novos jogadores, com o objectivo de em 2015 voltar a disputar o Moçambola. Este não é nenhum clube desgraçado”, finalizou.

 

Manuel Meque

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