Desenvolver hábito de automedicação, sem nunca ter sido diagnosticada doença concreta em exames médicos, pode revelar-se sinal de uma patologia ainda pouco conhecida pelos moçambicanos. Estamos a falar de hipocondria.
Hipocondria é estado psíquico no qual a pessoa acredita que padece de uma doença grave, mesmo sem diagnóstico médico.
Estudos feitos revelam que esta crença costuma estar associada à um medo irracional associado a ideia de que pode levar a morte.
Para se afirmar que determinado indivíduo revela sinais de hipocondria, não basta ter a evidência de medo sintomático, sendo, também, necessário que este quadro se reproduza por um período de seis meses no mínimo, segundo explica Sarmento Pensamento Govene, psicólogo clínico.
De acordo com Govene a crença, embora irracional, de que se padece de alguma enfermidade grave, algumas vezes pode estar associada à algum facto vivido na infância.
“Existem casos de hipocondria cuja génese está na infância. São casos em que , por alguma negligência ou maus tratos de crianças pelos pais ou educadores, leva os menores a “inventarem” dores como forma de ganhar alguma atenção especial ou afecto. Com o tempo eles vão adoptando este comportamento inconscientemente até a idade adulta, chegando a ponto de se automedicarem, explicou o psicólogo.
De acordo com o nosso entrevistado, para além de acreditar na doença, um hipocondríaco reconhece a presença de sinais ou sintomas das mais variadas patologias no seu próprio corpo e tem a tendência de buscar doenças graves como diabetes, acidentes vasculares cerebrais, entre outras.
Um hipocondríaco é capaz de subir as escadas e, ao perder algum fôlego, afirmar que o aumento da intensidade respiratória é um dos sinais de que possui problemas respiratórios graves; Pode ter uma dor de cabeça e afirmar que padece de cancro do cérebro, pois são pessoas que tendem a potenciar mais ainda o que dizem sentir. Elas buscam informação sobre as doenças, argumentao psicólogo clínico.
Outro sinal apresentado por pessoas que padecem de hipocondria é a tendência de pôr em causa o resultado dos exames médicos, o que faz com que recorram à vários exames em instituições diferentes na esperança de verem diagnosticada a doença que acreditam ter.
Aliás, é por desacreditar nos resultados dos exames, que estes têm recorrido a automedicação como forma de criar em si conforto e sensação de melhoria.
O PERIGO DA AUTOMEDICAÇÃO
Para o médico clínico, o maior perigo está na necessidade que estes sentem de tomarem medicamentos para aliviar a suposta dor. A automedicação constitui o maior risco, uma vez que esta pode ter efeitos colaterais e provocar até uma intoxicação. E pior é quando se faz uma combinação de medicamentos intolerantes, o que pode ter consequência irreversíveis.
Entretanto, para o tratamento de hipocondríacos, a psicologia recorre à terapia cognitiva comportamental, que se focaliza na crença e pensamento por forma a desmistificar a realidade criada pelo indivíduo.
Por Luisa Jorge