A despeito das derrotas averbadas recentemente e que ditaram a eliminação na Taça da Liga BNI, o treinador principal do Estrela Vermelha, Chaquir Bemat, manifesta-se tranquilo e promete um regresso forte no “Moçambola” para atacar os seis primeiros lugares.
O Estrela Vermelha conseguiu um arranque surpreendente no seu regresso ao Campeonato Nacional de Futebol depois de várias épocas no escalão secundário. Um início que, disputadas doze jornadas, confere aos “alaranjados” a décima posição na classificação geral, com 13 pontos.
Engana-se quem julga que esse pecúlio resulta dum proporcional investimento no orçamento do clube. O técnico recorda-nos que construiu o plantel com base nos jovens atletas formados naquela colectividade.
– O plantel é basicamente constituído por jogadores de formação do Estrela Vermelha; temos muitos jogadores de 18, 19, 20 e 21 anos, os experientes que temos são Betinho e Gabito. A partir de momento que vamos buscar juniores, quer dizer que é um plantel barato. Estamos a construir uma equipa, e, como o clube tem uma boa formação, procuramos com base nessa qualidade moldar uma boa equipa. Estes jogadores têm qualidade, mas nalgum momento falta-lhes experiência.
Mesmo assim, segundo o técnico, estão criadas as condições para atingir o desafio “muito grande” proposto pela direcção, nomeadamente terminar o campeonato entre os primeiros seis lugares.
TRANQUILOS
APESAR DAS DERROTAS
No “Moçambola”, o Estrela Vermelha já consentiu três derrotas, frente a União Desportiva do Songo, Costa do Sol e Liga Desportiva de Maputo. Mesmo assim, Chaquir Bemat faz uma avaliação positiva do trabalho desenvolvido.
– É muito positivo, estamos a fazer um bom campeonato para o nosso objectivo. É verdade que perdemos com Songo, Costa do Sol e Liga Desportiva, portanto, três equipas grandes. Não podemos perder humildade e não aceitar essas derrotas com colossos, principalmente o jogo com o Songo que tivemos muitas dificuldades. Contra a Liga estivemos muito melhor e até merecíamos um empate, apesar do maior volume de jogo ofensivo deles. Estamos dentro dos parâmetros para alcançar o nosso principal objectivo. Vamos procurar melhorar a qualidade de jogo e principalmente a finalização, porque criamos muitas oportunidades de golo que não concretizamos.
Na reabertura do mercado, o Estrela Vermelha reforçou-se com um extremo, um avançado, um trinco e um lateral esquerdo. Dois dos novos atletas têm alguma experiência. Trata-se de Hilário, emprestado do ENH, e Kikito, que representou Desportivo e Ferroviário de Nacala. Outro atleta é proveniente da Académica e foi formado no próprio Estrela. O quarto jogador ainda está em negociações.
Instado a comentar a trajectória imbatível nas primeiras oito jornadas do “Moçambola”, Chaquir observou que o importante é respeitar todos adversários, defender bem e atacar sempre que for oportuno.
– Sabemos que equipa temos, não vamos perder a humildade, somos pequenos em termos de nomes. Assumimos que temos de defender bem e quem defende bem tem maiores probabilidades de ganhar o jogo. Se defendemos bem e criamos oportunidades de golo e marcamos ganhamos o jogo; Se defendermos bem e não marcarmos empatamos. Treinamos a equipa a defender bem, não só a defesa, mas a estrutura toda da equipa e procurar surpreender as equipas grandes e com as do nosso nível fazer o jogo pelo jogo.
Segundo o treinador, mesmo frente aos “grandes”, quando julga que dentro do terreno as coisas não estão a acontecer, a equipa abre-se e ataca a todo vapor. “Foi um bom momento para uma equipa que vinha do segundo plano, é um valor que criamos dentro do grupo e vamos procurar manter esse nível porque uma equipa que não sofre golos tem maiores probabilidades de chegar longe”.
Contra-ataca aqueles que pensam que o Estrela Vermelha está a enfraquecer-se, argumentando que nos últimos desafios faltaram apenas as vitórias porque as exibições foram boas.
“O Estrela Vermelha só não teve bons resultados, mas conseguiu grandes exibições. Já no jogo com o Maxaquene encostamos o adversário e só marcou por uma grande penalidade. Com o Costa do Sol tivemos o domínio total do jogo, mas cometemos dois erros capitais e sofremos os golos. Em termos de qualidade de jogo encostamos o Costa do Sol no seu meio-campo. E nestes três jogos da Taça da Liga BNI queríamos observar alguns jogadores pouco utilizados e descansar aqueles que estavam a fazer jogos domingo-quarta-domingo. Não porque não queríamos ganhar, mas era importante observar os jogadores que contratamos e os pouco utilizados, considerando que temos um plantel reduzido”, argumentou.
Reforçou que no domingo passado, frente ao Costa do Sol, o Estrela Vermelha estreou cinco jogadores, dos quais dois são juniores. “Tínhamos de saber com quem contamos para o nosso grande objectivo que é o Moçambola. É claro que todos querem ganhar, os adeptos, sócios e direcção estão um pouco preocupados em termos de resultados, mas nós não estamos preocupados, sabemos qual é o nosso objectivo. Quando retomar o Moçambola, no nosso primeiro jogo, em Lichinga, ai vamos ver qual é realmente o valor do Estrela Vermelha. Não concordo que estejamos mal”.
No entender do técnico, a equipa estará mal em caso de derrotas com o Desportivo de Niassa, 1° de Maio de Quelimane e Desportivo de Maputo. Aí será preocupante porque são equipas do mesmo campeonato. Com essas equipas é imperioso pontuar para terminar a primeira volta acima da actual posição.
ÁRBITROS EM BOM NÍVEL
O balneário “alaranjado” adoptou um comportamento particular relativamente ao desempenho dos árbitros, que consiste em manter a concentração no desenrolar do jogo independentemente de eventuais erros dos árbitros nas suas decisões.
Chaquir defende que não se intrometer no trabalho dos árbitros é um passo em frente porque a equipa não perde concentração no que pretende.
“Por mais que o árbitro tenha tomado uma decisão errada, os jogadores devem preocupar-se em defender bem porque o árbitro não marca golos. Se se assinala uma falta e não defendemos, nos desconcentramos, vamos sofrer golos. O lema aqui é apitou, bem ou mal, devemos nos manter concentrados no jogo. Não temos tido problemas com os árbitros. Nos últimos jogos da Taça da Liga BNI tivemos arbitragens excelentes e acredito que continuaremos com este nível no Moçambola”, sublinhou.
Não sinto impacto
dum treinador-sombra
A entrega do martelo a Chaquir Bemat para comandar o Estrela Vermelha, no início da época, mereceu discussões a vários níveis, até porque o antigo treinador, Manuel Casimiro, já anunciara que entraria no “Guinnes-book” como primeiro treinador negro a ter um adjunto branco.
Para sua infelicidade, Manuel Casimiro ainda não entrou no livro de recordes. O técnico Chaquir não passou ao lado daqueles momentos, mas frisa que nunca sentiu o cheiro dum treinador-sombra na equipa.
– Só comecei a trabalhar porque o que falei com a direcção do clube não tinha nada a ver com aquilo que vinha nos jornais. Portanto, em nenhum momento senti essa sombra, só me apercebi que havia especulações envolta do assunto do treinador do Estrela Vermelha. Aqui dentro do Estrela Vermelha não havia isso.
Sem apontar nomes, o técnico assume ser normal existirem técnicos que aspirem treinar um clube como Estrela Vermelha, por isso, o mais importante é saber lidar com esse tipo de situações.
– Sem pressão o futebol não teria o gosto que tem. Há pressão para os jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes. Não vais trabalhar num clube que não existam treinadores com esperança de vir a treinar. Houve e há muitas coisas que se dizem lá fora, mas dentro do Estrela Vermelha estamos tranquilos. Estou focado em dar o melhor de mim e se falhar terei o discernimento de dizer que não consegui. Portanto, o importante é continuar a trabalhar para conquistar o objectivo do clube.
Texto de Custódio Mugabe
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