Os jornalistas do domingo elegeram Leia Dongue “Tanucha” desportista do ano 2014, em reconhecimento da qualidade demonstrada pela basquetebolista nas várias frentes.
No ano de estreia de Moçambique num Campeonato do Mundo de basquetebol, Leia Dongue cometeu a proeza de figurar entre as melhores jogadoras da primeira fase daquela competição global.
No “Mundial”, o país acabou por deixar uma imagem positiva muito pelo empenho da jogadora, que, a despeito das três derrotas somadas nos jogos disputados, deixou a sua marca em Ankara.
Sempre com Tanucha em destaque, na Turquia, Moçambique perdeu na estreia frente ao Canadá (69-54), e na segunda partida a França foi superior desde o apito inicial, vencendo no final dos 40 minutos por 89-45.
O espírito de guerra da turma moçambicana voltou a vincar-se no derradeiro desafio frente a anfitriã Turquia, no qual Moçambique saiu da quadra com motivos de festejar a diferença final de dez pontos (54-64).
No jogo frente a França, Leia Dongue viu sua exibição ser reconhecida pela FIBA ao ser eleita a Melhor Jogadora em campo (MVP). Nesse desafio, marcou 18 pontos e ganhou 11 ressaltos, depois de no jogo inaugural ter marcado dez pontos e arrecado mesmo número de ressaltos. No terceiro e último jogo, diante da anfitriã Turquia, Leia Dongue amealhou 17 pontos e 14 ressaltos.
Estes números conferiram à atleta moçambicana a eleição como quarta melhor jogadora da primeira fase do “Mundial”, e, por conseguinte, uma das principais figuras do campeonato planetário.
No 1° de Agosto de Angola desde o início de 2013, Leia Dongue fechou o ano com medalha de prata na Taça dos Campeões Africanos de Basquetebol sénior feminino disputada na Tunísia, competição na qual foi eleita Jogadora Mais Valiosa (MVP).
De resto, é um prémio que está a tornar-se familiar à atleta, considerando que foi também MVP da última edição do campeonato angolano de basquetebol.
ADEUS A MÁRIO COLUNA E EUSÉBIO
Moçambique chorou este ano dois dos seus maiores embaixadores. Em fevereiro, morreu Mário Esteves Coluna, o “Monstro Sagrado”. Nascido em Magude, província do Maputo, Coluna pertenceu ao grupo dos primeiros moçambicanos que brilharam, primeiro, em campos de futebol de Portugal, e, depois, do Mundo inteiro.
Cedo, Marito deixou a pacata vila de Magude com o pai, fixando-se no bairro Alto Maé, cidade de Maputo. Foi aqui onde teve os primeiros contactos com a bola de trapos, iniciando uma paixão que o levaria aos melhores palcos do planeta, conquistando e delirando plateias insaciáveis.
Praticou também o atletismo, convidado pelo poeta José Craveirinha, tendo estabelecido alguns recordes nacionais na especialidade de salto em altura.
Mas acabou sendo o futebol – a sua grande paixão – a marcar indelével a sua vida, com uma carreira notável no Benfica e também na selecção portuguesa.
Quando terminou a carreira, regressou a Moçambique, onde se sagrou primeiro campeão nacional de futebol de Moçambque independente, à frente do Textáfrica.
Foi no Benfica onde se destacou. Mário Coluna jogou 16 épocas no maior clube português, onde fez 677 jogos, 59702 minutos e marcou 150 golos.
Conquistou no “Glorioso” duas Taças dos Clubes Campeões Europeus (1960/61 e 1961/62), dez campeonatos nacionais (1954/55, 1956/57, 1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68 e 1968/69), seis Taças de Portugal (1954/55, 1956/57, 1958/59, 1961/62, 1963/64 e 1968/69), para além de inúmeros títulos de prestígio internacional como o Troféu Ramon Carranza (1963/64).
Futebolista completo e de grande polivalência, jogou essencialmente como médio (608 jogos), mas também como avançado (33 jogos) e na defesa (32 jogos).
Pela selecção portuguesa participou em 57 jogos, em 21 como capitão, marcando oito golos.
“PANTERA NEGRA”
Antes, no dia 5 de Fevereiro, falecera em Lisboa, Portugal, Eusébio da Silva Ferreira, eleito no dia 23 de Setembro de 1999 o “Melhor Futebolista Moçambicano do Século”, no culminar duma iniciativa do jornal domingo.
Eusébio ocupou a posição cimeira com 17 (dezassete) votos, seguido de Mário Coluna com 15 votos e de Fernando Lage com 11 votos, pelo que estes formidáveis executantes se guindaram ao topo dos melhores do nosso futebol.
Na quarta posição, quedou-se Matateu com oito votos. De salientar, aliás, que estes quatro nomes foram os únicos a serem nomeados e indicados pelo júri.
Eusébio da Silva Ferreira nasceu na ex-Lourenco Marques, hoje Maputo, em 25 de Janeiro de 1942, e cresceu no bairro da Mafalala, onde, aliás, ainda “menino e moço” deu os seus primeiros chutos numa bola de trapos, imaginando que era uma verdadeira bola de futebol.
Em 17 de Dezembro de 1960, Eusébio da Silva Ferreira, que viria a tornar-se um dos maiores futebolistas mundiais de todos os tempos, rumou para a capital portuguesa.
Esqueceu as saudades, ultrapassou todas as dificuldades e foi em busca da fama. Eusébio é, agora, também, considerado o Maior Futebolista Moçambicano do Século.
Em Portugal, pelas suas qualidades, Eusébio se tornou rapidamente na maior referência do Benfica, da selecção portuguesa, da Europa e do Mundo.
Os restos mortais do “Pantera Negra” serão transladados do Cemitério de Lumiar para o Panteão (Praça dos Heróis portugueses), conforme decisão por unanimidade das bancadas parlamentares da Assembleia da República de Portugal.
Desse modo, os portugueses reconheceram Eusébio como figura de dimensão nacional, igualada a dos antigos presidentes Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Pais e Teófilo Braga; o General Humberto Delgado, opositor do Estado Novo, os escritores Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, João de Deus e a fadista Amália Rodrigues.