Os sabichões dizem que quando dois elefantes lutam, o capim é que sofre. Bula-bula tem de concordar com esta máxima por causa de um pobre cidadão que foi apanhado no fogo cruzado entre o dever e a lei de sobrevivência.
A história tem a ver com a morte de 5 reclusos, na província da Zambézia, quando tentavam fugir da penitenciária do distrito de Milange. A confusão instalou-se quando se servia o jantar, e um grupo numeroso de reclusos tentou fugir. Na altura dos factos, apenas um agente garantia a segurança da cadeia.
Como é tradição entre nós, uma comissão de inquérito foi logo organizada para “apurar a veracidade dos factos” e, naturalmente, “apurar responsabilidades” para posterior “tomada de medidas”.
Até aqui, tudo bem. O que deixa Bula-bula atónito com tudo isto é que parece que se quer sacrificar o pobre agente que deu os tiros. Matar é sempre um acto condenável… melhor até dizer que nada ou quase nada justifica o assassinato de alguém. Nisso estamos de acordo, mas vamos lá falar: um agente para controlar mais de 200 gajos é muita fruta.
Por mais competente que seja, um homem sozinho e armado é capaz de ter dificuldades sérias para gerir 10 homens zangados, quanto mais 200… aqui, parece que se quer transformar o agente num bode expiatório ao invés de se apurar as verdadeiras responsabilidades.
É que parece que o problema está no topo da cadeia de comando. Aquele agente pouco ou quase nada poderia fazer diante de uma turba enfurecida. Bula-bula não está a defender os tiros do homem, mas vamos lá combinar que qualquer um com uma arma faria alguma coisa para se defender ou pelo menos para assustar os “zangadões”.
Parece, aos olhos de Bula- -bula, que os elefantes estão a bater-se e o agente é o capim da vez… mas que é estranho isto tudo, lá isso é: como se explica que uma cadeia tenha só um agente de segurança? Moçambique anima!