Célia é capitã da selecção nacional desde 2011, quando a Cidade de Maputo acolheu a décima edição dos Jogos Africanos. Actualmente defesa central da equipa do Paradise, não encontra justificação plausível para a decisão anunciada pela direcção da FMF.
– Jogo na selecção desde 2007 e de lá para cá noto que evoluímos, não é porque uma selecção mal preparada foi goleada na Tanzania que a federação nos devia abandonar. A federação devia ajudar-nos a melhorar, jogando, ao invés de nos abandonar.
A atleta entende mesmo que uma paragem de dois anos só pode precipitar o decréscimo dos actuais resultados“porque mesmo agora não competimos regularmente com selecções estrangeiras e isso influencia no nosso rendimento”.
– Não adianta jogar só nos clubes sem selecção nacional. A direcção da federação devia dar o seu máximo para depois nos exigir resultados, do nosso lado vamos continuar a trabalhar para melhorar, por isso esta decisão não é correcta.
No entender da capitã da selecção nacional, a falta de jogos de controlo tem sido determinante para os resultados internacionais. Para além disso, o período de concentração das atletas tem sido escasso, como a seguir argumenta:
– Algumas atletas chegam das províncias na véspera dos jogos, a faltarem dois ou três dias, assim é difícil formar um conjunto. É importante o presidente da federação tirar da mente que não podemos fazer nada, que não prestamos.
A nossa entrevistada defende que não faz sentido uma selecção nacional treinar-se durante seis meses no campo do 1° de Maio sem, no entanto, competir para avaliar o seu próprio estágio.
Recorda que nos Jogos Africanos, depois de uma preparação razoável, Moçambique esteve a um ponto das meias-finais, tendo perdido frente à Argélia.
“Nunca antes tínhamos conseguido similar resultado, por isso é difícil perceber com que base a federação tomou a decisão de suspender o futebol feminino das competições internacionais”, anota.
A jogadora entende que “a federação devia aumentar o apoio que concede às equipas e atletas. Eu, por exemplo, sou professora de educação física porque a federação ajudou-me, devia fazer coisas semelhantes com outras atletas”.