As escolas de Maputo nem sempre têm sido oficinas de virtudes, a julgar pela denúncia de que alunos têm recorrido ao uso de bebidas alcoólicas no interior dos recintos escolares. Bula – Bula,
que ainda não conseguiu importar um “dubaizinho” que seja, tem feito autênticas maratonas todos os dias e testemunha, quase diariamente, essa triste realidade.
Há dias, Bula – Bula passou por uma escola secundária na cidade de Maputo. Fora lá ter acompanhando um amigo que ia participar numa reunião destinada aos encarregados de educação. Tema: consumo de bebidas alcoólicas no recinto escolar. Inquietante.
Coincidência ou não, este tema há muito que vinha preocupando ao Bula Bula que, há coisa de mês e meio teve que dar uma ajudinha a um estudante – na casa dos 14, 16 anos de idade – que mal se conseguia aguentar sobre as pernas de tão ébrio estar. O referido aluno, de uma escola primária, sublinhe-se, mal conseguia dizer para onde ia… e já tinha caído umas tantas vezes a julgar pelo maus estado do seu uniforme.
Se o tema não era novo, novas foram as revelações que chegaram ao Bula – Bula. Na referida reunião, foi revelado que o consumo de álcool nas escolas está em crescendo. Que há cada vez mais alunos e cada vez mais novos de idade a consumirem bebidas alcoólicas. Afinal as condições objectivas para esse efeito estão criadas.
Ao largo das escolas, fácil é notar a presença de vendedores ambulantes que comercializam preferencialmente alguns produtos alimentares… e é também lá que alguns alunos vão adquirir as bebidas, conforme confidenciaram ao Bula – Bula…
“Por vezes tenho visto alguns colegas que compram bebidas aos ambulantes” disse uma estudante, que explicou que a forma de os estudantes escaparem ao controlo dos professores e dos guardas do estabelecimento, é recorrerem às latas de refrigerantes para onde transferem as bebidas.
A bebida de maior procura por parte dos alunos é a cerveja seguida da mistura de whisky com Coca-Cola. Mas os alunos preferem trazer as bebidas de casa para consumi-las nas escolas Como resultado dessas práticas, têm sido verificados alguns actos de indisciplina por parte dos alunos, que têm resultado em brigas entre grupos opostos de estudantes.
O mais surpreendente nisto tudo, como aliás fez questão de dizer o director daquela escola, é que agora – quanta imaginação – para escaparem do cerrado controlo, os alunos adoptaram uma nova estratégia: compram bebidas alcoólicas – preferencialmente aquelas bem baratas e que mais pancada dão – e depois despejam o conteúdo das mesmas em enormes pães que ficam assim empapados. Depois metem-nos – os pães alcoolizados – nas respectivas lancheiras. Consequência: os professores vêm estudantes comendo sanduíches que afinal são reservatório de álcool. Minutos depois os alunos estão bêbados.
Bula –bulabem que tentou descortinar uma solução mas está difícil… não se pode andar a “checar” o lanche dos alunos de uma escola inteira mas alguma coisa deve ser feita. AS autoridades ligadas à prevenção e combate à droga da cidade de Maputo reconheceram ontem um significativo aumento de consumo de bebidas alcoólicas nas escolas da urbe. O assunto preocupa a Bula Bula que já está a começar a piscar os olhos com os vapores da lancheira de um colega… será que o truque do pão alcoolizado já se espalhou assim?
