“ A fera não está adormecida”, dirão alguns dirigentes desportivos, dentre os acomodados nas federações e ligas desportivas nacionais, quando souberem do regresso às suas instituições da Inspecção Geral (IGJD) de Juventude e Desporto, encabeçada por José Dimitri, que quer saber da utilização dos fundos do Estado e de como cumprem com o que a Lei do Desporto preconiza para o seu funcionamento.
Para este segundo semestre de 2016, a IGJD vai escalar as federações de futebol, basquetebol e atletismo e ainda Liga Moçambicana de Futebol.
“Queremos verificar se as federações e as ligas estão a cumprir com os procedimentos administrativos e financeiros. E se cumprem com o que vem preconizado nos seus estatutos, como o prazo dos mandatos das suas direcções, em conformidade com o que rege o Regulamento da Lei do Desporto” explicou José Dimitri ao domingo.
Dentro do próprio Ministério da Juventude e Desporto, de que está inserida a IGJD, ainda este ano vão ser inspeccionados o Fundo de Promoção Desportiva (FPD), Instituto Nacional do Desporto (INADE) e o Instituto Nacional da Juventude (INJ), conforme nos adiantou José Dimitri.
No entanto, o Inspector-geral da Juventude e Desporto chama atenção para o facto de as inspecções anunciadas não serem únicas por realizar, porque “podemos, para além de ordinárias, efectuar inspecções extraordinárias para aferir assuntos específicos que acontecem nas federações, como a de boxe, na Liga Moçambicana de Basquetebol e noutras instituições.”
SOFALA NO BOM CAMINHO
No quadro da fiscalização, inspecção e verificação dos procedimentos administrativos e jurídicos junto às organizações juvenis e desportivas, a Inspecção Geral da Juventude e Desporto trabalhou recentemente na província de Sofala.
“Encontramos nas associações juvenis e desportivas, bem como nos clubes, práticas exemplares de democraticidade, visto que a maior parte das organizações realizam as suas assembleias-gerais ordinárias respeitando escrupulosamente o que vem instituído nos seus estatutos e o cumprimento dos mandatos preconizados no Regulamento da Lei do Desporto”, reconheceu José Dimitri.
“Porém, ainda existem alguns desafios quanto a organização de banco de dados relativamente a inscrição de atletas nas associações provinciais, bem como o de registo de técnicos, juízes e cronometristas. Desafios esses que se estendem aos testes de aptidão física de atletas no inicio da época desportiva”, sublinhou.
Práticas positivas também foram encontradas pela inspecção no Clube Ferroviário da Beira, um dos maiores do país.
“ O Ferroviário da Beira tomou dianteira no processo de licenciamento de clubes, desconto dos seus agentes desportivos para adesão no sistema de Segurança Social, pagamento de salários mínimos em conformidade com a Lei do Trabalho, entre outras práticas. E está muito apostada no melhoramento e construção de infra-estruturas desportivas de multi-uso“, enalteceu o inspector-geral.
Porém, no geral Sofala precisa de trabalhar mais na massificação da formação de técnicos e gestores desportivos que possam assegurar as direcções dos clubes e das associações.
Nova direcção do CND
depois dos Jogos Olímpicos
José Dimitri quando questionado porque não se faz inspecção ao Conselho Nacional do Desporto (CND), um órgão de aconselhamento ao Ministério da Juventude e Desporto, em matérias desportivas, cuja direcção está fora de mandato há anos, garantiu que o assunto será tratado no próximo ciclo olímpico, que inicia no fim dos Jogos Olímpicos do Rio – 2016, no Brasil.
“Todos estamos cientes de que o mandato do CND precisa de actualização e renovação. Isso terá que ser acertado com o ciclo olímpico que começa no fim dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Estamos certos de que no começo do novo ciclo olímpico o CND terá nova direcção para um novo mandato. Os representantes provinciais daquele órgão já têm mandatos renovados. Só falta ao nível nacional”, esclareceu José Dimitri, sem querer entrar em pormenores.
O inspector-geral da Juventude e Desporto admitiu que “é infalível o CND se enquadrar no ciclo olímpico. No entanto, temos que ir a fonte ver e ouvir como está sendo gerido aquele órgão. Vamos interagir com os seus órgãos sociais.”
O actual presidente do CND é Eugénio Chongo, que é igualmente presidente de direcção do Clube Matchedje de Maputo. Nada se sabe se será substituído ou se vai recandidatar-se para novo mandato. Manuel Meque
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