Moçambique é um país em construção. Em todos os domínios. Político, económico, social, cultural, desportivo, enfim. Tem obras de toda a espécie, incluindo a construção do próprio cidadão moçambicano, através da Educação, sem a qual nenhuma nação no mundo pode erguer a cabeça para ver o que há para lá das trevas da caverna da ignorância.
Vem toda esta prosa a propósito da construção da Estrada Circular de Maputo, obra que ainda está em curso, mas que começa a dar sinais de precisar de ser reabilitada por causa do comportamento de uns e outros que não conhecem os seus limites quando estão lúcidos. Pior quando engolem o famigerado “três-cem”.
Na chamada Secção-1, que vai do Hotel Radisson até à ponte de Costa do Sol, os trabalhos caminham rapidamente para o seu término. O asfalto está lá, os separadores de faixas foram montados, a sinalização, ainda que provisória, fala por si. É uma estrada de verdade que atravessa o meio urbano, o que para os automobilistas equivale a dizer que a velocidade máxima não pode superar os 60 quilómetros horários.
Bula-bula, que também se faz de condutor de automóveis, assiste com o coração apertado ao espectáculo inebriante que alguns motoristas entendem fazer quando estão naquela via. Aceleram como nunca o fizeram nas suas vidas e vão contra os lancis construídos nas rotundas, separadores de faixas e passeios. Rebentam-nos.
Na mesma senda, de velocidades descabidas, alguns mais certeiros, vão contra os novos postes de iluminação pública e deitam-nos abaixo. As viaturas ficam em cacos, os passageiros ficam feridos para o resto da vida, os peões se sentem ameaçados. É um vê se te avias.
A Empresa de Desenvolvimento de Maputo-Sul, que está encarregue de tornar a Estrada Circular uma via aprazível entendeu colocar protectores para os postes de iluminação. Uns maciços de betão conhecidos por New Jersey. Alguns facebookers torceram o nariz porque, do alto da sua razão, entendem que aqueles pedregulhos ameaçavam a vida dos automobilistas que querem esbarrar contra os postes.
O ponto é que a obra vai seguindo o seu rumo com os destruidores do bem público a virem por trás para fazer das suas. Partem e fogem. Aleijam, matam e não assumem. É a batalha da razão contra a ignorância.
Só neste semestre, a Electricidade de Moçambique (EDM) já gastou mais de sete milhões de meticais para repor postes derrubados nas principais cidades. Durante o ano passado, aquela empresa torrou 25 milhões para o mesmo fim. O pior é que, geralmente, o derrube de um poste implica o corte de fornecimento de energia para o bairro mais próximo. E todos reclamamos.
Pelo andar da carruagem, a “Maputo-Sul” deverá começar a reabilitar a Estrada Circular que ainda está a ser construída e que aguarda pelo corte da fita. Seremos os únicos no mundo a trilhar por essa via. Reabilitar uma obra em construção. Isso se faz?