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Dinis: um campeão infeliz

Por admin

Quem é o novo campeão nacional masculino dos 100 metros?

Sou Dinis Mavie e tenho 20 anos. Sou atleta do Matchedje de Maputo.

Que avaliação faz da sua participação no campeonato nacional?

Sou campeão dos 100 metros seniores, mas não estou totalmente feliz porque não consegui atingir a minha melhor marca de 10.79 segundos que alcancei na Suazilândia. Estou feliz por ser campeão, mas não totalmente.

Quando obteve a sua melhor marca?

Em Maio deste ano, numa competição que participaram atletas de vários países.

Como começou a praticar o atletismo?

Comecei na Escola Primária no bairro T3 com meus colegas e professores. Eu treinava futebol e os professores viram que dava para eu fazer atletismo. Em 2011 participei nos Jogos Escolares da província do Maputo e ganhei uma medalha de prata na prova de 100 metros. Foi nessa altura que o treinador Fakir convidou-me para treinar no Matchedje. Meu pai não queria que treinasse atletismo.

Vai continuar no Matchedje?

Não está garantido, posso sair do clube porque não me ajuda em nada.

Quem é o seu treinador?

Stélio Craveirinha.

Afinal ele é do Matchedje?

Ele treina atletas de vários clubes. Escolheu-me como um atleta bem capacitado tecnicamente, está a ajudar-me muito para a minha evolução e agradeço imenso por isso.

Por que escolheu 100 metros?

Não escolhi, os treinadores entenderam assim e o Stélio Craveirinha também concorda que minha velocidade é para 100 metros do que 200 ou 400 metros.

Qual é o objectivo quando corre em provas de 200 metros?

Corro mais para ganhar velocidade para os 100 metros e também resistência. Aprecio também 400 metros planos.

O que achou da competitividade no campeonato nacional?

Corri com os melhores das províncias. Encontrei-me com o Kuzanai, da Beira, e o Juvêncio, do Ferroviário de Maputo. São ambos grandes adversários.

O campeonato foi bem organizado?

Sempre pedimos a máquina eletrónica para fazermos os tempos mínimos reconhecidos pelas federações internacionais, mas nunca tivemos. Assim torna-se difícil. Desta vez tivemos o cronómetro eletrónico e espero que continuem a usar nas próximas provas.

Que desafios se colocam para o futuro?

Agora é trabalhar muito para obter os mínimos dos Jogos da Lusofonia do próximo ano. Ainda não conheço o tempo mínimo que será exigido. Retomo os treinos no dia 20 de Setembro ainda sem clube definido. Meu grande objectivo é representar Moçambique nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

É um objectivo fácil de atingir ou nem por isso?

Fazer o tempo mínimo olímpico não é fácil; é necessário participar em muitas competições, aqui no país não há incentivos, será necessário sair para o estrangeiro, participar em cinco a dez competições e ai penso que posso conseguir.

Onde busca sua inspiração?

Inspiro-me no Yohan Blake, da Jamaica, pelo estilo dele fora da pista e também altura.

É baixo, esta altura não atrapalha para o atletismo?

Tenho 1,60 metros. A altura não constitui obstáculo, não é preciso altura para ser campeão, o importante é correr e boa preparação.

A modalidade está a progredir em Moçambique?

Nosso atletismo está muito baixo por falta de incentivos. A federação não olha por nós. Pedimos a pista e só agora nos cederam. A máquina eletrónica só foi cedida agora no campeonato, isso complica todas nossas expectactivas.

Teus pais continuam contra a prática do atletismo?

Já aceitam que eu pratique o atletismo e me incentivam. Toda família me ajuda.

O que faz para além do atletismo.

Concluiu a 12ª classe e agora estou a frequentar a escola de condução.

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