O Vice-ministro da Juventude e Desportos, Carlos Sousa “Cazé”, considera que a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) está a trabalhar mal, daí o fraco desempenho
nas eliminatórias de qualificação aos campeonatos africanos.
Numa altura em que inicia a época futebolística 2013, domingo abordou o Vice-ministro Carlos Sousa “Cazé” para visitar o ano passado, marcado, a nível do futebol, pelo fracasso dos “Mambas” no acesso ao CAN da África do Sul.
O político, desta vez, não optou pelo discurso político, colocando o dedo na ferida, vale dizer, no (não) funcionamento do Gabinete Técnico da FMF.
–Claramente a Federação Moçambicana de Futebol não está a trabalhar bem e isso, infelizmente, traduziu-se na nossa queda sistemática no ranking da FIFA. Quer queiramos, quer não, este é um termómetro objectivo que nos avalia, atirou o governante.
Por isso, no entender de Cazé, “é necessário trabalhar mais, que a própria federação olhe para dentro e encontre um mecanismo de resolver as questões para possibilitar que de facto possamos melhorar a classificação; ainda temos as eliminatórias para o Campeonato do Mundo 2014 e o CAN Interno, também em 2014, são desafios que a federação tem de enfrentar”.
Porque não nos sentíamos saciados com a tese de Cazé, perguntámos-lhe em que dimensões a direcção de Feizal Sidat estava a falhar, se na distribuição de bolas, nos prémios de jogo ou mesmo nos escalões de formação. A resposta é a que se segue:
–O Gabinete Técnico da Federação não está a funcionar. Já o disse, por várias vezes, quando a direcção da Federação tomou a liberdade de despedir Augusto Matine, não devia ter parado com o projecto, porque está desenhado e escrito. Com Augusto Matine ou sem Augusto Matine, com quem quer que seja, há um projecto iniciado que não devia ter sido interrompido. Essa interrupção criou este abismo que estamos a ter.
O nosso entrevistado defende que há várias iniciativas de formação e captação de talentos, mas, globalmente, não têm tido o devido aproveitamento por parte dos dirigentes máximos do futebol nacional. Por isso, observa:
–Nós trabalhámos durante anos, mesmo com o projecto FUT-21, adoptámos como detectar talentos, como prepará-los para a competição, e isso foi abandonado. Esta é a questão central, o Gabinete Técnico da Federação não está a trabalhar em condições, deve corrigir o que está mal e nem há que inventar porque o projecto está escrito e estávamos a trabalhar nesse sentido. A direcção da federação é que deve corrigir o que está errado.
ANO POSITIVO, APESAR DOS “MAMBAS”
“Cazé” faz uma avaliação positiva do ano desportivo de 2012, realçando a participação de Moçambique nos Jogos Olímpicos de Londres, Jogos da CPLP, Jogos do SCASA, extinção do COJA, entre outros.
O dirigente destaca a aprovação do estatuto do atleta de alta competição como uma vitória importante para o futuro.
–Em 2012 aprovámos dois importantes instrumentos, um é o Estatuto do Atleta de Alta Competição, que vai permitir que tenhamos o enquadramento legal do apoio financeiro a atletas medalhados, e foi também marcado pela continuidade da Missão Moçambique, numa fórmula de trabalho sustentável.
O Vice-ministro da Juventude e Desportos explicou que o Estatuto do Atleta de Alta Competição vai estimular que mais atletas cheguem a medalhas, porque se vão beneficiar de melhores condições de treinamento e estudos.
Relativamente à Missão Moçambique, a iniciativa tem demonstrado no terreno a experiência acumulada nos Jogos Africanos, o que contribuiu decisivamente para os resultados alcançados nos Jogos do SCASA.
Através da Missão Moçambique, e em coordenação com o Comité Olímpico de Moçambique e também com apoio de brasileiros, já estamos a preparar os Jogos Olímpicos de 2016 e de 2020, tudo para nos permitir que alarguemos o nosso número de atletas, porque concordamos com o Chefe do Estado quando diz que cinco atletas é muito pouco para Moçambique nos Jogos Olímpicos – observou.