O Ministério da Juventude e Desportos (MJD) , Conselho Nacional do Desporto (CND) e o Comité Olímpico de Moçambique (COM) sabiam da incompatibilidade do exercício, em simultâneo, das funções de empresário desportivo e presidente da Federação Moçambicana de Atletismo por parte de Shafee Sidat, mas não tiveram a coragem de impedir a sua candidatura e posterior eleição.
E todos estiveram na sua tomada de posse.
O Regulamento do Trabalho Desportivo estabelece no artigo 26, alínea c, que o exercício de funções de dirigente desportivo é incompatível com o de empresário desportivo. Na altura das eleições, o CND, presidido por Eugénio Chongo, terá procurado convencer os outros dois candidatos a se manifestarem contra a candidatura de Shafee Sidat ou a impugnarem a sua eleição.
domingosabe que o elenco candidato encabeçado pelo académico Ângelo Muria se recusou a desempenhar o papel do CND, alegadamente porque não queria “jogar baixo” para chegar a presidência da FMA.
O candidato José Cucheza diz que telefonou para alguém do CND, cujo nome não registou, procurando saber se não havia incompatibilidade no exercício simultâneo das funções de Agente FIFA e presidente da FMA, tendo recebido a resposta de “nada”, pelo que Shafee Sidat podia concorrer e ser eleito.
As associações provinciais, através dos respectivos presidentes, são de opinião de que cabe ao Ministério da Juventude e Desporto fazer cumprir a lei do desporto em vigor no país, ao invés de ficar no “deixa andar” que nos habituou.
António Mendes, presidente da Associação Provincial de Atletismo de Nampula, diz que nunca tinha ouvido falar da incompatibilidade agora evocada, mas entende que “ caberá a ele (Shafee) escolher o que quer. Nós o elegemos como nosso presidente e ainda confiamos nele”.
Francisco Jaime, presidente da Associação provincial de Atletismo de Gaza, diz que “ Shafee foi eleito democraticamente para dirigir a federação de atletismo. Tudo que hoje se diz dele deve ser ignorado porque nada foi por culpa dele. Quem deve fazer cumprir a legislação desportiva é o Ministério da Juventude e Desporto que devia ter constatado essa incompatibilidade na devida altura. Eu sugiro que ele deve continuar presidente da federação, porque já começou a fazer aquilo que prometeu e nós estamos satisfeitos. As províncias já participam nos campeonatos nacionais com elevado número de atletas e com condições adequadas”.
Chimene Muacaiane, presidente de Manica, começa por dizer que “devia ser a própria federação e o Ministério da Juventude e Desportosa constatarem essa incompatibilidade antes das eleições para depois sublinhar que “ ele foi votado por nós para presidir a federação porque ninguém nos disse que não o devíamos votar”. E aguarda pelos computadores que Shafee prometeu.
Silvano Jorge, coordenador regional norte, diz que já sugeriu ao presidente Shafee para convocar uma reunião, a ter lugar em Nampula, com todos os associados, para analisar e resolver todos os problemas que estão a ser noticiados. E é de opinião que Shafee continue na federação e renuncie a actividade de Agente FIFA.
“Se se deixou que o votássemos, não vejo porque razão hoje se evoca essa incompatibilidade que não nos foi comunicada”, afirma Silvano Jorge.