O Seleccionador Nacional de Futebol, Hélder Muianga “Mano-Mano”, está literalmente desolado após a derrota histórica infligida aos “Mambas” pelas Maurícias por um a zero em desafio a contar para a segunda jornada do Grupo H de qualificação à fase final do Campeonato Africano das Nações (CAN) agendado para o Gabão em 2017.
Na ressaca da segunda derrota em outros tantos jogos, Mano Mano afiançou ao domingo que esperava mais atitude e empenho por parte de alguns integrantes dos “Mambas” que evoluem noutros campeonatos diferentes do “Moçambola”.
Sem atirar ainda a toalha ao chão relativamente ao objectivo de marcar presença no Gabão, o técnico moçambicano assume claramente que a meta está agora mais do que comprometida depois de perder seis pontos com os adversários teoricamente mais acessíveis, nomeadamente Ruanda e Maurícias, curiosamente com o mesmo resultado de um a zero.
Mano Mano diz ainda que nas Maurícias o conjunto moçambicano não se ressentiu da falta de jogadores como Simão Mathe Jr., Ricardo Campos ou Ronny Marcos, porque os que actuaram tem qualidade bastante para fazer muito melhor do que demonstraram ao cabo dos 90 minutos da contenda.
Mister, pode nos explicar por que não marcamos golo nas Maurícias?
Não marcamos por causa da nossa doença. Depois de controlar o jogo e fazer tudo nos primeiros 45 minutos, voltamos a claudicar na finalização. Foi uma das razões que piorou a nossa prestação. Criamos muitas oportunidades e não concretizamos, o adversário ganhou confiança e fez um golo. É verdade que eles pouco fizeram para merecer o golo, mas conseguiram e souberam fechar-se.
Pareceu-nos que os “Mambas” estiveram confiantes demais?
Depois de ter feito uma boa primeira parte, a equipa sentiu um pouco que o jogo estava fácil, na segunda parte entrou com excesso de confiança, julgando que duma ou doutra forma chegaria ao golo. Não foi o que aconteceu e quando tivemos que recuperar a confiança a equipa já não conseguiu reencontrar-se.
Sentiu falta de alguns jogadores como Simão, Ronny Marcos ou Reginaldo?
Penso que os jogadores que tínhamos, nos seus melhores dias, conseguiam resolver o jogo. Não sentimos falta de ninguém. Não foi por falta de Simão ou de Ronny. É verdade que são jogadores com outra qualidade, mas tínhamos equipa para ganhar. É verdade que nalgum momento esperávamos que jogadores mais experientes dessem mais, mas isso não aconteceu. A equipa perdeu confiança e acabamos perdendo o controlo do jogo.
Nalgum momento sentiu a falta dum líder no campo?
Sim, isso podemos dizer. Faltou um líder dentro das quatro linhas que era para segurar as pontas nos momentos em que devíamos ter mais calma, mais paciência e continuar a fazer o nosso jogo. Não apareceu. É certo que tínhamos jogadores que militam em grandes campeonatos, experientes, de carreira na própria selecção que são casos de Miro, Domingues, Momed Hagy, Mexer ou Zainadine, que podiam assumir e aparecer como líderes.
Gostou da atitude da equipa?
Para ser sincero, eu esperava mais, principalmente na segunda parte. Depois de estar a perder por um a zero faltou-nos um pouco de garra, de ousadia, tínhamos que querer mais. Estando a perder, o grupo devia ter demonstrado mais vontade de dar a volta à situação. É verdade que temos experiências negativas desse tipo de situações. Quando entramos a perder dificilmente conseguimos dar a volta, mais uma vez provamos que nessa situação não conseguimos ser nós próprios.
O povo comunga que perder com as Maurícias é uma vergonha. Qual o seu comentário?
Não jogamos totalmente mal e em vários momentos até dominamos o jogo. Maurícias em nenhum momento controlou o jogo, eles não fizeram um jogo bonito mas ganharam. Sabemos que muitas das vezes é preferível jogar feio e ganhar o jogo. Tivemos uma primeira parte boa, tentamos chegar ao golo, falhamos muito, tivemos várias situações para finalizar, podíamos ter saído a ganhar por três golos. Foi daquelas situações que encaixam na máxima de que quem não marca sofre.
Concorda que este é o momento de atirar a toalha ao chão e esquecer o CAN do Gabão?
Temos ainda mais quatro jogos por fazer, claramente que são os mais difíceis. Temos a seguir dois jogos com o Gana, em casa e fora, e penso que ficou muito mais difícil, mas não impossível. O jogo com o Gana é muito importante para nós, não podemos deitar a toalha ao chão, temos mais quatro jogos, vamos acreditar. Temos que levantar a cabeça e acreditar que tudo é possível. Veja que Suazilândia que era tida como selecção mais fraca do seu grupo neste momento está em primeiro, é possível darmos a volta, mas a verdade é que claudicamos com o Ruanda e as Maurícias.
Devemos mudar de atitude
Em relação aos próximos jogos com o Gana entende que há muita coisa a mudar?
Temos que mudar a atitude, temos que ser mais sérios, principalmente os jogadores que evoluem no estrangeiro devem vir com vontade de ajudar e dar mais. Não podemos levar as coisas de ânimo leve, temos que ter vontade, disciplina. É o que nós vemos pelo Mundo fora, o Cristiano Ronaldo e Messi são mais-valias nas suas selecções, vão lá para aumentar alguma coisa no grupo, também temos que ter isso.
Sente que os nossos principais jogadores não deram o que era esperado?
Ficamos com o sentimento de que podiam dar mais e podem dar mais. Não falo apenas do jogo com as Maurícias. No jogo com o Ruanda, por exemplo, e noutros que tivemos resultados bons, pensamos que alguns jogadores podiam ter dado mais. É preciso encararmos os jogos com maior seriedade. No futebol não há fracos, temos que mostrar dentro do campo que os outros são mais fracos que nós. A equipa de Seychelles que perdeu connosco em casa com números gordos agora empatou com a Etiópia, o que não era previsto. Cada jogo tem a sua história. Temos que encarar as coisas doutra forma. Depois de ter boa entrada no jogo, sentirmos as fragilidades do adversário, adormecemos um pouco. Temos que dar o nosso máximo para obter um bom resultado.