As contas do Conselho Nacional do Desporto (CND), órgão consultivo do Governo, representativo do movimento associativo, dotado de personalidade jurídica e autonomia administrativa, poderão
ser auditadas para se provar se tem havido ou não boa gestão dos fundos alocados pelo Estado, soube domingo de fontes internas.
Nos últimos tempos tem havido sinais de inoperacionalidade daquele órgão, constatando-se que a sua direcção não tem funcionado como tal, com cada um a preocupar-se em si mesmo e não em garantir, no quadro geral, a harmonização e acompanhamento do desenvolvimento desportivo, tendo em atenção as politicas do Governo no domínio do sector, conforme preconiza o Regulamento da Lei do Desporto.
Uma possível auditoria, por iniciativa interna ou do Ministério da Juventude e Desportos (MJD), às contas do CND, não pode ser entendida como perseguição aos actuais timoneiros do órgão, que por sinal não se entendem.
As queixas de Cremildo Gonçalves, vice-presidente, serão investigadas. O presidente Eugénio Chongo estava a orquestrar o afastamento de Cremildo Gonçalves, numa altura em que se preparava a realização da X Assembleia Geral, que deveria acontecer nos dias 8 e 9 de Agosto, na Cidade de Inhambane.
O actual presidente de direcção, Eugénio Chongo, fizera tudo para impedir que José Meque renovasse seu mandato, substituindo-o, curiosamente com ajuda da pessoa que hoje teme que o vença, caso decida candidatar-se para o escrutínio de Inhambane, que visava a renovação dos órgãos directivos.
O caso do CND já era do conhecimento da entidade máxima que supervisiona as actividades desportivas no país, mas nunca se fez questionamento directo do seu funcionamento à espera que o tempo o fizesse, talvez porque os seus agentes, por uma questão de camaradagem, não quisessem pôr em causa a liderança de Chongo.
A gestão pouco transparente do órgão é do conhecimento do MJD, dai que na sexta-feira, dia 3 de Agosto, nas instalações do Comité Olímpico de Moçambique, tenha havido um encontro que reuniu Eugénio Chongo, presidente, Cremildo Gonçalves, vice-presidente, e Gil Carvalho, relator, o que não vinha acontecendo.
Nessa reunião, organizada e presenciada por António Munguambe, director geral do Instituto Nacional do Desporto – INADE – que acumula com as funções de Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Promoção Desportiva, pretendeu-se acabar com as diferenças que dividem o presidente do vice-presidente, já que o relator Gil Carvalho sozinho não conseguia convencer os dois a se sentarem na mesma mesa para se ultrapassar o diferendo instalado que deixou o CND em ebulição silenciosa.
Nesse encontro de 3 de Agosto houve um pouco de lavagem de roupa suja, conforme nossas fontes, e tudo indica que a desavença entre os dois dirigentes terá sido ultrapassada para uma boa imagem do CND. Nada deveria ser tornado público.
Foi nesse encontro que se decidiu pelo adiamento da Assembleia-geral de Inhambane, talvez para que até a eleição de novos corpos directivos nada justificasse a injecção de novo sangue naquele órgão, tal com vem precisando.
Antes que uma auditoria descubra aquilo que não se quer que seja do conhecimento público, há todo um esforço de se apagar tudo que está mal para se voltar à falsa situação de que tudo anda bem no CND.
Não é por acaso que “a bomba”, conforme uma mensagem que erradamente veio cair no nosso telefone celular, desceu para a análise do Conselho Consultivo do órgão, constituído por Domingos Langa, Ludovina Oliveira, Cossa e Bai Bai.
Aliás, nessa mensagem, a situação actual do CND é descrita de “muito grave!”, sustentada com a afirmação de que “a direcção não se entende”, motivo do adiamento da Assembleia-geral.
De recordar que a Federação Desportiva dos Estudantes do Ensino Médio e Superior (FEDDEMS) endereçara uma nota ao CND a solicitar o seu assento que alegadamente estava sendo ocupado por Cremildo Gonçalves.
Sem seguir os procedimentos legais de atribuição e perca de assento no CND, Chongo julgou procedente a solicitação da FEDEEMS e mando comunicar ao Cremildo Gonçalves que perdera assento e que na duvida deveria aproximar aos àquela federação estudantil, presidida por Benjamim Pita Manhanga, que o substituía imediatamente.
Cremildo Gonçalves, sentindo-se traído por Eugénio Chongo não gostou da “brincadeira”. Prometeu tudo fazer para que os moçambicanos passassem a conhecer a verdadeira face do CND.